ela

ANO TRÊS

_Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso! – Eu gargalhava alto ao dizer aquilo.

_Como não? – Dizia ela, surpresa. – Não acredito nisso! Você deve fazer sucesso com as garotas!

_Acredite em mim... Essa é a mais pura verdade! Faz tanto tempo que eu não saio com uma que... Não tenho a mínima ideia de como agradá-las. – Sorri sem graça. – É vergonhoso, eu sei, mas... Já que você é uma...

_Sou. – Ela sorriu. – É claro que sou uma garota! Ou você acha que por trás desse telefone tem um homem fingindo ser uma garota?

_Bom...

_Bom... – Ela repetiu como se esperasse ansiosamente por uma resposta minha, ou talvez fosse mais uma das implicações da Helena, afinal ela adorava tentar me irritar.

_Disso não posso ter cem por cento de certeza, até porque eu preciso de vídeos! – Nós sorrimos. – Mais vídeos da Helena Narcizzo, por favor!

_Você já tem o bastante para fazer um longa metragem sobre mim, senhor Matos!

_Será? – Coloquei a mão por debaixo da cabeça, acima do travesseiro. – Mas então... Dicas de como conquistar uma garota?

_Chocolates? Flores? Você nunca assistiu a filmes românticos, certo? – Ela me fez sorrir, e em um rápido instante ficamos em silêncio que logo foi quebrado por ela. – Em qual mundo você vive?

_Bom, no momento estou vivendo mais no mundo virtual em relação ao real... E bem... Eu não conheço pessoalmente a garota a quem pretendo entregar as flores... Ou os chocolates... Filmes românticos! – Nós sorrimos, quando me dei conta de que estava sendo tão bobo, e ao mesmo tempo me sentia tão bem. Era estranho. Pude perceber a surpresa da Helena quando ela ficou sem reação.

_Bom... – Acredito que ela tentava achar as palavras certas. – Bom, não é querendo estragar as suas expectativas, mas...

Ela fez um suspense enquanto eu apenas esperava pacientemente, o que era típico.

_Devo lhe dizer que... Há uma chance remota de que essa garota possa ser um homem!

_Cara! – Exclamei alto, e balancei a cabeça. – Por que você faz isso comigo?

_São só algumas das possibilidades que o autossuficiente Gustavo precisa ou pode lidar algum dia desses! Só estou...

_Você adora me torturar. – De fato, ela gostava.

_Só um pouco. – Helena sorriu, à medida que eu também sorria.

_Tudo bem, mas vou esperar que um dia desses eu lide com algumas dessas possibilidades, que só você, do outro lado pode me proporcionar!

_Será que vale a pena? – Ela sorriu maliciosamente.

_Quem vai me dizer isso é você!

_Não. – Ela falou seriamente, ficando em silêncio. – Por que não?

_Não acredito que só eu possa ditar que algo vale a pena, quando também penso ser desconhecido.

_Você está querendo dizer que...

_Que você... Que desconfia tanto de mim... Pode ser um garoto de dez anos, uma mulher, ou até um ancião! – Nós sorrimos, e eu só conseguia pensar em como era estar presente dela, do seu sorriso.

_São tantas opções... – Eu mordi os lábios, e logo sorri sem um motivo aparente. – Embora, posso te dizer que a quantidade delas não ultrapassa o tamanho da minha vontade de te conhecer!

_Também sinto vontade de te conhecer, de saber mais sobre o Gustavo... – Eu a interrompi. – Então... O que você está esperando?

_Gustavo, eu já te disse... Não acho que esse é o tipo de situação que precisa acontecer assim... De uma forma tão rápida, só porque supre o nosso desejo.