Capítulo 9: "Não imaginas o quanto esperei por isto"

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Todas as vozes dentro da minha cabeça calaram-se, todos os sentimentos e pensamentos foram surpreendidos e silenciados, tudo o que vivia dentro de mim fez uma pausa com aquele beijo. Com aquele momento mágico que estávamos a viver e, eu estava certa que não era a única a sentir aquela magia. Era impossível chamar-lhe de outra forma tamanha a naturalidade como tudo aconteceu, o calmo tornara-se frenético e o simples tornava-se tão luxuoso, a vergonha, talvez por ser o primeiro beijo, tornara-se algo tão bom. Só nos separamos quando o ar começava a escassear das nossas bocas, e mal o fizemos, sorrimos. Encostei a minha testa à sua e olhei para baixo, ouviu-o sussurrar:

-Se tu imaginasses o quanto o queria, Francisca.

-E porque não o voltas a fazer?

-Tu também o queres? – Olhei para os seus olhos que brilhavam com a possibilidade e não sei onde ganhara coragem, mas beijei-o. Agora que já estávamos numa zona mais baixa da piscina, senti as mãos dele ficarem sobre o fundo das minhas costas enquanto eu pousava as minhas atrás do seu pescoço. Um beijo carregado de emoções, ambos o percebíamos. – Não imaginas o quanto esperei por isto. – Ele deu-me um beijo na testa.

-Queria tanto conhecer a tua boca, tu nem imaginas. – Aquela voz rouca dele a sussurrar-me e eu a aproveitar tudo o que ele dizia de olhos fechados deixava-me arrepiada por todo o corpo. – Não precisas de ficar arrepiada.

-Estás tão sexy e a tua voz está tão...

-Sexy? – Ele riu-se. – E agora? – Levantou a camisola. Já o tinha visto muitas vezes sem ela, mas com aquele ambiente era uma estreia.

-Ia dizer que estava com frio, mas acho que fiquei com calor, subitamente. – Encostei a minha cabeça ao peito dele e as mãos também, ele pousou novamente as mãos sobre o fundo das minhas costas e ficamos alguns minutos em silêncio apenas a desfrutar do momento.

-Estás a ficar com frio.

-Contigo assim ao pé de mim? Impossível! – Sorri-lhe. – Por mim continuávamos assim, mas o sol está a desaparecer e o frio não perdoa.

-Vai tomar banho primeiro e depois vou eu.

-E o que visto? Secalhar era melhor ir buscar a casa.

-Nem penses que te livras de mim tão cedo. – Agora foi a vez dele sorrir-me. – Vamos jantar juntos, dormes aqui e amanhã vamos dar uma volta à serra da Lousã.

-Não acho que seja boa ideia, dormir aqui. – Com a tensão que existia entre nós, sabia que estava sujeito a algo acontecer e sentia que era demasiado cedo para colocar sequer a ideia em cima da mesa.

-Tu sabes que eu nunca o fiz, certo? – Vi um sorriso envergonhado da parte dele. Se algo acontecesse seria uma estreia para os dois. – E que seria incapaz de te pressionar a fazê-lo, Francisca, mas percebo o que estás a sentir e por isso vais dormir na cama da minha irmã. Amanhã vamos à serrã da Lousã passear.

-Esqueceste-te de um pormenor. – Ele olhou-me confuso. – Se eu não posso ir a minha casa buscar outra roupa, como é que vou secar esta e não correr o risco de apanhar uma constipação?

-Sabes que a minha irmã, Eliana não anda nua, certo? – Esquecera-me desse pormenor. – Depois falo com ela, mas tenho quase a certeza que ela não se importa.

-Aposto que também não se importava de saber que nos beijamos duas vezes. – Dito isto, ele beijou-me mais uma vez, mas apenas um encosto de lábios.

-Quatro vezes na realidade. – Ele sorriu-me. – Eu quero contar-lhe, mas primeiro quero aproveitar para ter a certeza que isto não é um sonho.

-Acredita em mim quando te digo que não é... - Trocamos um sorriso cúmplice. Ambos seguimos para dentro de casa, onde um de cada vez tomamos banho e depois jantamos. Aproveitamos mais um bocadinho do tempo juntos e depois fomos dormir, porque tínhamos grandes planos para o dia de amanhã...

ÂncoraWhere stories live. Discover now