*Destruir demónios*

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Decidi que estava na hora de destruir qualquer demónio que reside em mim, a começar por contar a Evan quem é, ou melhor, era Safira.

-Evan. -chamo o moreno e vejo todos me encaram, acho que vou ter verdadeira com todos.- Acho que está na hora de saberem toda a verdade.

-Do que estás a falar? -perguntam em coro e eu suspiro.

-Safira. -respondo e vejo a minha mãe arregalar os olhos.

-Tens a certeza, querida? -pergunta e eu assinto.

Vamos todos para a sala e eu sento-me com Ema, na poltrona, e todos se distribuem pelos sofás e chão da divisão.

-Quando eu tinha 13 anos, namorei Jake. -começo.

-Aquele que foi preso? -pergunta o tio Hayes e eu assinto.

-Ele tinha 17, na altura, e era o que consideramos 'namorado perfeito'. -continuo- Mas ele começou a ser mais ciumento, possessivo e não me deixava estar com mais ninguém além dele, como eu era ingénua não quis saber disso, pensei que um 'nós', entre mim e ele, seria para sempre e que teria toda a vida para arranjar mais amigos.

-Antes que perguntem, eu nunca aceitei aquele rapaz. -Ema frisa e eu solto uma risada fraca.

-Ele começou a querer mais do que simples beijos, mas eu nunca aceitei e pensei que ele percebesse. -disse e suspirei- Sempre que ele tentava algo mais, havia sempre alguém que interrompia e eu agradecia, interiormente, por isso. -continuo e uma lágrima escapa dos meus olhos, fazendo-me limpá-la rapidamente- Mas ele, finalmente, teve o que queria e conseguiu abusar de mim e, não, aquela não foi a última vez.

Vejo todos de olhos arregalados e a minha mãe já chorava.

-A última vez, antes de ele voltar no ano passado, que ele o fez foi descuidado e eu estava tão traumatizada que acabei por não tomar nada e engravidei. -digo e a última palavra saiu baixa, fazendo todos arregalarem os olhos e Evan e Jack cerrarem os punhos- Depois de umas semanas, eu acabei por aceitar o facto e decidi que iria ter a criança, mesmo que tivesse acabado de fazer 14 anos, pois ela não tinha a culpa do que aconteceu e eu nunca seria capaz de tirar a vida a um inocente. -uma lágrima escorre- Ele soube e... voltou para L.A., ameaçando que se eu não abortasse que ele mesmo acabaria com a vida do bebé, mas eu não quis ouvir.

Paro de falar, durante uns segundos e limpo todas as lágrimas.

-Safira acabou por nascer e eu pensei que essa seria uma nova fase da minha vida que acabaria bem. -suspiro e encaro o chão- Mas eu estava errada e Jake acabou por cumprir o que prometeu e matou um bebé inocente, a minha menina, a própria filha, na minha frente.

Termino de falar e, quando levanto o olhar, vejo todos chocados. A minha mãe chorava, o meu pai tentava controlar a raiva, os meus tios olhavam para mim boquiabertos e Evan estava de olhos fechados e punhos cerrados, acho que tentando processar toda a informação.

Menos um demónio para me atormentar, agora só me resta a dor desta memória.

Próximo demónio: morte do meu 'avô'.

Levanto-me, atraindo o olhar de todos.

-Onde vais? -perguntam em coro.

-Despedir-me de uma pessoa. -digo e caminho até ao exterior da casa, onde ainda estava o meu carro, entro no mesmo e dirijo até ao cemitério.

Assim que estaciono o carro, saio do mesmo e entro no recinto, pelos grandes portões pretos e dourados.

Caminho até à campa do meu avô e sento-me, de pernas cruzadas, à sua frente.

-Oi, avô. -digo e sorrio fraco- Antes que perguntes, sim estou a sorrir.

Fico ali uma meia hora a 'falar' com a pessoa que mais me compreendia no mundo.

-Então, avô, eu estou a deixar-te ir, espero que sejas feliz onde quer que estejas e que descanses em paz. -digo a sorrir, entre lágrimas.

Menos um demónio e a agora já só resta a memória do grande homem que Richard foi, do grande herói que ele foi, mas acima de tudo do grande pai e avô que ele foi.

Espinonson 2 {4°temporada}Onde histórias criam vida. Descubra agora