II.

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A escola tinha começado à tão pouco tempo e eu já me encontrava totalmente saturada daquilo. Não tinha sido feita para ficar o dia inteiro sentada perante alguém a ouvi-lo divagar sobre o mesmo assunto durante horas consecutivas. No entanto, havia algo de novo, algo que despertou a atenção de inúmeras raparigas, e eu não era excepção. A novidade do momento era o rapaz novo que tinha entrado na escola, para a minha turma.

Ethan, o rapaz que havia sido transferido de New Jersey. Era alto, moreno, tinha um grande sentido de humor e era mesmo giro. Não era todo dark como a maioria. Reparei nele pela diferença, não precisou de mostrar má cara, de ser rude para ser bem aceite.

Acabei de fechar o meu cacifo e peguei na minha mala, colocando-a no meu ombro. O som da campainha surgiu e em fração de segundos já não havia praticamente movimento nos corredores. Apressei-me a caminhar para dentro da sala, e a entrar antes que a stora fechasse a porta. Olhei em redor e não existia um único lugar vago, excepto a cadeira ao lado do Ethan. A voz da adorada professora de português fez-me acordar dos meus pensamentos e começar a caminhar para a minha única opção.

Durante os primeiros minutos da aula eu estava a questionar-me mentalmente o porquê de não ter escolhido outro lugar, ou até ter chegado mais cedo. Sem duvida que estava a ser no mínimo perturbador, ou embaraçoso. Nenhum se dignou a abrir a boca para dizer qualquer coisa que fosse.

Português era das poucas disciplinas que eu achava minimamente interessante, mas com aquela professora, era impossível não bocejar ou deixar a cabeça descair. A aula já ia longa, e tanto eu como o meu colega do lado estávamos fartos de abrir a boca.

"Que seca." Ouvi o Ethan a proferir, rapidamente assenti com a cabeça como se a voz dele me tivesse acordado do transe.

"Não poderia estar mais de acordo. Estou farta de a ouvir." Resmunguei baixo e olhei para o Ethan.

"Creio que talvez seja boa ideia se calarem." Disse a senhora com um ar chateado perante a nossa mesa.

Olhei para ela assentindo e mal esta se virou, olhei para o rapaz de cabelos castanhos e revirei os olhos começando a rir. Ele encarou-me com um enorme sorriso no rosto e pegou num papel começando a fazer linhas. Estava à toa tentando espreitar contra a sua permissão e após ele dobrar o papel ao meio, finalmente passou-o para mim. Abri-o e deparei-me com jogo do galo e assenti com a cabeça, alegremente. 

Passámos o resto da aula a jogar, perdendo a conta de quem se encontrava a ganhar. A campainha surgiu e todos arrumaram as suas coisas à velocidade da luz e começaram a dispersar.

"Queres ir ao bar?" Murmurei olhando para o Ethan enquanto caminhava calmamente ao seu lado para fora da sala.

"Sim, claro." Falou e começou a andar decidido a sair do pavilhão. Assim que chegou ao cruzamento dos pavilhões parou e olhou para mim. " Onde é que isso fica?" Questionou com cara de pato e eu desmanchei-me a rir devido à forma como ele o havia feito.

Andei com ele, indicando-lhe o caminho. Mal chegámos inclinei-me no balcão e pedi à senhora um croissant misto com um sumo de laranja, enquanto ela o preparava, olhei para o Ethan e perguntei o que é que ele pretendia.

"Pode ser um mil folhas." Apontou e eu assenti ao seu pedido, repassando-o à senhora que me estava a dar a minha comida.

Paguei ambos os lanches e dei-lhe o seu, indo com ele até uma das mesas de ping pong na qual me sentei em cima. "Anda." Bati com a mão na pedra e levei a minha comida à boca enquanto via a movimentação.

"Estás a ser um sucesso na escola!" Murmurei quando ambos já estávamos acomodados e eu tentava abrir o meu sumo.

"Até tenho o meu charme." Tentou parecer sério mas acabou por se rir.

Fiz-lhe uma careta e desisti de abrir o sumo continuando a comer. O ser denominado de Ethan riu-se, pegou na embalagem e quase sem força abriu-a, levando-a à boca e bebendo um pouco.

"Ei!" Murmurei rindo e neguei com a cabeça.  "Achas isso bem?"

"Se quiseres eu posso beber mais!" Ele disse com a maior descontração do mundo e ambos nos deitamos na mesa de ping pong à gargalhada.

"Vais entornar o sumo, burro da merda." Disse a rir imenso e sentei-me procurando a tampa.

A campainha fez-se ouvir e eu acabei por fechar o sumo e guardar o mesmo dentro da mala. "É melhor irmos." Diz a voz masculina, que me fez revirar os olhos.

"Ou então podemos faltar..." Sugeri como quem não quer a coisa.

Eu espero mesmo que vocês estejam a gostar da fic. É o começo, mas vos garanto que vem aí muita coisa que vocês não estão à espera.

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