Masoquismo feminino

588 10 2
                                    

É difícil aprender a lidar com nosso próprio corpo, atender suas
manifestações naturais, trabalhar sua sensibilidade, e viver nosso erotismo
latente. Tivemos que passar por cima de muitos preconceitos, inclusive o
mais penoso: quando ousávamos um comportamento “atrevido”, éramos
mal-interpretados pelas próprias namoradas/namorados.

(Não foi o meu caso, mas sim o de
Maria (nome fictício).

Até bem pouco tempo, a namorada que se arriscava a situações diferentes, fugindo do padrão convencional, era muito recriminada. Ao ir de encontro a seus próprios sentimentos e expectativas sexuais, tinha que enfrentar barreiras quase intransponíveis.
Era raro quando o namorado colaborava para que a namorada se identificasse com seus instintos naturais. Preferiam dificultar as nossas descobetas que, no entanto, faziam parte de uma personalidade sadia. Por isso,aproveitei meu segundo livro para um caso real falando sobre as reações
femininas. Provei que, se algumas mulheres “gostam de apanhar”, não é bem da forma como interpretavam.
A cartas de uma menina que irei usar como exemplo dão uma idéia do
que é o verdadeiro prazer do masoquismo feminino no campo sexual​.

Querido Brunno,

Sou uma mulher de negócios e meu sucesso profissional não impediu
que aos poucos eu sentisse que minha vida, embora equilibrada socialmente,andava um tanto sem graça na intimidade, até quando descobri as maravilhas que o masoquismo-erótico pode oferecer. É um paradoxo, concordo,pois uma mulher imponente se transformar em escrava-sexual? É um paradoxo, já disse, mas delicioso. Um dia meu marido, que tem um cargo inferior ao meu na firma que dirijo, com seu olhar de corvo quando está irritado e
não quer demonstrar, disse com voz mais forte que de costume:
– Quando aquele empresário saiu, vi que você o acompanhou com o
olhar. Não gosto disso. Senti ciúmes e raiva. Jamais abrirei mão de você.
Te amo muito e vou lutar até o fim, da forma que for preciso.
Fiquei encabulada, pois dissera isso na frente de minha secretária, que,
distraída, felizmente não ouviu. Estranhando sua atitude, pedi que se calas-se. Respondeu que ali ficaria quieto, mas que em casa “conversaríamos”.
Sua voz soou forte e poderosa como nunca! Olhei-o incrédula, e uma onda de calor fez estremecer a parte interna de minhas coxas, indo até a vagina que, de repente, pareceu inchar. Senti minha calcinha ir-se molhando.
Durante o expediente disfarcei, mas o tesão foi aumentando, o desejo de provocá-lo começou a subir à minha cabeça. Fantasiava cenas onde
ele, humilhado, partia para a forra. Nesse clima, finalmente fomos para
casa. Sinceramente ofendida por ter-me chamado a atenção, mal entramos no carro comecei a falar. Disse-lhe que sabia o que estava fazendo com aquele empresário. Que a conquista também era uma forma de ganhar o adversário, conseguindo bons lucros para a firma.
– Eu não admito. Não gosto de passar por “manso”.
Respondeu com a mesma voz firme de antes. Nunca tinha falado
assim comigo. Estávamos chegando e a surpresa de sua atitude me fez
calar. Quando entramos, quis provocá-lo. Fazendo uma postura como se estivesse caçoando dele, perguntei, irônica:
– E daí? Vai virar macho? Quer me bater?
Furioso com a provocação, me agarrou pelos cabelos, deitando minha cabeça para trás. A dor daqueles fiozinhos da nuca era alucinante, mas ao mesmo tempo gostosa, excitante. De repente senti o cheiro de seu corpo e seu hálito bem próximo de meu rosto. O calor de seu peito cabeludo me encheu de tesão e de uma vontade louca de provocá-lo até que chegas-se ao auge da irritação, perdesse a paciência e me batesse. Foi o que fez.
Seu primeiro tapa atingiu meu rosto em cheio. O calor que senti nas faces me fez estremecer de prazer. Minhas nádegas tremeram. Sem saber por-
que fazia aquilo, levantei a saia e expus minha bunda.
– Bata, pode bater.
Descendo a calcinha, incitava-o zombeteiramente. Instintivamente,
não esperou novo convite. (Depois explicou que enfurecido não sabia o
que estava fazendo, que só voltou a si quando sentiu a vermelhidão e a
quentura da pele). Eu me contorcia de prazer. Quando parou de bater,
puxei-o com força, beijando-o com volúpia e amor, como há muito não
fazia. Foi a trepada mais gostosa até então. Fiquei dolorida por uns dias,
mas nunca tão feliz! Todos a meu redor notavam isso...
Ao ler um artigo seu, Brunno, entendi porque gostei tanto dessa
experiência. Apesar de ser bem-sucedida profissionalmente, não era de todo feliz, pois sou “masoquista-erótica”, como diz você. Agora que descobri as delícias de um ato sexual praticado dessa forma, vou querer sempre. Não preciso mais provocar meu marido. Quando começo a ficar
agressiva, ele já sabe do que estou precisando. É com todo prazer que me dá umas boas palmadas na bunda e... pronto. Muitas vezes só promete e eu
já me torno submissa, imaginando o momento em que me “castigará”.
Tornou-se uma prática de poder psicológico entre nós.
Por isso, quero parabenizá-lo por fazer as pessoas descobrirem e se
completarem dessa forma. Consegui amar e respeitar muito mais meu marido. Na cama é o homem forte e poderoso que, fora dela, não consegue ser... Na firma, é o vice-gerente da empresa que herdei de meu pai. Eu a dirijo com punhos de ferro! Em casa é o senhor absoluto de meus desejos.
No trabalho comando tudo. Em casa sou comandada por ele sexualmente,
é claro. Não deixamos ninguém notar o quanto estou submissa por uma
coleira invisível. Entre quatro paredes, me coloco à “sua disposição”, tiro máscara e me entrego toda. Arrasto-me a seus pés, como uma cadelinha ante seu dono. Somos felizes assim.
Só estou lhe contando tudo isso para que, ao publicar meu e-mail,para
outras mulheres insatisfeitas sigam o meu exemplo. E assim, descubram seu verdadeiro grau de sexualidade para serem felizes como eu sou desde então.
Com o carinho de..... Maria Camargo.”

O Que é SadomasoquismoOnde histórias criam vida. Descubra agora