O desenrolar da fita

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Acordei na sala de Diego, sentia as lagrimas quentes escorrerem em meu rosto, eu precisava sair, precisava descobrir onde ela estava, talvez houvesse uma chance de salvar a garota. Pedi a Diego que me ajudasse, descrevi o local e por sorte ele sabia onde ficava, pegamos seu carro e fomos até o local, todos os meus sonhos foram revividos naquele local, era muito assustador, eu vi a casinha simples, saí correndo, a porta estava aberta, a casa escura e abandonada, eu fui até o armário, buscando pela carta, e lá estava ela, escrita em papel amassado, comecei a ler seu conteúdo: 

"Olá, meu nome é Luisa, se estiver lendo essa carta eu provavelmente estarei morta, peço perdão pelo incomodo, mas, se você está lendo isso, peço para que entregue essa carta a Ana Carolina Cabral.

Ana, eu sei que você não me conhece, certamente também não se lembra de mim, mas eu sou aquela garota que brincou uma vez com você quando eramos crianças, minha mãe ficou brava, você se lembra? tudo bem se  você não se lembrar, talvez você não saiba mas, eu sou sua irmã, nascemos no mesmo dia, eu era criança, não sabia quem era meu pai, certa vez de madrugada eu ouvi minha mãe brigar com um homem, ele saiu de casa irritado, no dia seguinte ela disse que esse homem era meu pai, na época eu era ingenua, eu pensei que tivesse feito algo ruim, por isso o papai foi embora, pensei que se eu pedisse desculpas e convidasse ele pra morar em casa ele viria, então eu fui atrás dele, mas aquando cheguei lá eu conheci você, e isso me fez tão feliz, minha mãe nos encontrou, foi difícil pra ela me ver com você, ela se sentia envergonhada e abandonada, peço desculpas se ela foi rude com você, os adultos cometem erros e as crianças acabam pagando por eles.

Papai nunca quis me ver, mas minha mãe e meu avô faziam de tudo por mim, eles eram pessoas tortas, mas eram tudo o que eu tinha, eu era muito boa em exatas, meu avô percebeu isso, por isso me matriculou naquela escola, não era o curso que eu queria, mas, eu fiquei feliz por te ver lá, pensei em me aproximar varias vezes, mas tinha vergonha, pelos erros de minha família, meu avô já prejudicou a família de sua mãe no passado, eu não poderia pedir para que vocês me aceitassem, eu era boa no curso mas o desenho sempre foi minha paixão, por isso comecei a fazer o curso extra quando podia, eu até conheci alguém especial, o nome dele era Mario, pena que nossa história tenha durado tão pouco, ele foi expulso injustamente da escola, e a família o tirou da cidade, as vezes eu sentia como se a felicidade não fosse pra mim, com o passar do tempo as coisas se agravavam no curso, eu já não tinha tempo pra nada e isso me matava, depois minha mãe ficou doente, eu teria feito qualquer coisa para que ela ficasse bem, mas a cada dia que passava ela ficava pior, até que ela se foi e eu fiquei sozinha de novo, eu disse a mim mesma que não aceitaria nada de meu avô, eu queria fazer as coisas certas, comecei a trabalhar e saí do curso, mas eu me sentia muito só, me desculpe, eu tinha inveja de você, você tinha tudo, e eu só tinha a mim.

A noite as coisas sempre pioram, eu tinha essa angustia no peito, eu sentia mesmo que ninguém poderia me amar, provavelmente era verdade, me desculpe se incomodo mandando essa carta, eu não queria estragar sua vida, só queria que você se lembrasse de mim, espero te ver de novo um dia.

Adeus Ana, um abraço, de sua irmã, Luisa"

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