Prólogo

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Acordei com uma incomum ansiedade em checar se aquele era o mundo real. Dessa vez, não para fugir de um pesadelo; mas sim, com medo de que a noite não houvesse passado de um sonho. Afinal, não é todo dia que uma ex-atendente de cafeteria acorda na Grand Suite do Four Seasons, em Los Angeles, com um astro de Hollywood dormindo ao seu lado.

Me virei na cama, lentamente, com um único desejo em mente. E, sim, era verdade. Eu havia passado a noite com Jon Ford – ator, diretor e produtor de televisão, vencedor do Emmy e queridinho das câmeras no tapete vermelho –, ele dormia tranquilamente em minha cama king size, a quinze andares do chão; aproveitei para admirar aquela cena por alguns segundos, antes de voltar a dormir – e antes que ele acordasse e sumisse dali sem mesmo que eu pudesse lhe desejar um bom dia.

Nem em meus mais criativos devaneios poderia imaginar algo como aquilo.



No que pareceram poucos segundos após cair no sono novamente, senti um estouro de luz penetrar meus olhos. Alguém havia aberto as cortinas violentamente e falava de forma rápida e sem parar, em um tom de voz muito mais alto do que qualquer pessoa usa para acordar outra decentemente.

Em um primeiro momento, aquilo me pareceu uma emergência. O prédio estava pegando fogo? O apocalipse zumbia havia chegado? Fiz força para que meus sentidos se estabilizassem, para que eu pudesse agir como fosse preciso. Mas, aos poucos, percebi que aquilo parecia mais como uma briga.

Jon ainda estava ao meu lado, seminu, e gritava de volta para a figura em frente à cama:

— Eu não sabia, ok?!

— Jonathan Daniel Ford, eu não nasci ontem! Você não vai fazer isso com ela!

Aquela era a voz de Erick Gray, meu assessor de imprensa. O que Erick estava fazendo ali?

Como eu havia parado ali?

***

"Como eu havia parado ali," é a primeira pergunta que deve ser respondida. E essa é a parte mais fácil – e mais gostosa – de contar!

Acesso L.A.Onde histórias criam vida. Descubra agora