How to Save a Life | Camriana

Um: palavras difíceis e sorrisos bonitos

Acordei com o barulho de uma discussão no andar de baixo, e desejei que meu sono não fosse tão leve. Provavelmente meus pais estavam brigando novamente por algo que eu supostamente fiz, um belo exemplo para minha irmã mais nova.

O relógio marcava oito horas da manhã, mas eu estava animada - algo diferente de todos os outros dias. Normalmente, eu estaria me arrastando até a escola, para viver mais um dia monótono.

Mas eu estava animada para revê-la.

Não sabia como seria quando eu visse Ariana hoje no colégio, mas esperava que fosse bom. Claro, não achava que fôssemos virar imediatamente melhores amigas, mas eu queria me aproximar da garota. Ela parecia legal.

Levantei-me da cama e andei rumo ao banheiro, para um banho quente e longo. Depois, coloquei uma roupa confortável e que eu considerava bonita. Eu nunca colocava maquiagem ou algo do tipo, já que achava aquilo irrelevante. Então eu costumava me arrumar relativamente rápido.

Desci as escadas após secar os cabelos e pegar a mochila, deparando-me com meus pais no final da escadaria, em uma briga de sussurros mais altos do que quando eles falavam normalmente.

- Você não pode tirar ela de casa, Sinu! Ela continua sendo nossa filha! - meu pai "sussurrou", olhando para minha mãe com seriedade.

- Alejandro, Camila é uma aberração! - minha mãe respondeu, e só então notou que eu estava ali. Ela recompôs a postura e deu as costas, indo provavelmente para a sala de estar.

Meu pai soltou um suspiro e passou a mão pelos cabelos, mas não falou nada sobre o ocorrido. Passei por ele e fui até a cozinha, peguei uma maçã e saí de casa.

Todos os dias era a mesma coisa. Eu já estava acostumada com esse comportamento de meus pais, e apenas os ignorava - assim como minha mãe fazia comigo desde que contei que gostava de garotas. Quando comecei a namorar, então, tudo piorou, e eu nunca sequer a levei para conhecer meus pais.

A única que me dava alguma alegria na família era Sofia, minha irmã mais nova. Somos muito unidas, por mais que minha mãe tente fazer sua mente e colocá-la contra mim.

O colégio onde eu estudava não era muito longe de minha casa, então eu gostava de ir caminhando. No meio do caminho, minha melhor e única amiga Dinah Jane se juntou a mim, como era de praxe.

- Bom dia, Chancho - ela disse, como sempre exuberante, mesmo de manhã. Dinah era o tipo de garota popular que não se importava muito com aquilo, já que andava comigo. Ela tinha longos cabelos tingidos de loiro, olhos castanhos e seu estilo era invejável.

- Bom dia, Cheechee - entrelacei meu braço ao seu enquanto chegávamos na escola.

A primeira visão que tenho é de minha namorada - agora ex - com o cara com quem ela me traiu, e isso me fez ter vontade de vomitar.

- Espera, você e Lauren terminaram? - Dinah perguntou, e percebi que não contei a ela o que aconteceu.

E nem iria. Se eu dissesse a ela sobre minha tentativa de suicídio e da outra, com os remédios, ela ficaria preocupada. Esses são problemas meus, e tenho de lidar com eles sozinha.

- Ela me traiu com Ty - respondi, dando de ombros. Eu já não me importava muito, para ser honesta.

- Ela só pode ser burra para trair alguém como você, ainda mais com ele - Dinah e eu começamos a caminhar em direção às salas de aula, e os corredores já estavam cheios de alunos.

- Eu não me importo muito. Pelo menos sei que tipo de pessoa ela é - entramos no laboratório de Química, e eu me sentei em uma das últimas classes, como sempre.