Capítulo 6

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Cameron freou o skate, pisou na parte inferior, fazendo o objeto se levantar e o tirou do chão, caminhando na direção do banquinho de madeira em que Anne estava.

A garota estava linda, mas o rapaz sabia que aquilo não tinha, absolutamente, nada a ver com ele. Ela gostava de estar sempre arrumada.

Anneliese carregava uma essência hippie, herdada de sua mãe, no seu modo de se vestir — e no gosto por calmantes naturais. Nada brega, muito pelo contrário, a garota era referência de estilo na escola toda e adorava isso.

Todos adoravam isso.

Era divertido ver uma jovem que, ao mesmo tempo em que se parecia com uma modelo no jeito de se vestir, andar e se porta, era aquele tipo de garota normal, com uma bela bunda, lindos olhos cor de mel e ótimas habilidades esportivas — além de ser extremamente sociável.

— Oi Cam — a garota puxou o rosto do rapaz para perto e beijou a sua bochecha, de forma carinhosa.

— Oi — ele retribuiu e deu-lhe um meio sorriso, forçado.

Os dois sentaram-se no banco e um silêncio constrangedor tentou se instalar ali, mas Anne não era do tipo que ficava sem assunto facilmente, ou deixava uma cara de poucos amigos lhe intimidar.

Ela havia chamado Cameron ali, mas, na verdade, não sabia o que e nem se o garoto tinha algo a dizer. Seu sexto sentido para quando as pessoas estavam estranhas não era, necessariamente, algo à seu favor.

Afinal, o que ela ganharia bancando a psicóloga para o seu ex-namorado, cumplicidade?

Anne gostava de Cam, ela tinha um imenso carinho por ele. O namoro deles havia acabado de forma tão pacífica, que demorou uma semana para que eles entendessem que aquele ciclo, realmente, terminara.

Poderiam até se considerar amigos, então, ajudar um amigo, era uma boa razão — uma salvação! — para ela não ir à aula de violino naquela tarde, não que aprender aqueles instrumento fosse algo importante para ela, a sua real vontade era esfregar o dedo do meio na cara da sua professora rabugenta.

— O que que tá acontecendo contigo, Alex? — ela chamou pelo apelido pelo qual apenas ela o chamava, até Shawn aderir.

— O que você acha que está acontecendo — Cam indagou, mais para saber se estava tão na cara assim.

— Como eu poderia saber? — ela rebateu, vendo os ombros de Cam caírem, aliviados.

— Você tem pacto com satanás! Pensei que soubesse dessas coisas...

— Eu não tenho pacto com satanás, a minha avó é Mãe de Santo e são coisas diferentes... — ela se ofendeu genuinamente.

— Então como você sabe que tem alguma coisa errada? — ele tombou a cabeça para o lado e estreitou oa olhos para ler a expressão da garota.

— Ará! Então tem mesmo algo errado... — ela sorriu vitoriosa e Cam apenas desviou o olhar, tentando não dar o braço a torcer, mas o olhar da garota sobre ele era como uma arma lhe ameaçando caso não contasse a verdade.

— É que... Bem... — ele coçou a nuca —... O que você faria se começasse a gostar de alguém?

— Diria para ela ou daria em cima, na maior cara-de-pau... Mas, por quê? Quem a felizarda, eu de novo? — ela debochou.

— Não... — ele respondeu receoso.

Sabia que Anne era alguém com quem ele poderia contar, mas, não era tão simples quanto dizer que havia cometido um assassinato, Cameron estava apaixonado pelo seu melhor amigo!

— Você... Você não conhece... — disse, por fim.

— Tá legal... — ela murmurou devagar — Foda-se se eu conheço ou não, Cam. Você tem que falar pra essa pessoa, antes que seja tarde demais...

— Já... — um bolo se formou em sua garganta —... Já é tarde demais...

— Que merda, Cam — a garota o envolveu em seus braços e o confortou por alguns minutos — Ela já tem alguém?

— Sim... — ela tem alguém que é meu, seu pensamento referiu-se à latina E eu não posso fazer nada...

— Por que, não? — ela perguntou, indignada — Cameron Alexander Dallas não desiste da batalha tão fácil assim.

— O velho Cameron que servia pra alguma coisa, está morto! Só sobrou esse monte de lixo aqui...

— Não fique assim, Cam — ela desfez o abraço para poder olhá-lo nos olhos — Você não é um monte de lixo! Você ainda é o garoto esperto, forte, engraçado e confiante por quem eu me apaixonei... Então eu não vou permitir que você insinue que eu tenha tanto mau-gosto — ela brincou e o garoto soltou um soluço como risada — Olha... Eu... 

Ela tentou medir o que falaria. Cam era uma ótima pessoa, mas tinha uma mania, desde pequeno, de ferrar todos aqueles que tentavam facilitar a sua vida, mas era algo totalmente involuntário.

Não era como se uma nuvem de azar pousasse sobre a cabeça dos felizardos, mas sempre dava merda, de qualquer forma.

— Eu posso te ajudar...

Cameron arrumou a postura, esfregou os olhos como um criança e então focou a sua atenção cem porcento na garota ao seu lado.

— Como?

🌺🌺🌺

Ehehehehehehehe

Eu sou do mal...


Counting Wounds | Shameron [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora