Alzheimer..

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A aula chega ao fim e o novato saí da sala antes mesmo do sinal bater,coloco minha mochila  no ombro e quando vou sair chuto um caderninho parecido com um diário.Me abaixo e o pego,quando ia abrir o caderninho escuto a voz esganiçada de Daize.

- Ali, que novato é aquele!_ela se abana e finge que vai desmaiar _

- Um estúpido!

- Cara e aquelas tatuagens? Aquele cabelo..Quero ele amiga e você vai me ajudar.

Daize sempre foi mimada e tudo oque ela queria ela sempre conseguia,não importava como mas ela conseguia.

- Sinto muito mas não vou poder.

Ela revira os olhos e gruda em meu braço,vamos o caminho inteiro rindo e falando sobre coisas sem sentido algum.Sinto que alguém está nos vigiando mas ao olhar para trás não vejo ninguém na rua.

|Que neura!|

- Mas e sua mãe?_ela me pergunta do nada_

- Ela está fazendo um tratamento e creio que está dando certo.

Olho para minha casa logo a frente e respiro fundo,ela era a casa dos sonhos para qualquer garota mas para mim não passa de uma casa Grande e exagerada.

- E você descobriu quem é o vizinho chato ?

- Não,o muro impede de ver!

- Mas quando você descobrir fala poucas e boas pra ele.

Sorrio e lembro do som da guitarra me atormentando de madrugada,minha vontade era de jogar uma bomba na casa dos vizinhos mas o meu amor ao próximo me impede de fazer alguma coisa do tipo.
Me despeço de Daize e entro em casa, vejo papai dormindo no sofá e beijo sua testa.Desligo seu telefone para evitar que alguém o aturmente com alguma ligação e subo para o quarto atrás de mamãe.

- Mãe?_olho pelo quarto e não a vejo_

Vou direto para seu quarto de pintura,era la que ela mais gostava de ficar.Abro a porta e ela está lá pintando um quadro perdida em seu mundo,acho que ela está melhorando aos poucos ja fazia um bom tempo que eu não à via por aqui.

- Mãe? Quer tomar um café?

Ela me olha sorri e tomba a cabeça para o lado,eu faço a mesma coisa e ela sorri mais ainda.

- Você cresceu tão rápido,ontem mesmo tinha 10 anos e agora ja ta nesse tamanho todo._ela sorri e volta a pintar_

Caminho para o quarto a dentro e a observo por um tempo,ela pintou um mesmo rosto em várias telas e eu não reconheço de nenhum lugar.

- Quem é esse mamãe?

- Esse quem?

- Esse homem na sua tela.

- Ele é,ele...Sabe que eu não me lembro da onde conheço ele? Apenas Flashs de memória.

A tarde foi assim pintamos e rimos juntas,algo que não fazíamos a muito tempo e eu sentia uma saudade enorme desses momentos.Dos momentos em que sentavamos na varanda e enquanto a mamãe pintada,eu e papai tocavamos violão ou quando estava chovendo que nos abrigavamos na sala de estar,ligavamos a lareira e tocavamos piano para não ver o tempo passar.

Nesses dias eu sentia que tinha uma família de verdade,sabia que quando eu precisasse de um colo seria ali que eu encontraria.

Anoite depois de um banho quente,descido ir para o balanço onde eu ficava sempre que queria ficar sozinha.Me balancei ali por algumas horas que nem percebi passar e me assustei quando meu pai chegou sentando no balanço ao lado do meu.

- Ela está piorando.

- Não está não pai,ela até pintou hoje.

Meus pais eram muito novos ainda,mamãe tinha 38 anos e papai tinha 39.Ela engravidou de mim um pouco cedo demais,mas segundo eles foi a melhor coisa que aconteceu para juntar ainda mais os dois.

- Ela não se lembra mais dos amigos de trabalho Alice.

- Ela so não quer lembrar pai.

O silêncio ficou presente ali por tanto tempo que chegou a ser sufocante,ele se levantou e entrou para dentro de casa.Era notável o desconforto do meu pai e eu não queria perder as esperanças tão cedo.
Há um ano atrás minha mãe foi diagnosticada com Alzheimer,muitos duvidavam por ela ser tão nova mas o médico disse que essa doença  no caso dela é hereditária então não tinha uma idade certa para ela ser afetada pela doença.

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