Lembra quando Débora falou que hoje seria uma segunda-feira diferente e muito boa? Pois é... Ela não estava exatamente tão certa assim.Acontece que o professor Collins havia passado uma tarefa semana passada, e, como esqueci o trabalho em casa, cá estou eu na diretoria aguardando o diretor desocupar a sala, enquanto a secretária, Sra. Morgan, me encara com a cara fechada.
-Então Maria... Não fez a tarefa novamente. Quando vai tomar vergonha na cara e fazer os deveres que o professor Collins passa?- a Sra. Morgan diz enquanto masca seu chiclete de boca aberta.
Poucas pessoas me chamavam de Maria. Pessoas chatas. Odeio ser chamada de Maria. Prefiro Mar, por ser mais amigável e casual.
-Bom...Se pudesse me chamar apenas de Mar, eu agradeceria.- Respondo revirando os olhos.
-Você não respondeu minha pergunta...Maria.
-Essa pergunta eu tenho que responder para o Diretor, pra você não devo satisfação nenhuma. Você é apenas a secretária.- Respondo com ignorância.
-Bom... logo logo quem vai virar diretora dessa escola aqui sou eu. Então, se eu fosse você, começava a me tratar com mais respeito.- Sra. Morgan está saindo com o diretor e já acha que manda na escola. Isso me dá tanta raiva.
Finjo que não escuto nada e a ignoro. Começo a tirar o esmalte vermelho de uma das minhas unhas. Já está na hora de pintá-las novamente.
A porta da diretoria se abre e o diretor sai. Junto dele, saem dois pais e um rapaz.
Meus olhos começam a percorrer seu corpo inteiro. Ele está com uma blusa xadresa, uma calça preta e um coturno.
É magro, mas aparenta ter um corpo definido por debaixo daquelas roupas. Suas mãos são fortes, consigo ver veias saltadas nela.
Possui um cabelo estilo degradê, que por sinal fica muito bom nele.
Seus olhos negros, parecem ter um escuridão sem fim, e isso me atrai. Seus lábios, aparentam ser macios.Os olhos do rapaz se encontram com os meus, fazendo eu corar instantaneamente e minhas bochechas ficarem rosadas.
Desvio o olhar e volto a dar atenção às minhas unhas.
- Senhor e Senhora Dalton, se puderem deixar o filho de vocês esperando um momento, para que depois a Maria leve ele à sala, seria bem mais fácil...Pode ser? - O diretor David diz apontando pra mim, e obrigatoriamente eu sorrio cumprimentando os pais do Deus Grego.
Então ele estudaria na minha sala. Isso parece ser ótimo. Uma segunda-feira realmente diferente.
-Por mim tudo bem, o que acha querido?- A mulher pergunta ao marido.
-Pode ser sim diretor David.- o homem coloca uma das mãos no ombro do menino, que sorri logo em seguida.
Que sorriso, em.
Os pais do rapaz se despedem e vão embora. O diretor manda o garoto se sentar e olha pra mim seriamente.
-Maria, por favor, entre na minha sala.
Levanto da cadeira, e entro na diretoria.
Sento e abaixo a cabeça. Não consigo ter coragem de olhar para o diretor.
-Então, por qual motivo ou circunstância está me visitando?- pergunta.
-O professor Collins me mandou aqui. Ele passou uma tarefa semana passada, e esqueci em casa.
-Entendi. Bom, eu não vou anotar isso no seu fichário.- Diz cruzando os braços.
-Não?
-Não. Desde que leve o aluno novo à sala e não arranje mais problemas essa semana.
-Faço isso sim. Obrigada diretor.
-Tudo bem, agora volte à sala e chega de perder aulas.
Saí da diretoria e o diretor David veio logo atrás de mim.
-Peter.- Ele chama o rapaz.
O garoto logo levanta.
-A Maria vai te acompanhar e levar até a sala.
-Ok, sem problema.- O menino responde e sorri.
Saio da diretoria ao lado dele e sinto seu perfume. Era bom. Muito bom.
Começamos a andar no corredor juntos.
-Prazer, Maria... Mas por favor me chama de Mar. Prefiro assim.
-Tudo bem... Mar. Prazer, Peter.
-Você é daqui mesmo ou veio de outra cidade?
-Daqui.- Ele responde e sorri.
O sorriso mais lindo que já vi em minha vida. Estava começando a ficar com as pernas bambas só de ver esse sorriso.
-Escuta...Talvez pudéssemos ser amigos.- Comento com uma grande expectativa.
-Ahm...Acho que não em.- Ele cai nos risos.
-Não entendi. Por que não?- Pergunto confusa.
-Ah, você tem uma blusa da banda 7months. Isso já diz muito a seu respeito. Você provavelmente é sem graça. E com certeza você e sua amizade não me interessam.
O quê? Como ele pode dizer isso de mim? Eu sou muito interessante. Muito divertida. E nada sem graça. Meu senso de humor é ótimo. Ele não pode sair por aí julgando os outros apenas pelo gosto musical.
-Aé? E o que você curte ouvir então?
-Country. Isso é música de verdade.
-Quem curte country? Que péssimo gosto o seu. Aposto que deve ter um violão e ficar tocando por aí achando que é bom.
Já havíamos passado da sala e estávamos no fim do corredor. Mas eu não estou nem um pouco afim de entrar na sala. Prefiro terminar essa discussão.
-É. Pode apostar que eu tenho um violão. E por sinal toco muito bem.
-Quem disse?
-As meninas sempre dizem.- Responde sorrindo, orgulhosamente.
-Só falam isso porque você é bonito. Se não elas nem te dariam bola.
-E você? Se acha a dona das verdades, mas aposto que nenhum cara corre atrás de você, ou toca violão pra você, ou até mesmo fala com você.
Meu queixo cai no chão assim que ouço essas palavras saírem de sua boca. Como ele ousa dizer coisas assim pra mim? E ele estava certo. Eu nem se quer convezrsava com garoto nenhum. Mas acontece que palavras magoam, e essas palavras, me magoaram absurdamente.
-E você que...que..- as palavras não saem da minha boca. Minha mente começa a criar um branco vazio. Não consigo pensar em nada no momento. -A gente passou da sala. Vamos voltar.
Olho para o chão e me viro para trás, afim de voltar.
-Olha garota...Quer dizer, Mar. Escuta, me desculpa por falar isso. Saiu de repente. Não foi a intenção.
-Tudo bem. Não vamos ser amigos mesmo. Nem precisa pedir desculpa.- Digo enquanto ando olhando para o chão.
Ele não diz mais nada. Ficamos em silêncio até chegar na porta da sala.
Bato, e peço licença. O professor vai até a porta e recebe Peter, que vira o centro das atenções e como esperado, chama a atenção das garotas.
Ao fim do dia, volto para casa, em silêncio, sem tirar da cabeça o que ele havia me dito.
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Quando é pra ser
RomanceMaria, ou melhor, Mar (como prefere ser chamada) É uma garota igual a cem mil outras. Com sonhos, personalidades, defeitos, perfeições... e que sempre sonhou em ter um momento de romance em sua vida. Tudo acontecia normal, até uma segunda-feira muda...