Um broche

25.3K 3.8K 7.4K
                                    


Um broche.

Sua desculpa para ir até onde o garoto incógnito se escondia era a mais esfarrapada possível. Percebera alguns dias antes que um dos broches de sua mochila havia sido perdido, um pequeno broche preto de um Death Note. Com certeza não estaria perto da estátua da Virgem Maria, e o mais provável é que ele tivesse caído dentro de casa, mas não conseguira pensar em nada melhor. Iria até lá sob a justificativa de procurar pelo objeto.

Estava determinado a convidá-lo para dar um passeio. Toda aquela coisa do Manifesto Infantista, onde ele admitia querer fazer coisas consideradas infantis, acrescentado do desejo de atirar a arma no sonho, havia dado a Jeongguk uma ótima ideia. Levaria Taehyung ao lugar que ele mais gostava no mundo, já que o garoto o havia levado à biblioteca. Seria uma retribuição justa.

Decidiu que, se tivesse a oportunidade, o levaria ao Pixel Palace.

Era o lugar onde passava a maior parte de suas tardes e fins de semana. Gostava de se abstrair do mundo e ficar lá, só jogando vídeo games de realidade virtual, se divertindo com personagens e missões. Não fazia ideia se Taehyung já havia ido a uma lan house interativa antes, mas pensou que ele gostaria do lugar. Mesmo sem entender muito bem o porquê, Jeongguk queria agradá-lo.

Seu fim de semana havia sido bastante atípico, ao ponto de seus pais chegarem a estranhar. Mal tinha pisado fora de casa e passara o tempo todo lendo, dividindo seu tempo entre o diário de couro e O Grande Gatsby.

- Desde quando você lê alguma coisa que não sejam quadrinhos? – Sua mãe perguntou na noite de domingo, enquanto Jeongguk lia o livro de Fitzgerald sentado no sofá da sala.

- É para a escola.

Não queria se aprofundar demais no assunto. Sua mãe costumava ser bastante enxerida.

- Ainda mais estranho. – Ela comentou com o semblante desconfiado – Foi esse livro que você pegou na biblioteca?

- Sim.

Foi propositalmente seco. Não podia dar margem para que sua mãe perguntasse ainda mais, ou o interrogatório não pararia nunca.

- Com Kim Taehyung. – Ela disse, finalmente fazendo com que Jeongguk levantasse os olhos do livro e a encarasse com o semblante surpreso. Como assim ela se lembrava do nome? Que bisbilhoteira!

- O que tem ele?

Tentou manter um tom desinteressado e casual, mas seu coração começou a palpitar acelerado. Será que ela poderia ter encontrado o diário? Não é possível, e mesmo que fosse ela não teria como saber a quem ele pertencia. Por que estava tão interessada?

- Parece ser uma boa influência. Quando vai trazê-lo aqui?

Jeongguk suspirou profundamente, sua paciência chegando ao fim. Queria que ela desistisse logo ou pelo menos mudasse de assunto, mas era inútil. Sua mãe continuaria insistindo na ideia até que ele se retirasse ou acabasse respondendo-a de forma mal educada.

Fechou o livro, decidido que sair dali era a melhor opção.

- Se eu trouxer sei que você vai fazer um inquérito. Então, nunca.

Subiu os degraus até seu quarto, à procura de um pouco de paz. Não entendia por que sua mãe tinha que fazer isso toda santa vez. Como não conseguia notar que era incomodativa?

Deixou O Grande Gatsby de lado na mesa de cabeceira e alcançou o familiar caderno puído ao se jogar na cama. O livro até que não era ruim, mas o diário era muito mais interessante.

Tinha lido bastante durante o fim de semana e descobrira uma infinidade de coisas sobre o garoto incógnito.

Ele tem compulsão em ficar limpando as unhas.

Incógnito | vkook  [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora