Prólogo

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10 anos antes


Quando os dois olhares castanhos se encontraram pela primeira vez, não foi algo mágico.

Nada de frio no estômago e nem uma abrupta aceleração de batimentos cardíacos, não.

As duas crianças estavam dando os seus primeiros passos no aprendizado e aquilo era um tanto assustador, até mesmo para o valente Cameron e o Shawn.

Um novo ambiente a ser "explorado" deveria ser um tanto empolgante e atraente para um jovem com o espírito aventureiro um pouco exagerado demais até para um — como preferia ser chamado — rapazinho.

Mas pareceu estranhamente intimidante.

Cameron agarrou o braço de sua mãe como se ela fosse ir embora para sempre, mas é claro que a mulher já havia instruído o seu filho.

"Não se preocupe, meu amor. Mamãe vai voltar" ela tentou acalentá-lo, mas o nervosismo do rapazinho parecia quase irreversível.

Ela pediu que o garotinho a soltasse, entrasse na escola e fizesse muitos amigos, pois, sabia que amizades infantis eram previsivelmente espontâneas.

Por fim, Cameron concordou. Ele ajeitou a sua mochila de rodinhas e então a puxou portão adentro, lançando um último olhar em direção à mãe, afim de algum consolo, antes de se juntar ao restante das crianças chorosas e assustadas e as que não entendiam o que estava acontecendo e apenas corriam de um lado para o outro.

Não demorou muito tempo para que as crianças todas já estivessem na sala de aula, e a atividade era simples, eles teriam de desenhar duas coisas que haviam gostado de fazer em suas últimas férias e duas que não.

E o Rapazinho Brilhante já sabia exatamente o que ele iria fazer.

Tudo o que ele precisava era do lápis de cor vermelho. Sua mãozinha deslizou até o centro da mesa onde um copo cheio de lápis estava, e que surpreso ele ficou quando justamente o lápis que ele queria havia sido agilmente tirado de seu alcance.

— Ei! Eu vi primeiro! — sua voz saiu alta, denunciando sua frustração.

Ele se levantou de sua pequena cadeira e deu a volta na mesa até estar de frente para aqueles olhos que — naquele momento — não eram os seus favoritos.

— Se tivesse visido primeiro, teria pegado... — o outro garoto respondeu prontamente confiante. Mas bastou a risada anasalada de deboche que veio do maior para que o seu sorriso orgulhoso se desmanchasse.

— Hahaha! Visido... você não sabe nem falar e quer pegar o meu lápis! — ele cruzou os braços.

— O lápis não é seu... — o menor tentou, sua voz baixinha e receosa.

— Tanto faz! Eu me chamo Cameron, e a minha cor favorita é vermelho. Então eu gosto mais do lápis do que você.

— Isso não faz sentido! E como você pode gostar de vermelho? Vermelho é cor de tomate, blé!

— Se você não gosta de vermelho, então por que pegou, justamente, o lápis vermelho? — Cameron estava realmente intrigado com o seu questionamento. Afinal, o quê fazia com um lápis vermelho alguém que não gosta de vermelho?

— Pra desenhar um tomate, da-ã.

E desta forma uma belíssima amizade nasceu.

🍅🍅🍅


Ooi, pessoa!

Bem-vindo ao meu novo projeto, Counting Wounds.

Está aqui o prólogo para vocês se deliciarem com esse (unigênito) período meigo da história.

Não pretendo fazer uma história muito comprida e prolongada, é mais um projeto totalmente diferente do que eu costumo fazer.

Narrar em terceira pessoa não é exatamente um obstáculo, mas é uma "nova técnica" que eu estou aplicando, não só nesse livro (se liga...) então estou praticando.

Espero estar me saindo bem.

Obrigada pela atenção, folks.

With all love,
Little Me

Counting Wounds | Shameron [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora