Green Freedom

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          Acordei sem nenhuma vontade de ir para a aula hoje. Primeiro por que a preguiça agora me dominava por inteiro, e segundo por que meu castigo por eu ter "cabulado" aula seria hoje e eu não estava nem um pouco afim de ficar até mais tarde.

          Se meu emprego dos sonhos não tivesse que estudar tanto, juro que pararia de ir para a escola e ficaria adubando as plantas com a minha mãe. Porém meu sonho mais almejado era ser engenheiro. Para sonhar mais alto ainda, engenheiro da NASA. Eu sei, eu sei, sou um idiota que sonha demais certo? Mas eu sou humano, e sonhar de vez em quando não faz mal.

          O dia na escola passou chato como sempre e quando achei que estaria livre daquela prisão, o castigo pesou em minhas costas.

          - Você vai cuidar do jardim da escola – O professor de filosofia disse enquanto me entregava um baldinho com as ferramentas necessárias – Vai cuidar dessas plantas por uma semana.

          - O que? – Digo espantado – Professor, eu só demorei pra voltar pra sala!

          - Park Jinwoo, não estou lhe castigando apenas por ter demorado ao retornar para a aula – Ele disse calmo enquanto eu estava eufórico – Tem questões muito mais além nesse castigo que o senhor não entenderia.

          Suspirei me segurando para não segurar um palavrão. Por que ele tinha sempre que falar coisas esquisitas mesmo fora da sala de aula? Custava falar uma frase sem metáfora ou lição de vida?

          - Certo – Eu disse e logo rumei sala a fora, rumando em direção para o jardim da escola.

          Coloquei as luvas de maneira bruta, ainda frustrado com o que eu tinha que fazer. Era muito irônico, de verdade. Minha mãe trabalhava com isso e agora eu teria que fazer o mesmo que ela. Diria até que foi de propósito que ele fez isso. Peguei a pazinha e comecei a tirar as ervas daninhas que cresciam em volta do pequeno jardim repleto de flores que havia na escola.

          - Ei não desconte sua raiva nas plantas – Ouvi uma voz atrás de mim e me virei com a expressão carrancuda, que logo se desfez ao ver quem era o dono daquela voz – Você vai acabar estragando as flores se arrancar as ervas daninhas desse jeito.

          Fiquei petrificado, sem saber direito o que falar e fiquei apenas encarando o menino. Vendo que eu não iria fazer nada, ele suspirou e se agachou do meu lado, pegando a pá de minha mão.

          - É assim que você deve fazer – Ele disse retirando a erva com uma delicadeza que não parecia pertencer a ele – Assim você não prejudica o jardim em volta.

          - Ah... – Foi a única coisa que consegui responder.

          - Não me leve a mal, mas é que se é pra arrancar a plantinha pelo menos arranca direito – Ele disse dando uma risada no final - Sou Kim Myungjun do segundo ano.

          - Park Jinwoo – Respondi meio baixo – Segundo ano também.

          - Como nunca te vi nos corredores? Acho que teria notado esse seu cabelo legal – Ele disse apontando para meus cabelos platinados e eu corei com o elogio provavelmente não intencional. Olhei pra baixo para esconder a vermelhidão de meu rosto e reparei que ele estava novamente descalço. – Sabia que as árvores ao redor da sua casa são muito boas para ver o pôr-do-sol?

          - N-Não... – Digo e franzo as sobrancelhas – Pera, você ficou ontem até o pôr-do-sol?

          - Sim, minha casa não é muito longe dali e minha mãe sabia onde eu estava – Ele disse e então se sentou na grama, e reparei que mesmo ventando muito ele estava de bermuda e camiseta – Posso usar aquela árvore para ver o pôr-do-sol novamente? Gostaria de fotografá-lo dessa vez.