Capítulo 2 - Em busca de um recomeço

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    É sábado, Liza quer sair comigo hoje, ela vai com namorado dela, o Lucas, e eu com o James, meu namorado. Ela acha que pode ser um encontro perfeito entre casais. Eu acho que será um desastre. Na última balada o James socou um cara e quis parti pra cima de mim, porquê? viu coisa onde não tinha. O cara só chegou do meu lado do balcão e pediu uma bebida, nem falou comigo nem nada. Mas na cabeça chapada dele, até cantada rolou... 

   Me passou aquela garota na cabeça várias vezes, o motivo da minha dor de cabeça. Uma parte de mim gostaria de mais um esbarrão, de leve claro... 

  -Meu Deus! Que porra é essa?!

  -O que houve? -disse Liza perdida e um tanto assustada.

  -Ah, nada. Desculpa. Eu tava pensando alto.

    Não quero acreditar que estou pensando em uma garota dessa forma, já havia pensado em meninas assim mas acreditei que seria uma fase, parece que eu me enganei.

     Eu gosto do James, no começo eu queria tudo com ele, uma bela casa, filhos, finais de semanais em família, envelhecer com ele... eu confesso ter colocado planos de mais em quem não é suficiente para tal coisa. As vezes James se precipita, é manipulador, morre de medo de ser traído mas onde tudo indica não tem medo de trair. 

    Logo no começo ele me traiu, me falou coisas fora do comum, parecia outra pessoa, quando usa drogas se torna agressivo. As vezes me pergunto porque estou nessa relação, porque continuar com isso, mas eu gosto dele. Uma parte de mim tem medo ou receio de ficar sozinha.

   Ao chegar na boate James me puxou pra si. Me beijou. Me afastei. Tivemos uma discussão antes de sair de casa, ele adora dá show, isso é notório. Fui até o balcão pegar uma bebida, ele e eu não estamos nos falando agora. Pedi uma cerveja e fiquei ali, sentada, sozinha, com dor de cabeça. Uma garota se aproximava, era a garota de ontem, o motivo da minha dor de cabeça. Ela estava vestindo um lindo sorriso, um sorriso malicioso e vermelho. Ela sentou ao meu lado.

-Que coincidência não? -disse ela.

-Coincidência? Talvez... eu costumo vir aqui as vezes. Ainda bem que dessa vez eu não fui parar no chão.

Ela riu da minha "piada", um pouco sem graça, e se desculpou.

  -Tá acompanhada? - perguntou-me.

  Por um momento tentei dizer que sim, olhei ao meu redor não vi rastros de James, olhei para Sophia e falei sem pensar duas vezes "não".

-Vamos dá uma volta? - perguntou-me.

-Claro.

  Saímos da boate, entramos no carro dela e saímos estrada à fora... paramos no Mcdonald's, compramos três pizzas grandes, batatas fritas, refrigerante e algumas bebidas de leve. Ela se afastou do centro da cidade e me levou a uma praia, ao chegamos ela me pediu ajuda pra levar os cobertores e nosso "lanchinho".
  Nos ajeitamos e sentamos na areia.
  -Luna? -ela me encarava confusa e a espera de resposta.
  -Oi! -respondi.
  -Você sai com estranhos?
  -É a primeira vez, já me perguntei algumas vezes porque estou aqui...
  -Chegou à alguma conclusão?
  -Você me deixa intrigada, me parece um desafio. Confio em você, de alguma forma eu confio...
  -Você me atrai.
  -Ah, cara... Eu não curto mulheres.
  -Tem certeza?
  -Tenho.

Que situação bizarra. -pensei. Mudamos de assunto, conversamos, bebemos, nós divertimos.
Conversamos sobre futuro e eu lembrei da galera que deixei na boate, peguei meu celular pra avisar a Liza que estou bem. Tinha 65 Chamadas e mensagens no Whatsapp, ignorei James e procurei pelo contato de Liza, mandei mensagem pra Liza enquanto isso Sophia parecia pensativa.
  
-Você deixou alguém na boate?
-Bom... eu estava com meus amigos e... meu namorado - falei com um pouco de receio de sua reação, eu não sei o que essa garota tem, mas eu não quero magoa-la
-Porque disse que tava sozinha? Quer voltar? Eu posso te deixar em casa agora mesmo - disse ela num tom um tanto quanto desapontada.
-Não, esse é o lugar onde eu quero estar, com a pessoa que eu quero estar. - indaguei com medo de ser muito óbvia.

Continuamos conversando e nos divertindo, sabe quando você acaba de conhecer alguém mas você se sente tão pertinho? Aquecido? Como se fosse a conexão perfeita. É isso que sinto nesse exato momento, ela é o match perfeito pra mim e eu me sinto a maior idiota do mundo.

-Bom, o papo tá ótimo, a companhia é mais que perfeita. Eu tenho que ir, amanhã eu tenho um trabalho extra, quer dizer... hoje.
-No domingo?
-Pois é! Vamos, te levo até em casa.
-Eu posso pedir um Uber.
-Não, eu vou te levar.
-Tá bom, tá bom.

Durante o caminho ela se permaneceu calada, parecia inquieta, como quem tá pensativa e chateada, eu olhava um tanto constrangida, sem querer dar qualquer bandeira. Eu não tinha notado como ela é linda, agora ela está séria, com ar de quem ta chateada. Ela tem olhos castalhos e cativantes, morena, cabelo cacheados, corpo cheios de curvas... O tipo de mulher que passa e não fica despercebida.

Cheguei em casa, ela põe a mão suavemente no meu joelho, finjo não ter notado e nos despedimos com dois beijos na bochecha, sai do carro e uma luz se ascendeu no terceiro andar, provavelmente foi Liza, quando cheguei no portão olhei pra Sophia e ela tava saindo do carro e vinha na minha direção.

-Ei! Seu celular.
-Ah! Esqueci.
-Tomei a liberdade de salvar meu número... - falou enquanto me dava o aparelho.
-Obrigada!
-Não precisa agradecer.
-Pelo número... - sorri meio sem acreditar no que acabei de falar.

Ela pareceu confunsa mas deu uns passos a frente, ficando mais perto de mim, colando o corpo no meu. Eu sentia tudo, a respiração dela, as batidas dos nossos corações, era só nos duas naquele momento. Estavamos próximas o suficiente para que eu sentisse seus lábios encostarem os meus, nesse momento ouvi a voz de James:

-Luna!! Que merda é essa?

Pedi pra Sophia ir embora, ela fez isso. Enquanto ela sumiu da minha vista, eu virei e James estava furioso no portão, tentando abrir. Era um portão velho, emperrava as vezes. Eu ajudei ele abrir, e entrei. Disse que não ia discutir na rua. Subimos calados e ao atravessar a porta ele começou o show, não tiro as razões dele mas ele não é tão bonzinho o tempo inteiro e não foi intencional. Ele estava falando de muitas coisas e eu não consegui acompanhar nada, eu me dirigi até a geladeira e peguei um copo com água, encostei na pia e fingi prestar atenção em tudo que ele falará mas não consigo...

-Responde sua vagabunda!!
-Que?? Você me chamou de vagabunda??? - indaguei furiosa (ele nunca tinha falado assim)
-Eu não queria... ter dito isso, mas você não me deu opção, eu tô sobrecarregado e isso é culpa sua.
-Sabe, eu não suporto mais isso. Tô saturada. Quanto tempo isso durou, eu estive esse tempo todo empurrando com a barriga... - ele interrompe.
-O que você quer dizer com isso? Quer terminar comigo pra ficar com essa vadia que eu flagrei lá em baixo? Me poupe! Virou sapatão agora? Me poupe, me poupe...
-Você tem noção das merdas que fala? As vezes eu acho que não... bom, eu não quero ter essa conversa agora. Vai embora.
-Tem certeza disso?
-Tenho, vai.

Ele tentou resistir mas acabou indo embora, tomei um banho gelado e fui pro meu quarto. Liza esperou eu terminar o banho, me vigiou fielmente na verdade e perguntou quem era ela, como nos conhecemos... deitamos e conversamos até dormir.

Hora certa para amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora