2030

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Eu tinha 21 anos e minha vida mudou totalmente, perdi todos meus amigos e familiares, vivamos em uma situação de pós-apocalítica pois nada mais funcionava como antes, ninguém mais trabalhava nas cidades, tínhamos notícias de que elas estavam praticamente abandonadas, mas no meu primeiro dia na vila comecei a perceber que as coisas nunca mais seriam como antes, mas ainda não sabia se seria para melhor ou para pior.

Meus pais e eu fomos participar da nossa primeira reunião coletiva na Vila e percebemos que era a primeira pra muita gente, afinal todo dia chegavam famílias ou casais no portão, uns entravam e era uma festa, já outras famílias não, mas era sempre assim, não tinha casos de que um membro estava contaminado e o outro não, ou era nenhum ou era todos, a doença se espalhava muito rápido e matava rápido também e como era distante a vila, poucas pessoas contaminadas chegavam lá vivas, a doença começava a ser chamada de vírus da morte. Justamente por esse nome que na primeira reunião que participamos descobrimos que a Vila se chamada Vila da Vida e também descobrimos que tínhamos muitas tarefas, isso foi dito por uma mulher, nunca vou esquecer o nome dela, Renata, mas todos chamavam de Dona Rê, ela era uma espécie de gerente, as terras eram de sua família e ela fugiu pra lá e começou a receber pessoas para formar uma comunidade, ela dizia que a vila devia funcionar como uma cooperativa, ao algo que não tivesse uma hierarquia mas que sim todos fossem iguais, e eu diria que ela conseguiu, eu admirava ela muito, conseguiu fazer com que todos trabalhassem em todas as tarefas sem discriminação nenhuma, as tarefas eram circulares, uma dia fazia uma coisa e no outro outra, você ia desde coordenador à limpeza de banheiros, e esses foram colocados em ordem propositalmente, em uma dia você limpava o banheiro e no outro você gerenciava a trabalho de todos, Dona Rê fez isso para que todos na hora de gerenciar lembrassem de ter paciência e empatia pois todos os trabalhos eram difíceis.

Esta foi uma das épocas mais felizes da minha vida, onde aprendi muito sobre a importância do trabalho e conheci seu bisavó Luciano, mas todos o conheciam como Lu, que me ensinou muito, tive a sorte de cair no grupo dele nas tarefas, ele me ensinava tudo, a plantar, colher, ordenhar e cuidar das crianças, ele era incrível com as crianças mas desce de começo percebi que ela dava muito mais atenção para mim quando ensinava do que para as outras pessoas, senti que havia algo ali, mas só me apaixonei por ele quando o vi com as crianças ele sabia lidar com elas de uma maneira encantadora e eu me saia muito bem com elas também mas nem perto dele, e foi quando descobri que se você quer ver o coração de alguém, é só ver como essa pessoa lida com as crianças, começamos a namorar e não preciso dizer mas nunca fui tão feliz, mesmo com o trabalho pesado todo dia, comer a comida maravilhosa e ter onde descansar e amigos para conversar além de um amor para amar, parecia não faltar mais nada.

Vivíamos em uma Vila cheia de vida, igualdade total, qualquer tipo de discriminação era visto com tristeza e as pessoas convidadas a conversar, tínhamos grandes rodas de conversas onde todos os temas eram tratados com bastante respeito e os conflitos eram resolvidos no diálogo e selados com um abraço coletivo.

Por volta de 2037, eu já estava com 25 anos e notícias começavam a chegar dos nossos amigos que foram enviados a cidade, um inseto predador do mosquito também geneticamente modificado foi produzido em laboratório e espalhado pelo planeta por chineses e este inseto estava acabando com os mosquitos, eram as informações estranhas que chegavam a nós, mas pelo que parecia as pessoas estavam voltando as cidades e elas estavam repletas de árvores e plantas por todo lugar, as pessoas estavam ocupando as milhares de casas vazias, e as coisas começaram a voltar a funcionar, a energia pouco se usava, somente em casa que possuíam painéis solares, as pessoas andavam de bicicletas e plantavam em praças e terrenos vazios, campos de futebol e todo verde que achavam, todos se ajudavam e ninguém podia ter mais do que necessitava, era visto como um crime horrível e ninguém ajudava os egoístas e eles não duravam muito, logo sediam a solidariedade e igualdade, raça, credo e sexualidade, não era discutido, afinal discriminar alguém quando mau se tem o que comer era ridículo.

Eu e Lu fomos algumas vezes a cidade ver como as coisas estavam, não podíamos ir muitas vezes pois só tínhamos um veículo elétrico na Vila e gasolina ou álcool não se achava mais, bem as coisas na cidade andavam bem diferentes, não tínhamos mais um governo central com antes, agora tínhamos comunidades urbanas e rurais, eu e Lu decidimos continuar na nossa amada Vila Vida que estava funcionando muito bem a cidade ainda engatinhava para uma organização e auto sustentação.

2112Onde histórias criam vida. Descubra agora