Um caso?

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Acabaram-se as aulas de hoje, eu e Nanda fomos para o nosso Lugar Secreto. A propósito, este era o lugar onde nós vamos quando queremos nos "esconder de todos", ou quando temos que passaram um tempo longe da sociedade, da escola ou até mesmo de nossos pais. Sempre que um vai até lá, deve ligar para os outros para irem imediatamente para lá. Sem querer enrolar mais do que já enrolei, esse lugar é.. Ah, peraí, também é lá que o Pedro tem seu laboratório científico. Enfim, o lugar é a casa da árvore que está na pracinha. Compramos ela do governo, com uma vaquinha que arencaramos, pagamos R$ 3.000, mas valeu a pena. A nossa casa é gigante, quando compramos estava caindo aos pedaços, mas o pai de Pedro é pedreiro e concertou para nós. Lá tem tudo.. Menos banheiro, oque já era de se esperar. Mas tem o coletivo da praça, então isto não é um grande problema.
    -Meninas, que bom que chegaram. Sentem-se, as injeções estão quase prontas, só mais uns 5 minutinhos. - Pedro parecia ancioso, fiquei feliz por ele.
    - Estou com medo- cochichei no ouvido de Nanda.
    - Eu também estou, mas tenho que arriscar, pela minha mãe!- Nanda fala confiante, mas um pouco mais alto do que eu esperava.
    - Ele está tão feliz, não podemos estragar isto...
    - Sabem que eu estou ouvindo, né?
    Fizemos um silêncio, Pedro parecia ansioso ainda. Nanda, estava meio nervosa. E eu? Eu estava toda cagada, se tenho medo até de vacinas, imagina algo entrando, algo estranho, que pode mudar toda a minha vida. Credo. Mas, como Nanda disse, tenho que me arriscar.
    - Vai doer?
    - Aa Milena! Deixa de ser medrosa.
    - Eu sou mesmo, tá? Pelo menos eu tenho juízo.
    - Epa, escuta aqui..
    - Meninas, meninas! Parem com essa discussão. As injeções estão prontas. Vocês estão?
    - Sim, eu pelo menos - Nanda fala com um tom de graça para mim. - E você medro... Quero dizer, Milena!
    - Estou prontíssima.
    - Está bem, vocês irão sentir uma picadinha, não vai doer nada. No 3. 1.. 2..
    - AAAAAAAAA- nós duas gritamos tão alto que até os pássaros que andavam no telhado saíram voando.
    - Essa é a sua definição de "não vai doer"? Não quero nem ver a sua definição de dor.
    - Bom, vamos as indicações, fiz uma lista para cada uma do que não podem fazer.- Pedro fala nos entregando um bloquinho com coisas escritas, tinha uma folha para cada dia do mês:
             NÃO PODEM FAZER:
● Dormir (no máximo 1 hora por dia)

● Tomar qualquer tipo de remédio (a não ser os que eu forneço)

● Parar o processo no meio (parar com as injeções durante ou depois do processo de adaptacão)

● Comer comidas iguais a semana inteira. Ex.: Ontem eu comi arroz, então não posão comer arroz o resto da semana. Mas posso comer semana que vem.

    Eu e Nanda paramos para ler, quantas condições hein. Mas tudo bem, se era o preço que teríamos que pagar para ver Pedro feliz, então acho que valia a pena.
    - Ei galera, meu pai me mandou mensagem, está na hora do almoço. Alguém quer almoçar lá em casa?
    - Ah, eu não posso Mi. Vou ter que almoçar no hospital por causa da minha mãe, fica para a próxima - Nanda sai correndo em direção ao hospital no centro da cidade onde sua mãe estava internada. Tadinha.. Tadinhas.
    - Err.. Mi, vou ficar até mais tarde aqui, pode ir, mas obrigada pelo convite.
    - Está bem! Por nada.
    Antes de ir dou uma olhada no celular de Pedro, que tinha ligado. Tinha uma mensagem,  era da Nanda, "Te encontro às 14h no beco do hospital, estou ansiosa para te ver ". Claro que eu vou lá ver oque eles vão fazer né. Eles que me aguardem!
                         •14 horas•
    - Onde você está Pedro? Que demora! - Nanda cochicha sozinha. 
    - Estou aqui, desculpe a demora. Estava no laboratório.
    - Temos que conversar, a Mi não pode descobrir sobre "nós". Pelo menos ainda não.
    - Está bem, se depender de mim, ela nunca vai saber.
    - Bom, agora tenho que ir, vou para o hospital ver minha mãe.
    - Ok, mande um "oi" para a minha sogra.
                      O   Q U E ? 
    Fernanda e Pedro estão tendo um caso?

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