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UM ANO ANTES

Quando alguém te pede para listar as coisas que vêm à sua cabeça quando alguém diz "Califórnia", a cidade de Sacramento não vem sequer entre os dez primeiros itens. É a capital do estado, sim, mas não seria de longe uma das mais conhecidas das cidades para quem é de fora.

Talvez, no entanto, Sacramento poderia estar entre as primeiras coisas que vêm à cabeça de um médico no surgimento do tópico "Califórnia". Mais especificamente o Hospital Presbiteriano de Sacramento, dono do maior centro cirúrgico da região dos estados do Pacífico e maior hospital escola da Região Oeste.

Não seria presunçoso dizer que todo estudante de medicina do país almejava uma chance de ingressar no programa de residência do hospital, que recebia cerca de cinquenta novos médicos por ano e exportava pelo menos dois terços desse número para grandes hospitais como Harvard, Hopkins, Cleveland e Columbia.

Era de se esperar, então, que aqueles que conseguissem a tão sonhada vaga no Presbiteriano fossem nada menos do que os melhores no que faziam. Que fossem capazes de despertar nos superiores a esperança de uma boa leva de médicos em formação. Que, no mínimo, honrassem o fato de terem conquistado uma vaga disputada por outras 59 pessoas, tamanha era a procura. Era de se esperar que eles fossem qualquer coisa diferente de... Bem...

Estúpidos! – Kendra Beaufort bradou, arrancando uma risada contida do superior ao seu lado. – Estúpidos, inúteis, completamente imbecis! Eu não acredito que sonhei com o dia em que receberia meus internos e acabei recebendo a turma mais inacreditavelmente incompetente que esse hospital já viu!

– Respire, Doutora – o médico mais velho ao lado da loira sugeriu enquanto ajeitava as luvas descartáveis que, junto ao avental de TNT amarelo, completavam o uniforme da emergência. Estavam aguardando uma ambulância que deveria chegar nos próximos cinco minutos, mas quatro das cinco pessoas que deveriam estar fazendo companhia a eles haviam corrido na direção oposta menos de um minuto atrás. – Eles são internos, eles estão aqui para errar.

– Doutor Jepsen, com todo o respeito. – A mais nova limpou a garganta contendo a vontade de gritar. – Eu pedi pra separarem bolsas do doador universal e eles me apareceram com oito bolsas de O+, esse tipo de erro deveria ser inaceitável.

A garota alguns passos atrás dos dois riu baixo, chamando a atenção dos outros dois, que se viraram para encará-la.

– Você tem algo a dizer, Weatherbee? – Kendra questionou, estreitando os olhos na direção da sua interna. Não deixava que falassem muito, e por isso a mais nova apenas negou com a cabeça.

– Ela não fala muito, não é? – Joseph Jepsen, atendente do trauma, perguntou de forma divertida. Assim que Kendra virou novamente para frente, o homem piscou para a interna, que sorriu em resposta.

– Eu não posso deixá-la falar. – Kendra suspirou. – Ou todo mundo vai saber que ela é mais inteligente do que eu.

– Você deveria deixar que os outros aprendam um pouco com ela. Você sabe, o internato deles está acabando e se eles tiverem resultados ruins isso vai cair em cima de você. – Apontou para a loira que se encolheu com o gesto. – Eles são seus alunos, Beaufort, ensine-os.

A residente não respondeu, ponderando sobre o assunto em silêncio. O que a interrompeu foi o toque do celular alguns instantes depois, fazendo com que os três médicos levassem as mãos aos bolsos. Era o de Weatherbee.

Joseph se virou para a interna quando reparou que ela estava demorando um pouco mais do que o necessário para atender a ligação. Iria sugerir ajuda para que ela retirasse as luvas que a impossibilitariam de mexer no touch, mas se deparou com a imagem da garota encarando o próprio celular de forma levemente assustada.

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⏰ Última atualização: Aug 14, 2017 ⏰

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