Esperança.

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Emily estava sentada em uma rocha cercada por galhos e árvores, a luz do sol iluminava a paisagem.

- Está pensativa.

Megan observou sentando do lado dela. As duas se olharam por um momento.

- Sei que está sendo dificil para você. - Megan sentiu compaixão.

- Desde que Donovan escapou tudo está uma confusão, mas este é o destino da Salvadora.

As duas tinha uma semelhança, não fisica, mas sim no jeito de pensar. Megan era um pouco mais alta e alguns meses mais velha, as duas tinham muito o que conversar.

- Sei que para você as coisas também não foram fáceis.

- Não mesmo.

- Então me conte a sua história.

Megan começou:

- Bem, alguns pescadores me encontraram chorando muito no meio de uma floresta, então decidiram cuidar de mim.

Emily se mostrou surpresa. No meio de uma floresta? Ficou decepcionada em pensar que Ramona abandonaria a filha em um lugar como aquele.

- Então quando eu tinha seis anos Kurt apareceu dizendo que era meu pai, os pescadores ficaram abismados por que o rei que eles achavam estar morto, na verdade não estava.

- Como Kurt soube que você era filha dele? - Emily perguntou curiosa.

- Isso eu não sei mas assim que eu o vi, senti uma conexão muito forte, não tinha dúvidas.

- E o que aconteceu com os pescadores?

- Agora eles estão trabalhando como nossos soldados, sempre foram muito fiéis a ele então não demorou muito para convence-los a se juntarem a nós e guardar segredo.

Emily se sentiu sortuda por ter sido criada ao lado da familia, mas depois sentiu pena da meia-irmã e imaginou como seria se as coisas fossem diferentes, se Kurt tivesse casado com Ramona e não com Margaret. Se ela tivesse sido abandonada e criada por pescadores se isso tivesse acontecido então Megan seria a Salvadora e não ela, e isso mudaria tudo.

- Eu sei o que você está pensando, as vezes também penso nisso. - disse Megan. - Uma de nós duas seria a Salvadora e o universo escolheu você. Eu não me sinto invejada ou algo do tipo, apenas sei que devo lutar ao seu lado.

- Você sabe lutar?

- Como você acha que nós sobrevivemos durante todo este tempo escondidos no subterrâneo?

Emily sentiu uma certa inspiração. Talvez quisesse ter vivido no subterrâneo com eles ao invés de ser uma princesa, ao invés de ter que lidar com Donovan, ao invés de ter uma mãe tirana.

- Você está com saudade da sua familia? - Megan perguntou.

- Eu não sei o que estou sentindo. Quando meu namorado me traiu e morreu tudo mudou, estou preparada para o que vier e sei que eles podem estar mortos neste exato momento.

- E a sua mãe? As coisas que você viu sobre ela...

Emily sentia ódio da mãe, não queria ve-la nunca mais. Ela e Donovan deveriam ficar presos na masmorra pela eternidade. Margaret conspirou para a morte de uma pessoa, se aproximou de Kurt e Tasha por ganância e havia conseguido o que sempre quis: poder.

- Ela enganou a todos nós este tempo todo. Minha tia culpa Ramona até hoje pela morte do pai dela. Como minha mãe consegue conviver com isso? Ela não tem nada de diferente do Donovan e os dois se merecem!

- Juntos, nós iremos derrotar Donovan e tirar Margaret do poder. - disse Kurt se juntando a elas.

Emily olhou fixamente para ele, para cada detalhe, para cada linha de expressão, ainda não acreditava que ele era real.

- Você está criando um exército? - ela perguntou, as mãos tremendo.

- Nós temos cinco mil homens do nosso lado, todos dispostos a lutar. - ele respondeu.

- Donovan invadiu o castelo com uma facilidade tremenda.

- Nós não estavamos preparados. - disse Emily. - A guerra ia começar quando eu voltasse do meu treinamento.

- Tarde demais. - Ramona lamentou, se juntando a eles.

- Sei um jeito para você derrotar Donovan. - Kurt começou. - Sangue de Venus, O Salvador, corre em suas veias. Vai ter que derrotar Donovan do mesmo jeito que ele derrotou Os Antigos.

- E como ele fez isso?

- Com a sua brilhante espada de diamantes, batizada 'Esperança'.

- O nome da espada é Esperança? - Emily riu.

- Sim, e foi com ela que Venus baniu seus irmãos para o submundo.

- E onde está essa espada?

Dois soldados vieram carregando alguma coisa coberta por um pano.

- Aqui, - Kurt indicou. - eu busquei há anos pois sabia que nós nos encontrariamos.

Kurt tirou o pano que cobria a espada e a entregou para sua filha.

- Onde você achou isso? - ela estava fascinada com tanta beleza.

A espada era feita de diamantes transparentes, o cabo revestido por rubis vermelhas que brilhavam fortemente.

- É uma longa história, mas aceite isso como um pedido de desculpas por eu ter te abandonado. Ela é feita com diamantes retirados do Vale da Esperança, por isso o nome.

Emily não segurou a emoção, chorou de uma vez por todas. Tudo estava tão agitado nos ultimos dias que ela teve que descarregar nas lágrimas. Ramona a abraçou. Eles ficaram a tarde toda ali, conversando, afinal estavam cheios de assuntos. Emily contou de sua história com Adam, contou do dia em que encontrou Donovan pela primeira vez.

Ramona se afastou e chamou Megan para uma conversa, a menina foi depois de uma certa insistência.

- Olha, sei que está chateada comigo mas não quero que fique. Quando eu soube que estava grávida eu surtei, Kurt não poderia saber de jeito nenhum, mas mesmo assim eu te amei. Quero que saiba que você não tem culpa nenhuma nessa história. Por favor me perdoe!

- Eu te entendo. Mesmo. - disse Megan com uma leveza no olhar. - Se Emily perdoou Kurt por te-la abandonado, então eu também vou.

- Sério? - Ramona ficou animada.

- Você tem algum presente para mim?

- Eu não sabia que ia encontrar minha filha por ai então, me desculpe.

- Mais uma vez?

As duas soltaram gargalhadas, mas logo em seguida Ramona começou a chorar.

- O que foi?

- Eu cometi um erro enorme em ter te abandonado, um erro que não poderá ser desfeito, sou uma idiota.

Megan deu um abraço sincero na mãe, um abraço que nunca tinha dado antes e para Ramona, um abraço que nunca tinha sentido antes, foi algo intenso. Amor. Amor fraterno. Amor materno. Algo que as duas nunca haviam sentido antes.

- Eu te perdoou. - disse Megan.

As duas com lágrimas nos olhos, não de tristeza mas lágrimas que libertam e são necessárias.

Salvadora: A Profecia - FinalOnde histórias criam vida. Descubra agora