O dia começou como outro qualquer e quando acordei nem me lembrava que havia uma nova pessoa do meu lado. Quando me dei conta de que eu não estava sozinho, olhei pro lado e para minha surpresa, não tinha ninguém. Será que haviam considerado um outro grau de perigo pra mim? Ou simplesmente a trocaram de quarto?
"Me procurando?", disse Sara, saindo do banheiro. "Eu só fui ao banheiro, entendo que isso deve ser bem complicado de fazer quando você vive em uma caixa." "Nem sempre eu vivi aqui...", falei ainda um pouco sonolento. "É, eu soube, mas... Ficar acorrentado também não é uma situação muito móvel.", fiquei em silêncio, em parte porquê ainda estava acordando.
Minhas opiniões sobre Sara cresciam um pouco a cada conversa que nós tinhamos, talvez a solidão tenha me trazido um pouco de carência, mas eu duvido muito... Talvez ela só fosse bem interessante, eu ainda não tinha certeza do motivo dela estar aqui.
Hoje irão fazer uma festa no salão da grande casa, mas eu não vou poder ir, claro... Todos serão apresentados aos novos convidados e espero que acabe o mais rápido possível, odeio barulho...
"Sara, por favor, venha aqui fora.", disse Caio enquanto pegava no braço dela com certa raiva. Foi estranho, mas não falei nada. Depois de algum tempo ela voltou com um rosto de confusa, como se algo ruim tivesse acontecido. Ela sentou na cama e cogitou deitar sem contar os dreads, mas desistiu e contou todos bem rápido.
Levamos algumas horas até nos falarmos novamente, já estava na hora da festa e ela continuava na mesma posição de antes. "Você não vai?", perguntei, estava curioso pelo seu comportamento, mas quando ela me olhou se fez de desentendida. "A festa, não vai?" "Ah... Não, estou bem aqui com você." "Sei..." "... Aquele Caio, ele não gosta de você, não se mete com ele não." "O que? Como assim? O que ele falou de mim?" "Ele me perguntou se você foi agressivo comigo e falou que poderia mandar você para a cadeira elétrica a qualquer momento, era só eu denunciar.", depois dela falar isso, eu fiquei um tempo sem falar tamanha a estupidez que aquele homem havia feito. Agora ele tem um inimigo permanente e nada vai me impedir de sentir o sangue dele em minhas mãos. NADA!
"Sara... Você disse alguma coisa?", não olhei para ela naquele momento, pois não queria que pensasse que isso foi uma ameaça... Não agora... "Não disse nada, não vou te incriminar pelo seu passado.", eu concordei com a cabeça, realmente acreditava nela, ainda não tinha motivos para pensar o oposto.
Por sorte a festa não durou muito tempo, eu e Sara ficámos conversando um pouco depois dessa chateação, eu decidi não me meter com ele por enquanto, mas eu não esqueci meu objetivo aqui...
"Sara, eu gostaria de saber uma coisa... Por que você veio para esse lugar? Você não parece isolada ou perigosa, não parece incontrolável.", ela olhou para mim e logo depois abaixou a cabeça, deu uma leve risada de nervoso e falou "Então está funcionando... Esse não é o primeiro lugar que eu fico, nem o segundo... Ou o terceiro... Antes de tudo isso eu morei muito tempo em uma comunidade, trabalhando como arma de tortura. As pessoas me deixavam trancada em um quarto, pois morriam de medo de mim, então elas só jogavam quem queriam que eu matasse lá e eu pulava na garganta delas com uma faca e esfaqueava até a cabeça deles sair. Eu não tinha nenhum dó pela humanidade. Você não sabe como foi difícil vim parar aqui, esse é o lugar com menor segurança que eu já estive... Eu não quero falar mais disso.", após ela falar isso, se virou e não disse mais nenhuma palavra.
Talvez ela realmente seja muito mais do que eu pensei, talvez ela seja muito pior do que eu jamais fui. Isso é incrível! Se eu conseguir despertar todo esse ódio nela, sei que aquele enfermeiro vai desejar nunca ter mexido comigo. Ele quer me matar? Eu vou matar ele antes. Essa caixa não vai me segurar para sempre.
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1+1=3
HorrorUm psicopata se encontra em total desvantagem ao ter que dividir seu quarto com uma pessoa estranha