O coração às vezes faz alianças com o momento, uma má aliança que serve para deixar-nos confusos sobre o que você acha que é, e o que realmente é. Os corredores escuros tomados pelo silêncio noturno trazia cada vez mais desconforto á mim, e andar ao lado daquele homem só deixava as coisas piores, cada passo era pior, cada respiração era pior, cada toque invisível era pior, essa era a reação em cadeia que o Sr. D causava em mim, um garoto vindo de uma cidade pequena e vintage, que ao invés de prédios haviam casas, ao invés de ruas tinham estradas de terra e poeira; E agora, dividia meus pensamentos, eu poderia ver minha vinda como, um presente bom, ou um presente ruim, e até agora não sei como definir. Aos poucos, a iluminação volta ao normal e percebo que tem a tonalidade diferente dos outros cômodos, é como se estivéssemos indo para um sótão escondido que eu com certeza não tinha visto ainda. Engulo em seco e procuro meu celular no bolso de minha calça, olho para a tela onde está uma foto minha com minha melhor amiga, Alisha, espero encontrá-la aqui algum dia; ponho a senha e minha caixa de mensagens abre-se, vários grupos que já não tem assunto e eu continuo neles, talvez apareça alguma novidade, e então eu sou acordado do delírio virtual com uma leve tosse, olho ao redor, mas não há ninguém, e duvido que o Sr. D tenha feito isso. Volto a mexer, mas outra tosse impede e desta vez, mais rápido que pude pensar, meu celular foi tomado das minhas mãos e enfiado no bolso do terno de Sr. D, hesitei boquiaberto, qual direito ele tinha para tomar meu aparelho? A resposta está na ponta da minha língua, mas não posso pronuncia-la, ele é o dono da mansão, e eu sou apenas um peso que seu pai colocou antes de morrer, ele certamente deve estar implorando para que esse ano acabe e ele possa trazer mulheres novamente e transar com elas toda a noite até que canse... sinto muito Sr. D, mas não vou ficar calado para sempre.
– Quem deu permissão para que tomasse meu celular? – pergunto um pouco baixo, quase como um resmungo, ele não vira-se, apenas continua andando, seu silêncio e formalidade me trás calafrios, mas não vou ficar quieto, aumento a voz – devolva meu celular. Por favor.
Sinto que ele sorriu, a luz já próxima dá um toque sombrio á ele, um pouco de seu rosto iluminado e o resto apenas escuridão. Respiro fundo tentando me acalmar, não quero dar um treco e gritar feito um louco apenas porque ele tratou-me como um adolescente viciado em internet. Tomo coragem e avanço, e ao tocar seu ombro, meu corpo estremeceu
– Por favor Sr. Darkness – repito, minha voz saiu tão suave que eu mesmo me surpreendi – pode me devolver meu celular?
Ele deu de ombros e finalmente olhou para mim, se ele não fosse tão mal educado e irritante, e hétero, talvez eu... Não posso pensar nessas coisas, ele é a pessoa mais antipática que conheço.
– Você quer seu celular, estou certo? – assenti com a cabeça, seus olhos esverdeados trouxeram-me um vontade imensa de estar em algum outro lugar, diferente e paradisíaco com uma praia, eu realmente acho que estou ficando louco. – Contanto que não use-o durante todo o percurso, e também o jantar, e sequer hesite em pegá-lo, eu devolvo. – Assenti novamente, pronto para ter meu aparelho de volta, ele pôs a mão no bolso e retirou-o, estendi a mão para pegar e ele enfiou-o no bolso mais uma vez, não preciso dizer quão confuso eu fiquei – Olha só, você já ia pegar. Terá seu aparelho ridículo quando eu quiser.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Darkness (Romance gay)
Misteri / Thriller[Livro também disponível na conta "AngelPower58"] William não imaginava como algo poderia ser tão perigoso, intenso e sombrio. Ao sair da casa de seus pais, tudo parecia normal, a sensação de, finalmente conseguir a liberdade era realmente algo enco...