Capítulo 3

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Millie Evans

As narinas de Nathan dilataram-se, embora ele ainda sorrisse.

- Agora, o que disse sobre o seu compromisso?

Engoli em seco e evitei os olhos dele.

- Eu disse que não podia conversar com você. Tenho serviço pendente.

Alto e largo como sempre, ele usava seu poder de atração tão facilmente quanto seu terno bem confeccionado. Sua expressão mostrava a mesma persuasão sedutora de sempre.

- O serviço pode esperar – disse. – Desconfio que seu novo chefe não faça objeção alguma quanto a isso. – Havia sarcasmo nítido em suas palavras.

- Eu necessito de tempo para encontrar e organizar as bebidas mais pedidas da noite, sendo assim, preferia não perder tempo.

Quando ele não respondeu, ergui os olhos, notando o desafio.

- Então é assim que pretende agir, Nathan?

- Millie... – repreendeu ele com um sorriso protetor.

- Você consegue ser pior do que eu imaginava – sussurrei, evitando alterar a voz. – Eu virei algum tipo de jogo para você? É excitante quando a mulher não colabora na conquista? É isso?

- Não fale besteiras. – Rosnou com seu semblante sério demais para que eu pudesse retrucar. – Não estou jogando, apenas estou em busca do que é meu.

Sua declaração enfraqueceu meus joelhos. Seu olhar caiu sobre minha boca, garganta, o decote do meu vestido.

- Eu não sou sua.

- Levei tempo para escavar uma fina lasca dessa sua concha. – Senti meu peito arder e engoli em seco numa tentativa de recuperar minha compostura diante da proximidade dele. – E levei mais longos meses para encontrá-la aqui em Nova York. Eu nunca vou desistir de reconquistá-la. Eu jamais desisto daquilo que quero.

Os olhos dele procuraram os meus.

- Felizmente eu passei os últimos meses lutando para me desprender de qualquer lembrança desagradável do meu passado em Londres.

- A sua dificuldade em mentir continua acentuada para mim, minha criança...

- Não ouse se aproximar de mim – falei tentando soar firme, odiando a forma como ele ainda me tinha sob sua pele.

Ele sorriu triunfante.

- Eu não farei nada que você não queira. – Ele disse com aquele mesmo tom caloroso que costumava me enlouquecer.

- Preciso adiantar o meu trabalho agora, por favor, me dê licença.

- O que disse ao Simon sobre o seu tempo em Londres?

Tentei ignorar o nó que aquela pergunta provocou em meu estômago.

- O meu passado não é digno de orgulho para mim – falei entre dentes. – Ou acha que eu contaria a ele ou há qualquer um aqui, o quanto eu fui idiota ao me apaixonar por um canalha feito você?

Vi quando trincou o maxilar.

- Ele me deu a clara impressão de que você foi ferida em Londres. Insinuou que você era assustada, solteira e ainda recuperando-se de um golpe emocional que sofreu.

Eu iria estrangular Simon na próxima vez que o visse.

- Ele tentou envolver-me com seu neto algumas vezes – disse com peculiar calma. – Quando eu recusei, Simon deve ter assumido o pior.

Trilogia Pecaminoso: Da vingança ao Perdão (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora