02. corina

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02. corina

Sexta-feira, 28 de Setembro

Cora passou as mãos pelo lençol mais uma vez, retirando os últimos nós e amaçados do tecido. Olhou em volta, conferindo tudo uma última vez.

Cama, ok. Roupas, ok. Livros, ok. Velas... eu sabia que estava esquecendo alguma coisa!

Andou até o outro lado do quarto, onde havia uma mesa com algumas velas amarelas e incensos, e acendeu alguns, logo o cheiro de lavanda tomou o quarto. Nos últimos tempos, a garota andava muito confusa e estressada, por isso faria tudo o que pudesse trazer um pouco de clareza e calmaria para sua vida. E esse altar servia exatamente para isso. Depois de verificar se estava tudo no lugar e seguro, pegou a mochila e saiu pela porta. Ela não podia correr o risco de colocar fogo na casa outra vez.

E falando em colocar fogo...

A garota trancou a porta de seu quarto e parou no corredor, puxando o ar com força, esse cheiro é de fumaça?. Rapidamente ela cruzou o corredor até chegar na cozinha, onde encontrou um garoto muito desesperado tentando tirar uma panela queimando do fogão, enquanto desligava o fogo e abria a janela, tudo ao mesmo tempo. Belzebu, o gato, enrolava-se entre as pernas dele, ronronando altas reclamações. Cora cruzou os braços e encostou na parede, mordendo o lábio inferior para conter o riso. O bichano, ao notá-la, veio até ela, que prontamente o pegou no colo, acariciando seu pelo cinzento.

Depois de conter a situação, Otto colocou as mãos na cintura, fez sua melhor expressão de ofendido e se virou para a amiga.

─ Você bem que podia ter me ajudado, né, Corina? ─ ele perguntou, levantando as sobrancelhas.

Cora pegou um pano de prato de cima da mesa e jogou na cara de Otto. O garoto sabia muito bem que ela não gostava de ser chamada pelo nome inteiro, afinal, não era para isso que os apelidos serviam? Para serem usados no lugar dos nomes? Otto, mais do que qualquer um, deveria entender isso. Seu nome deveria ser Otávio ─ um que ele detesta, inclusive ─, mas seja lá por qual motivo, seus pais decidiram colocar direto o apelido.

─ O que você tava tentando fazer? ─ Cora perguntou, se aproximando um pouco mais para avaliar melhor o estrago.

A panela não estava toda perdida, mas a massa queimada dentro dela sim. Havia farinha por toda a pia, fogão e até pelo chão, algumas cascas de ovos jogadas por todo o lugar e um liquidificador todo sujo de massa.

─ Queria fazer um bom café da manhã para a Allegra ─ Otto disse, parecendo envergonhado. ─, ela quase não saiu do quarto essa semana.

Allegra era a terceira pessoa que dividia aquele apartamento e estava passando por um término conturbado. Mas isso não era novidade para nenhum dos outros dois, afinal, ela e o namorado terminavam a cada três meses.

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