Âncora

Capítulo 13: "O meu coração tinha um dono e eras tu"

Fomos completamente surpreendidos pela sua entrada no quarto. Por mais que tentássemos fingir que não era nada daquilo que ela pudesse constatar com os seus olhos, a verdade é que era.

-Estávamos a ver um filme e o quadro foi abaixo. – Disse o João.

-Que filme?

-Titanic! – Atirei.

-Porque razão estavam a ver um filme tão romântico?

-O João nunca tinha visto e eu desafiei-o, foi isso. – Estava nervosa.

-Queres a verdade, não é? – Fiquei surpreendida com o João, como assim ele estava a ponderar contar a verdade sobre nós à irmã? – Fomos para a cama e estamos à espera que te fosses embora para tornar o momento menos constrangedor! – Via sair disparada do quarto dele, extremamente envergonhada com a situação. Sai do quarto e corri atrás dela.

-O teu irmão estava a brincar, a verdade é que...

-Estamos juntos. – Atirou o João. – Era isso que querias ouvir? – Abraçou-me por trás e deu-me um beijo na bochecha. - Mas não queríamos contar a ninguém, porque ainda é demasiado cedo, tudo começou ontem.

-Sabem à quanto tempo esperava isto? – Abraçou-nos aos dois em simultâneo. – És a cunhada que sempre sonhei ter! E tu, mano se alguma vez a magoas, não te esqueças que o teu quarto é ao lado do meu.

-Eu é que sou teu irmão e é a mim que ameaças? – Fingiu-se chateado. – Por favor não contes a ninguém, és a primeira a saber.

-Na verdade, a Marta já descobriu tudo.

-Como assim?

-Achas mesmo que o facto de não tirares os olhos de cima de mim e seres todo sorrisos e aquela desculpa do protetor solar serviam para enganar a nossa melhor amiga?

-Já para não falar que tens uma roupa minha vestida e das pequenas marcas que ambos têm.

-Não posso censurar o teu irmão por me querer para ele.

-Então fiquem à vontade que eu vou dormir a casa da minha melhor amiga.

-Tens a certeza? - Perguntou o João. – Nós conseguimos estar contigo enquanto amigos.

-E acham que eu me sentia bem ao saber que podiam estar a desfrutar um do outro e eu estou a interromper? Nem pensar nisso! Vou só arrumar umas roupas e vou passar a noite fora, fiquem à vontade.

Deixamos a Eliana à vontade e voltamos para o quarto dele, mas desta vez quisemos um ambiente diferente. Havia muitas coisas para falarmos.

-João, eu quero dizer-te uma coisa.

-Chica, já chega de sustos nos últimos dias, não achas? – Agora que pensava nisso, os últimos dias tinham trazido demasiados. Mas a notícia que tinha para lhe dar não era nenhum susto, era algo que eu queria partilhar mesmo com ele. – Eu percebi que tinhas medo que nos envolvamos a um nível mais físico e eu prometo que vou com calma, porque é a nossa primeira vez. Além de que quero que percebas que gosto imenso de ti e não te vou usar só por causa disso. – Abracei-o e dei-lhe um beijo na testa.

-Achas que já não te conheço demasiado bem para ver o quanto gostas de mim só no teu olhar? – Ele sorriu nervoso. Baixei a cabeça, era difícil dizê-lo, mas eu queria., precisava disso. – Eu gosto de ti à 5 anos. – Respirei fundo. – Percebi isso quando eu e o Tiago estivemos perto de o fazer várias vezes e eu simplesmente não conseguia. Estávamos juntos à 1 ano e meio, tinha de acontecer. Até que depois de muito pensar, escutei os meus sentimentos e percebi, porque não o conseguia fazer com ele. O meu coração tinha um dono e eras tu.