III

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Shiyo soltou o animal devagar e, ao ouvir as palavras de Samir colocou-se em pé num salto, agarrando a sombrinha. 

— Cheung! — a respiração e batimentos aceleram, a alegria era tanta ao ouvir aquilo que não podia conte-la. — tenho certeza de que é meu irmão Cheung! — olhou para Kassim. — ele vem conosco, Samir?

A alegria de Shiyo ao ouvir sobre a chegada do seu irmão foi um soco em no estômago do esposo. Claro, o que estava achando? Que permitindo passeios, apoiando que mantivesse seus costumes e dando-lhe o mais valioso dos presentes de seu reino, ele esqueceria o fato de estar unido à si a força? Com a expressão se fechando, assentiu. 

— Kassim, não desgrude de seu dono. —ordenou e Kassim se colocou à esquerda de Shiyo. — Se estiver cansado, sente-se nas costas de Kassim. Ele gosta de levar alguém em seus passeios, os filhos dos criados sempre sobem nele, ele é um tigre forte. — mesmo assim, ofereceu o braço em arco, ficando do seu lado direito. — Venha, vamos recebê-los nos jardins dianteiros quando chegarem — e começou a caminhar. Tentara soar doce, mas era óbvia sua irritação.

Shiyo estava tão contente que nem questionou nada, ou falou sobre a cara amarrada de Samir. Já havia percebido que ele era um pouco bipolar, olhou para o tigre que os seguia e sorriu, algo lhe dizia que descobriria muitos lados de Samir junto a Kassim. 

Ergueu o rosto para o marido e ao invés de segurar, abraçou seu braço, repousando a cabeça contra o mesmo.

— Obrigado-do por ser — se esforçou para lembrar da palavra no idioma dele. — c... C... — queria que Samir entendesse que estava sendo importante para si. — c... compreensivo.

Não era bom estar emocionalmente aos pés de alguém. Samir aprendera isso com a mãe, uma tola apaixonada pelo mais cafajeste dos homens. A paixão e desejo cegavam e te deixavam à mercê da outra pessoa, por isso eu prometeu a si mesmo jamais me envolver de tal maneira. Preferia ser o cafajeste a ser o apaixonado... Mesmo assim, ali estava, sorrindo e se inclinando para beijar os lábios de Shiyo, seu mau humor desaparecendo por completo com apenas poucas palavras suas. 

— Fale em seu idioma comigo — pediu. — Eu apenas me sinto no dever de te compreender, você foi arrancado de sua terra e jogado num casamento que não desejava, em um reino completamente diferente do seu. — caminharam lado a lado, até chegarem ao jardim dianteiro no exato momento em que o príncipe estrangeiro e o sacerdote desciam da carruagem perto dos portões.

As palavras do esposo haviam feito Shiyo se sentir legível aos olhos do maior, o que o fez perceber... O quanto conhecia de Samir? Não estavam casados a muito tempo, mas ele o entendia tão fácil, enquanto o pequeno quebrava a cabeça para tentar o entender, nem que fosse só um pouco.

A boca quente do moreno sobre a sua algo que estava se acostumando, confessava apenas em pensamentos, adorava. A hipnose por seu esposo só desapareceu quando olhou para frente e ali estava o sacerdote Shion e...

— Irmão. — falou, falho o rosto ficando vermelho e os olhos cheios a lágrimas, a saudade era tanta que minha educação e controle se foram, quando viu, corria em cima de seus sapatos de madeira, quase caindo com eles, atirou-se nos braços do irmão que prontamente o segurou e apertou com força, chorou baixo em seu ombro. — por que demorou a me visitar? — falou, vulnerável, chorando e o questionando tal como uma criança, sem o soltar, suas mãos tremiam. 

— Desculpe, irmãozinho, eu tive alguns problemas. — Cheung disse em sua voz rouca e grave, as mãos largas acariciando as delicadas costas do caçula, seus olhar era carinhoso e dolorido.

Cheung tinha os cabelos escuros de Shiyo, a pele um pouco mais escura, uma estatura alta beiram quase um metro e noventa, diferente do menor, não possuía traços delicados. Seu rosto era bem marcado, com o queixo quadrado, lábios medianos e olhos curiosamente claros que davam um exótico contraste ao rosto oriental.

Meu Narciso - A Saga das Flores, Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora