O Jovem

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Coração acelerado, mente explodindo, era uma situação complicada. Juntando todas suas roupas, pensava em fugir pela décima vez, nada mais fazia sentido, e sabia que não foi uma droga que tornou tudo confuso desta vez.

Julgamentos, palavras pesadas vindas das pessoas que mais ama, sua família. O jovem de 20 anos não conseguia entender o porquê de sua família o descartar como se fosse um lixo, desprezá-lo até quando fazia coisas boas.

Tudo o levou ao mundo das drogas, o caminho de seu pai. A mãe não ligava, o pai muito menos, e o jovem sabia que aquilo não era vida, mas já estava em um poço que não conseguia sair.

Sentia suas bochechas esquentarem pela raiva que estava sentindo. As brigas com seu pai se tornaram algo frequente nos últimos dias. O jovem só queria saber de ir para festas para ver se conseguia fugir da realidade de sua família e o pai só queria que ele pegasse suas drogas para ele.

Gritando de seu quarto para seu pai, colocava suas roupas e coisas essenciais em uma mochila, já combinou com seu melhor amigo de ficar em sua casa até que arranje dinheiro o suficiente para alugar um canto para si.

Batendo a porta de seu quarto, seu pai o parou.

"Vai buscar mais para mim?".

"Eu vou sumir daqui!".

Seu pai deu-lhe um forte soco na cara e o garoto andou calmamente para fora de sua casa, sem dizer uma palavra.

Na casa de seu amigo nada conseguia comentar sobre o assunto, e tudo o que ele perguntava era se o soco realmente vinha do pai. O amigo sabia de tudo, os dois sempre contavam as coisas um para o outro, estavam sempre juntos nas festas e quando não iam para as festas se drogavam na casa de um terceiro amigo.

A semana se passou, viravam a noite em festas, passavam o dia em festas, a vida passou a se resumir nisso. Mas chegou a hora em que o dinheiro acabou, e a mãe do amigo já não o queria mais em sua casa.

Então foi atrás de um emprego, sabia que podia conseguir dinheiro fácil vendendo drogas, mas não era isso que queria para sua vida, gostava das festas, mas temia ser igual ao pai se escolhesse o negócio mais fácil.

O seu maior desejo era não ser igual ao pai.

Atrás do balcão de uma cafeteria anotava os pedidos dos clientes, tantos homens e mulheres vestidos formalmente pedindo café todas as manhãs, quem sabe um dia seja ele. Imaginou-se fazendo faculdade, estudando, pensou também nas festas da faculdade e logo se perdeu.

"Moço!" gritou uma garota muito bonita o acordando de seus pensamentos "Me veja um cappuccino, por favor".

Sem dizer uma palavra, encantado pela beleza da garota, apenas anotou o pedido, mas foi um pouco esperto, anotou errado para que a garota fosse reclamar e falar com ele novamente e foi o que aconteceu.

"Desculpe me, nós aqui temos um protocolo de reclamação, você não precisa pagar o café por ter vindo errado, é só deixar seu número de celular...".

"Você não vai conseguir meu número fácil assim".

E a garota e o café saíram pela porta. A semana se passou e a garota não voltou, comentou com seu amigo e tudo o que ele disse é que achariam garotas mais bonitas em outra festa. Em diversas festas que iam todos os dias tinham garotas muito bonitas, mas não como a garota da cafeteria.

Cansado pelo dia de trabalho e durante a noite festa, mal tinha tempo para dormir, suas olheiras eram evidentes, foi no dia em que estavam piores que a garota apareceu na cafeteria.

"Nossa!" Exclamou a garota "Você está com uma cara horrível".

"Isso é o que acontece com quem passa a noite em festas".

"Sério? É por essas e outras que eu não vou em festas, acabei de atingir a idade para beber, mas eu realmente não gosto dessas coisas".

"Por que?"

"Bom, acho primeiramente uma perda de tempo, tenho mais o que fazer e eu consigo sair para me divertir sem bebidas, sem drogas".

Surpreso ficou, uma jovem pouco mais nova que ele dizer essas coisas, não via uma vida sem essas coisas.

"Para mim isso não é diversão".

"É sim, basta juntar os amigos, contar umas piadas, rir dos professores da faculdade, é incrível".

E a conversa dos dois evoluiu, ela pediu o cappuccino, ele fez um intervalo e sentou em uma mesa junto a ela.

Contou que pensava em fazer faculdade e ela o aconselhou a fazer um teste vocacional, ela contava de suas experiências não indo para festas, e realmente parecia algo legal, no fim percebeu que não precisava ir todos os dias em uma festa diferente, quem sabe um dia sim, um dia não.

Juntos davam risada, até mesmo quando ele teve de voltar a trabalhar.

A semana passou, ele se inscreveu em um teste vocacional, estava decidido a fazer faculdade, a garota agora ia todos os dias na cafeteria, ela o chamou para sair junto com seus amigos, e ele levou o amigo junto. Até que os dois amigos gostaram do novo grupo, tinha umas garotas bonitas para o amigo.

Ali se encontraram, mas não perderam os velhos hábitos das drogas e festas, só tiveram que diminuir para poderem dormir.

Tornou-se algo mais para a garota, contou sobre seus pais, sobre sua vida e o desejo de não ser igual ao pai, ela prometeu o ajudar.

DesolaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora