Masoquismo masculino

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Os sadomasoquistas sabem que a dor e a degradação não são as únicas
formas necessárias para se alcançar o orgasmo. Podem perfeitamente se
excitar sem um clima SME. Já se tem falado de homens que “pareciam
normais” e foram descobertos como praticantes de sadomasoquismo. Isso
prova que a prática do SME pode ser tratada como uma “variação” e não
como um fetiche, isto é, como “única forma, imperiosa e necessária” de
alguém se realizar. Com ou sem o objeto de seu desejo, podem alcançar um orgasmo gratificante. Porém, para quem tem mais oportunidade, a realização dessas “fantasias bizarras” pode trazer uma excitação maior e mais forte. Pode intensificar e abreviar o orgasmo feminino. Alongar o tempo de excitação masculina, ativando freneticamente o prazer.
Quanto à dor, também existem variações. Com o tempo alguns indivíduos podem aumentar a resistência, mas nas primeiras vezes, é sensível e temeroso ao ponto de querer fugir ou negar-se como masoquista-erótico.
Ele desconhece seus limites e tem medo de enfrentar uma tentativa. Pode excitar-se muito, com certas fantasias criadas em sua mente, ou com cenas de filmes, ilustrações fortes, literaturas que narram episódios para ele excitantes. Mas quando faz alguma tentativa, recua assustado. Por isso, muitos
preferem parceiros que os “obriguem” a realizar seus devaneios. Então, dispõe-se a cumprir as ordens de quem deve ter superioridade suficiente para mandar nele. Principalmente em relação à dor, isso é muito comum.
Quem se propõe a realizar as fantasias de um masoquista, deve saber que a dor tem que ser moderada e as situações de degradação e humilhação muito bem estudadas. Deve entender que isso faz parte, mas tem que ser “combinado”. Quando a “dose” é em demasia, pode atrapalhar um bom relacionamento.
Um estímulo (que normalmente seria insuportável) começa a causar
dor durante o tempo de excitação (quando o prazer está sendo o objetivo),a consciência da dor diminui. Mas para que isso se torne gratificante, e possa chegar ao auge, é preciso não ultrapassar o limite de cada um, que tem doses de endorfina (o analgésico natural produzido pelo cérebro) em maior ou menor quantidade.
Todos têm que saber quais os estímulos agradáveis e desagradáveis para o aumento da excitação, antes de partir para um relacionamento com outra pessoa. Precisa também de uma boa avaliação do parceiro e muito entendimento entre ambos. Não se deve arriscar nada.
Num relacionamento SME, há necessidade de apetrechos, não para
um esquema bem-comportado, pois isso muito planejado pareceria meio
teatral. Os acessórios específicos devem fazer parte de uma preliminar,mas é preciso ter muita criatividade para que não fique um tanto artificial.
Isso destruiria toda a graça e o inesperado é mais gratificante. Se não tiver nada em mãos, deve-se improvisar. Meias, sutiãs, calcinhas, cintos, lenços e outras peças que estejam mais fáceis, muitas vezes são melhores que um ambiente todo arrumadinho, como se pertencesse a um cenário. Tem pessoas que gostam de planejar e organizar com antecedência. Outros preferem que as coisas aconteçam sem preparo.
Os homens (muito mais que as mulheres) têm fantasias em que seu
“objeto fálico” é muito poderoso, possante, bonito. Com a finalidade de
alcançar mais prazer, ficar mais tempo ereto, ou apenas para agradar a visão, inventaram adornos e enfeites para o pênis. Os povos da Antiguidade criaram uma série de apetrechos, e alguns chegaram até os dias de hoje.
São usados cada vez mais, procurando sofisticá-los. Os Sex Shops distribuem catálogos com mostruários incríveis! Existem muitos tipos de anéis,
forquilhas, prendedores (que mantêm a ereção por mais tempo).
Nessas lojas que vendem de tudo para o aumento do prazer, existem
muitos modelos, verdadeiras criações de mentes surrealistas. Vou citar
alguns, referentes à prática do SME, principalmente os chicotes, algemas
e “arreios do diabo” (esse termo foi criado por mim, quando em um de
meus artigos quis designar as peças que envolvem o pênis e o saco
escrotal com a finalidade de prendê-lo fortemente, para aumentar o prazer
ou sacrificar um homem, quando a dominadora leva-o com essa peça sob as vestes em lugares públicos. Como o livro e meu denominei a peça.
Hoje quem escreve sobre SME emprega-o nos artigos).
A maioria dos masoquistas gosta de ter o membro preso, amarrado
ou de alguma forma impedido de ficar ereto em toda sua plenitude. Isso é
só um joguinho, pois quanto mais presos, mais se excitam. Tanto é que já se fazem “cintos de castidade” que permitem a cópula livremente. Funciona mais como simbolismo.
O “castigo” da palmada e da chinelada é uma arte. Bem ministradas dão prazer tanto a quem bate como a quem apanha. Deitar uma pessoa de bruços sobre as coxas, ou sobre a cama, curvada sobre um sofá, ou
qualquer lugar onde as nádegas fiquem expostas e ir aplicando estímulos nessa região é simplesmente delirante! Com a massagem, observa-se a
pele ir avermelhando, sinal que o prazer está aumentando. Mas a leveza,a ternura e a constância devem estar em cada golpe. Só assim consegue-se a vibração excitante, necessária para que ambos se completem (nunca esquecer que cada pessoa que leva os golpes tem limites diferentes).
A palma da mão é a mais indicada, mas usar os chinelos, objetos como
cabo de escova, colher de pau, ou outro utensílio qualquer... até o chicote é válido, dependendo do grau que a dor estimula o masoquista e da fantasia que ele tenha.
Principalmente o chicote constitui-se num símbolo que, dentro do
ritual característico, não se pode deixar de lado. O chicote deve estar presente (ou alguma coisa que o substitua, como o cinto). Mas se a pessoa submissa não curte a dor como elemento de aumento ao prazer, não é um chicote em punho que vai impor excitação ao outro, ou superioridade a quem o usa. O importante é a maneira como se usa. É peça fundamental para aqueles que se excitam só em vê-lo. Mas é preciso cuidado para não machucar seriamente. Às vezes a voz autoritária, os gestos decisivos fazem
o mesmo efeito. Nessa hora, o masoquista entrega-se ao parceiro.
Tem chicotes de couro cru (doem muito), os quase macios (ardem
um pouco) e os de fios de seda (só para carinho). Recomendo o de meio-termo. É aconselhável ter algo dessa natureza, assim como uma cordinha
macia, quando não se tem algemas. Mas é preciso saber amarrar. Ao dar
umas três voltas em torno do pulso ou tornozelo, é recomendável passar a
ponta por dentro dessas voltas, para segurar e garantir o conforto, sem
comprometer a circulação sangüínea.

O Que é SadomasoquismoOnde histórias criam vida. Descubra agora