Capítulo 6

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Num anfiteatro algumas semanas depois do ano novo acontecia a reunião semanal do sindicato dos trabalhadores de Nix, no primeiro dia do ano já estava programada para discutir todos os problemas que enfrentavam na lua. Quatro mil operários lotavam as poltronas e se colocavam em pé por entre os corredores de cadeiras para ouvir um líder sindical.

Sobe ao palanque um senhor emagrecido, com pele duramente enrugada, cabelos grisalhos amarrados em um rabo de cavalo descuidado. Ele vestia camiseta vermelha comum aos movimentos como aquele.

–Uma nova ala subterrânea irá ser inaugurada hoje para abrigar mais mil trabalhadores que migrarão para a nova fábrica de torpedos nucleares. Faremos a recepção hoje durante a noite. Porém aguardamos o carregamento de comidas, bebidas e remédios que virão junto no mesmo transporte para que levemos para nossas famílias.

–Como vamos alimentar mais mil trabalhadores se nossos filhos estão emagrecidos e fracos por falta de nutrientes? – Gritou uma jovem emagrecida de cabelos negros que estava nas fileiras mais próximas ao palanque.

–Quem é você garota?

–Me chamo Ortega Dias, e estou farta de sofrer. Meu filho de 2 anos foi internado no centro de terapia intensiva essa semana, ele contraiu uma infecção oportunista devido a desnutrição severa e mal formação óssea. – A garota chorava enquanto gritava.

–Por favor retirem ela do anfiteatro. – Berrava o senhor quando viu os ânimos do local elevarem-se com a comoção da garota.

A multidão se exaltou, os trabalhadores gritavam e mandavam o senhor sair de cima do palanque, concordavam com o desespero de Ortega. Impediam os seguranças que tentavam conter a multidão, um dos trabalhadores do grupo colocou a garota nas costas e outro deu o microfone tomado da mão do velho.

–Não podemos mais nos submeter a regimes de 6 meses de trabalho obrigados a permanecer aqui vigiados todos os dias por soldados de Raven. – Gritava Ortega Dias no microfone – Eles nos mantêm trabalhando na mira de fuzis, enquanto nossas crianças crescem nesses buracos lunares. Meu filho não toma as vitaminas faz mais de 6 meses, está desnutrido, com ossos fracos por crescerem em baixa gravidade. Eles não podem nem ser salvos ao retornar para o planeta pois não resistiriam a atmosfera por mais de um dia. Nossos filhos foram condenados a viver no espaço para sempre e ninguém faz nada em relação a isso. – A plateia urrava a cada frase da garota. – Não suportaremos mais 6 meses nas estações com mais mil trabalhadores sendo enviados, as pessoas de Nix não suportam mais sofrer.

Os trabalhadores romperam o salão gritando com Ortega nos braços.

"Fora Raveanos! Fora Raveanos!"

Os soldados do lado de fora do anfiteatro tentaram impedir a multidão, porém despreparados, dispararam com os Huricane e feriram gravemente dois senhores mais velhos que marchavam à frente dos manifestantes. A consequência desse ato gerou o espancamento dos soldados, seus corpos foram amarrados na praça central, a revolta foi geral, trabalhadores de todos os setores pararam o que estavam fazendo e renderam os soldados Raveanos. A maioria foi espancado, alguns até a morte.

Uma confusão geral contaminou toda a colônia. Uma notificação era exibida, Jéssica que brincava com crianças no centro médico parou assim que as palavras pairaram na sua lente intracorneana.

"Atenção: não saiam às ruas. Decretada lei Marcial"

A greve em Nix estava instaurada e a notícia naquele tempo viajava rápido. Vídeos com reinvindicações vindas dos sindicalistas chegaram em pontos distantes do espaço instantaneamente através da rede de balizadores quânticos.

O presidente de Raven ficou sabendo dos acontecimentos em Nix e presumindo que fazia parte dos planos de Coronte para pressionar seu governo em minutos acionou esquadrões próximos ordenando intervenção militar. "O Governo de Raven não negocia com terroristas, revolucionários nem separatistas".

Em Coronte a presidente Luna Zato sorria por estar tão certa, sabia exatamente o que seguiria a partir daquele momento.

Bruno que estava em órbita com o transportador de Coronte recebeu as ordens para disparar contra as usinas nucleares de Nix, era um extermínio. De imediato procurou um ponto de pouso próximo, mas não conseguia aproximar-se. Trabalhadores recebiam o transportador com tiros de Huricane sempre que tentava.

"Transportador Raveano, aqui é Torre de Controle de Nix. Não aproxime-se, essa área está tomada e exige negociação com o presidente de Raven."

–Eu sou Coronteano e moro em Nix, me deixem pousar, esquadrões Sabre estão a caminho com ordens para conter a greve, preciso evacuar o máximo de pessoas que puder.

"Repito, você não tem permissão para pouso."

Rebeldes de Coronte [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora