Lauren

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Chego em casa após toda a confusão que aconteceu na escola.

Em minha casa existe uma espécie de ritual desde que meus pais se divorciaram. Eu, minha mãe e minhas irmãs, nos assentamos a mesa durante o jantar, e cada uma tem a sua vez de falar um pouco sobre o seu dia.
Hoje, minha irmã Taylor, de 8 anos, é a primeira a começar. Ela fala algo sobre como o garoto de sua turma é estúpido, enquanto minha mãe apenas assente com a cabeça.

Esta é Clara Jauregui. Uma mulher bonita, porém visivelmente cansada e apática a tudo que está acontecendo, mas ainda assim, esforçada para ser uma mãe presente e demonstrar que tudo vai ficar bem. Pena que ela não tem conseguido, mas pelo menos ela tenta.

- E com você, Laur? Como foi o seu dia?

- Nada demais, apenas aulas chatas e estudos. - ela me fita por breves segundos, e apenas assente.

Ela jamais se daria ao trabalho de me perguntar mais alguma coisa sobre o meu dia e correr o risco de arranjar mais uma decepção, e como minha irmã Keana quase nunca está, a conversa familiar se encerrou neste momento e eu resolvi ir ao meu quarto. Subi pelas escadas e o adentrei, indo direto para o meu computador. O liguei e fiquei parada em frente a tela por um tempo, até que resolvi criar uma conta no Facebook.

Eu nunca tinha criado uma conta porque nunca me tinha sido preciso expor uma falsa vida em uma rede social, de forma com que todos achassem que sou perfeita e feliz. Mas tive um motivo bem forte que possui nome e sobrenome, acompanhado de um lindo sorriso. Criei minha conta e resolvi adicionar uma foto ao meu perfil, procurei por uma na galeria, até achar uma em preto e branco, então a selecionei e postei. Cliquei na barra de pesquisas, e digitei o nome "Camila Cabello", e o perfil da Camila que eu procurava apareceu em terceiro, cliquei e logo estava em sua página.

Olhei as fotos, algumas sorrindo, algumas com amigos da escola e outras em festas. Até que cheguei em uma foto em que julguei que a pessoa que estava com ela era sua irmã, já que se pareciam bastante e os sobrenomes eram os mesmos, mas ao olhar os comentários da foto, tive uma constatação que eu não esperava ter. Droga! Camila é a garota que sobreviveu ao acidente de carro. Sofia é o nome da menina que estudou no Liberty High e faleceu em um acidente de carro há meses atrás... Será que este seria um motivo para ela estar na torre do sino? Fechei a foto, enviei uma solicitação de amizade e saí de minha conta. Abri uma gaveta da escrivaninha do computador e puxei um maço de cigarros. Fiquei analisando a embalagem e os avisos que o ministério da saúde advertia com relação aos problemas que isto poderia me causar.

O número de mortes provocadas pelo consumo de cigarro aumentou de 4 milhões, no início do século, para mais de 7 milhões e metade das pessoas que consomem tabaco morrem de doenças associadas ao fumo.

Pesquisar sobre isso me fez ver que fumar é apenas uma forma de me envenenar gradativamente. Parada em frente ao computador, enquanto meus olhos corriam por cada linha que havia em todas as pesquisas pesquisas possíveis, decidi amassar meu último maço de cigarros e o jogar no lixo. Seria hipócrita da minha parte dizer que estou fazendo isso por mim mesma, já que continuarei fazendo uso de bebida alcoólica normalmente, porém, ao ler todos os artigos, me dei conta de que não é justo envenenar as pessoas ao meu redor, ninguém é obrigado a inalar a fumaça da nicotina e a armazenar em seus pulmões. É claro que eu poderia fumar em um lugar reservado, mas não há graça nenhuma em me matar aos poucos e ainda sofrer com uma, ou várias doenças.

Por Lugares Incríveis - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora