ANO CINCO - DIAS UM E DOIS

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ANO CINCO – DIA UM – A NOITE

Depois de dirigir durante horas, e parar em vários hotéis. Eu e o Merlin, finalmente havíamos chegado ao nosso destino. Uma metrópole, cheia de arranha-céus. Uma vida agitada, caracterizada pelo barulho do trânsito, e pela correria das pessoas. Diferente do que eu estava acostumado. A calmaria do som das ondas do mar. Era uma cidade bela, pensava, ao olhar todos aqueles prédios iluminados, de cores diferentes, pela janela daquele estranho quarto de hotel.

Eu sorri ao ver que Merlin se sentia tão à vontade, após ter jantado, ele apenas brincava com o seu décimo quarto "urso de estimação" (destroçando-o, até que aquele urso de pelúcia não existisse mais, e fosse renovado, como de costume). Quando ouvi o toque de chamada em meu celular, que estava em cima da mesa.

_E aí, cara?! – Disse sorrindo, à medida que a chamada de vídeo falhava. – Só um instante, eu acho que é a conexão.

Caminhei pelo quarto, até que enfim a imagem pôde ficar nítida, quando me sentei em uma poltrona.

_Como vai o senhor casado?

_Muito bem, obrigado! – João parecia diferente, com aquela roupa branca e um colar colorido havaiano. Ele estava com outro olhar, e com um sorriso escancarado. – Eu estou vendo, cara! Casar faz esse milagre todo aí, não é?

_Por enquanto... Sim... – João sorriu, e continuou. – Até que as divergências apareçam, e briguemos com tanta intensidade que...

_João! – Interrompi-o, surpreso. – Quanto pessimismo! Mal casou, e já está assim?

_Sou realista... – Ele sorriu. – É a mais pura realidade, embora... Vou vivendo... Até que elas resolvam aparecer...

_Espero que a Laila não esteja ouvindo isso, por que...

_Não, sem chances! Ela está em um spa... Você acha mesmo que eu cometeria um suicídio desses? Tá louco?!

Eu balancei a cabeça ao passo em que escutava aquele discurso todo dele.

_Tudo bem, então... Até por que... Eu não sou o casado aqui... Mas, e aí... Aproveitando muito?

_Posso dizer que sim... Eu e Laila fomos até uma ilha, com várias piscinas naturais... Ganhamos um concurso de dança! – Eu o olhei, intrigado. – Eu sei o que você deve está pensando... "O João dançando?"... Como eu pude perder isso?

_Pensei isso mesmo... Pontos! – Falei, sorrindo. – Devo confessar... Estou surpreso com o que a Laila anda fazendo com você! Imagino que seja um trabalho árduo ter que lapidar esse diamante bruto...

_Lá vem, você, Gustavo... – Ele sorriu, e levantou o dedo. – Saiba que não só sou eu quem dou trabalho, viu? A Laila precisa ser aprimorada também! É... Meu amigo, pensa que não? Ela vem falando frequentemente sobre o quanto precisa administrar o tempo pra que a gente não fique muito afastado um do outro... Porque você sabe, nós vamos voltar pra a rotina, e é a primeira vez que estaremos casados nessa jornada desgastante... E, eu não sei como lidar com... Com o fato de estarmos tão imersos nos compromissos, e daí precisarmos ver a melhor forma de estarmos juntos... É totalmente complicado...

Ele levantou as mãos, ao mesmo tempo em que eu sorria.

_Tá vendo? As divergências já estão começando a aparecer... – João passou a mão no rosto, preocupado. – Você consegue, cara! Já deu até o primeiro passo pra isso!

_Sei que sou forte... Mas, casamento... Acho que foi demais...

_Que nada! Depois... Você vai acabar se acostumando...

elaOnde histórias criam vida. Descubra agora