|Draw Him| pcyeol&bbhyun

Baek

Decididamente eu não gosto de dias frios, chuvosos ou nublados, pois parece que tudo fica em tons de cinza e um azul pálido. Pálido como a cor do meu suéter, que acabei de reclamar por estar uns dois tamanhos maiores que meu número habitual. Dou uma olhadela novamente para a janela levemente embaçada pelo vapor e pelas gotículas de chuvas, soltando um leve muxoxo.

Enquanto um tempo mais acolhedor e quente não chega, posso conceder essa função à minha pequena xícara rosa pastel, presente da criatura que reside no quarto ao lado vulgo Kim JongDae vulgo "meu único melhor amigo". Divido o aluguel com ele, o que me faz dividir esta casa, mas isso não é algo tão ruim. JongDae é agitado e está sempre sorrindo e dando seu típico berro, seja para qualquer tipo de situação.
"Seus berros nunca saem de moda", penso e sorrio involuntariamente, em seguida balançando a cabeça levemente. Volto a me concentrar no caderno mediano em meu colo, enquanto rabisco desenhos que me vêm automaticamente em mente.
Eu gosto de desenhar. Pode parecer clichê, mas acho que desenhar é realmente um dom Divino. Em minhas próprias palavras, acho que o desenho é uma forma que Deus deu para aqueles que não sabem se expressar paralelamente. E assim, recorrem ao abstrato, seja ele um simples rabisco.

Terminei!

Sorri largo para meu desenho (poderia chamar de rabisco?), algo simples e abobalhado como um desenho de criança, assim vejo. Por um momento posso ouvir em minha mente a voz de um JongDae meio irritado, me dando broncas e falando que meus desenhos são lindos. Bem, ele realmente é gentil, não posso culpá-lo de querer manter minha confiança lá em cima de vez em quando.

Geralmente eu desenho coisas que sonho, ou algo aleatório que observo pelos lugares afora, nada muito especial.

Afinal, nada de especial acontece na minha vida monótona. Mas eu gosto assim, pelo menos minha cabeça não fica tão confusa quanto é.

Ah, quase ia me esquecendo! A data que o desenho foi feito!
Levei meu lápis semi-apontado para a borda da página amarelada do caderno e escrevi caprichosamente:

"04 de junho de 2015"

Olho para o relógio da parede, que marca exatamente duas e trinta e cinco de uma manhã de sábado. Sorrio animado, lembrando que finalmente o sábado havia chegado. Sem trabalho, sem nada, apenas fazer nada.

  — Quem sabe posso ir à cafeteria amanhã, no fim da tarde... - digo comigo mesmo, beliscando meu lábio inferior.

E preciso tomar nota disso.
Na mesma página do desenho, escrevo lentamente na borda, com letras pequenas e bem marcadas um simples "ir à cafeteria". Depois fecho o caderno e deixo-o sobre o criado-mudo, apagando a luz do abajur e me cobrindo com meu enorme edredom até o topo da cabeça apenas para ter a sensação que estou numa "mini cabana", e que nada nem ninguém pode me atingir aqui.

Exceto eu mesmo.