2:37 da madrugada. Joel se levanta da cama assustado, os cobertores no chão, um frio cortante atacando seu corpo, mas suas mão soavam. Um pesadelo lhe acordara, uma sombra no corredor lhe observando e uma fraca luz amarelada iluminando o sujeito carrancudo e sinistro que o fitava. Sentou-se na cama e pegou um casaco que estava no chão, vestiu-se e foi até o interruptor tocando a parede, pressionou, mas a luz não acendeu. A energia era algo instável na nova residência, aquele isolamento todo tinha seus pontos fracos, mas valia a pena para os estudos.
Foi tocando a parede até chegar no corredor, seguiu até a cozinha, tateando e cuidando para não esbarrar em nada. Encontrou o balcão onde guardava as velas e o isqueiro. Acendeu uma, fixou-a com sua própria cera numa xícara e caminhou em direção ao banheiro. Olhou para o pequeno espelho da porta do armário de remédios por um tempo e viu metade de seu rosto iluminado pela mórbida luz amarelada da vela, lembrou-se do sonho. Sentiu um calafrio e abriu a porta do armário, pegou uma cápsula de cloridrato de fluoxetina 20 mg, engoliu e tomou um pouco de água na pia. Assoou o nariz e então voltou o olhar para a caixa de medicamentos, há muito tempo vinha desejando umas doses a mais para curá-lo de vez. "Ainda não."
Fechou a porta do armário e viu-se novamente no espelho, dessa vez não quis olhar muito, tinha uma sensação estranha. Pegou a vela e voltou para a cozinha onde ergueu a vela ao alto da parede para conferir as horas. 2:45.
Viu uma luz vindo do lado de fora da casa e foi até a janela conferir. Havia uma fogueira queimando não muito longe, decidiu não dar muito crédito, voltou para o quarto com a vela em mãos. Chegando em frente a porta de seu quarto olhou para o fim do corredor e viu a escuridão e uma fraca luz iluminando os móveis. Seu coração congelou. Sentiu uma gota quente de cera pingar sobre as suas mãos, reagiu com um susto e reparou um fio de tecido amarelo preso em seu dedo anelar. Percebeu que o o fio ia até o chão, e então puxou-o, ele se estendeu até a escuridão do corredor e começou a trazer um tecido junto de si enquanto o homem puxava. Uma capa amarela. Havia uma figura de pé na cozinha, coberta pela capa e ele não havia percebido. Continuou puxando o fio até que o manto amarelo revelou seu portador.
Joel gritou, percebendo a face sorridente no fim do corredor, iluminada por aquela mórbida luz amarelada da fogueira. 2:47."Hastur veio."
Arrependeu-se de não tomar aquela caixa de fluoxetina, pois sabia que seu destino era pior que a morte.
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A Fera do Manto Amarelo, a Jovem e a Máscara
Horror"Olá, não sei me apresento como uma tola ou como um espelho. Bom, talvez porque eu não saiba se os que me ouvem são os possuintes de uma vida fajuta, ou transparentes como eu. Vivendo nesse mundo são só trevas que me sobram, a ambição reluz e a iniq...