Cap. 28 - Carta Branca

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POV S/N

Puta que pariu, dor de cabeça filha da puta, isso que dá encher a cara noite após noite, bom a culpa não é minha e sim da porra do meu coração que decidiu se apaixonar, por duas ao mesmo tempo. A única coisa que posso fazer é sufocar esse sentimento e a melhor maneira de fazer isso é enchendo a cara até esquecer meu nome e depois transando com uma vadia qualquer, ou duas, como tenho feito ultimamente. Isso explica a puta dor nas costas que estou sentindo e que só piorou quando a água quente do chuveiro caiu sobre ela. Isso tudo está mexendo com a minha cabeça, tenho consciência de que o que eu estou fazendo está completamente errado e está me afundando ainda mais, estou me afundando em mim mesma, me perdendo dentro de mim. Mas não posso e nem quero permitir sentir novamente, abri meu coração uma vez e foi a pior decepção que tive em toda a vida, formou-se uma ferida profunda que ainda tento fechar, mas esse amor, sentimento idiota, que tenho sentido por aquelas morenas me impede de superar 100% tudo isso e tocar minha vida. É como se, olhar para elas fosse um lembrete diário de que ainda sou um ser humano e por mais que tente negar ainda sinto, ainda sou capaz de amar, por mais que eu negue isso, ou melhor, tente negar isso a mim mesma, ainda há amor dentro de mim.

Mais uma manhã trancada em meu quarto, um número incontável de folhas jogadas ao meu redor, o notebook a minha frente, equipamentos de gravação, meu violão e ideias. Sim, são as composições pro novo CD, estou arriscando muito assumindo o trabalho todo praticamente sozinha, mas preciso disso, a música é a última coisa que me resta e minha melhor amiga, estou arriscando também colocando todos os meus sentimentos nessas canções, pra sei la, mesmo que eu negue o que sinto, negue que as amo, la no fundo eu quero que elas vejam e notem o que está passando dentro de mim. Todos os meus medos e minha desilusões estão aqui, nessas folhas jogadas pelo chão, como se fossem um espelho refletido o meu interior. Medo, é o que sinto cada vez que penso em tudo o que venho sentindo, chega um ponto onde a máscara cai e me deixo tomar por todos os sentimentos e sensações que me sufocam dia após dia. Minha postura rígida, indiferente e fria está la para que todos possam ver, mas quando me tranco no meu quarto a pequena S/N vem á tona, tentei mata-la, mas é impossível matar meu verdadeiro eu.

S/N: Medo...medo...do que eu tenho medo? – pergunto a mim mesma, o lápis na mão e a folha a minha frente – de me entregar e quem sabe ser feliz. Então... – depois de alguns segundos consigo formular o nome para uma das canção. Com minha letra torta e desleixada escrevo no topo da folha tal nome. Scared of Happy.

[...]

Nicole: Você está muito aérea hoje – diz a garota se sentando no meu colo alcançando uma garrafa de whisky. Estamos no estúdio, eu a trouxe pra cá, precisava relaxar, mas não estou sentindo tesão nenhum pela garota nua em meu colo.

Apenas flashes de uma certa morena de olhos verdes e uma latina me vem a mente. Isso está me matando, todas as vezes que começo a encher a cara a imagem de ambas me vem a mente, desde aqueles beijos. Caralho, não consigo tirar da memória aqueles lábios macios, quentes e tão viciantes. O pequeno corpo latino em meus braços me abraçando e beijando com delicadeza. O corpo tenso da morena e seu beijo feroz e raivoso, foi mo meio da noite,  perdida em uma dessas lembranças que acabei compondo uma música para elas, sobre elas, sobre o meu desejo de tê-las sob meu corpo, em minha cama. Foi assim que compus Big Bad Wolf, com uma batida sensual e uma letra tão sensual quanto. Ambos os beijos mexeram comigo, me deixaram mais apaixonada do que já estava, porém só de lembrar de tais beijos lembro-me também da frase que ouvi, lembro-me de semanas atrás, quando me senti especial para ambas, que no fundo estavam agindo por pena e não por qualquer outra coisa. Isso me machucou, mesmo sendo uma idiota no fundo tenho meus sentimentos e receber algo por pena é humilhante, ainda mais vindo de pessoas que você gosta. Naquela época, meses após meu término com Hailee eu já começava a entender o que sentia por Camila e Lauren e talvez desde que as vi eu venho, no mais intimo de meu interior, nutrindo algo além por elas. Em todos os momentos que sofri, deixei minha armadura de lado e chorei, até mesmo em minhas crises elas estiveram lá e mesmo sendo nítido o amor entre elas meu coração idiota se iludia aos poucos achando que podia ser algo a mais. No dia em que Camila me deu aquele selinho e dias depois Lauren fez o mesmo me convenci de que talvez pudesse sim haver algo.

Write On Me (Camren/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora