- Isso é bem ruim.
Ele fala quando termino de contar o que aconteceu mais cedo,fico o olhando por um tempo e ele me encara de volta. Depois de um tempo assim vejo meu pai entrando em casa e acabei soltando um suspiro de alívio.
- Acho que ja vou ir.
- Vai lá.
Era estranho estar alí olhando pra ele,era quase que hipnotizante olhar em seus olhos.Depois de ficar me encarando ele tira um cigarro do bolso e acende com um isqueiro que eu não havia reparado estar em sua mão.
- Não devia fumar,vai morrer mais rápido.
- E você não devia cuidar da vida das pessoas isso também faz morrer mais rápido.
O olho por uma última vez e desço da casinha sem olhar para trás.Aquela sensação de não saber oque fazer me fez ficar totalmente perdida,ao chegar na porta da cozinha escuto meu pai falando com minha mãe e um cheiro forte de gás me fez entrar em rápido em casa.
E lá estava a mesma cena que se repetia vários dias,minha mãe sentada na cadeira e meu pai ajoelhado em sua frente segurando em sua mão.
- Eu so queria fazer um café.
- Eu sei querida,mas oque eu falei que a Alice que tem que fazer isso para você.
- Alice é apenas um bebê.
- Não querida ela não é.
Acabo esbarrando na lixeira que fica ao lado da porta fazendo com que eles olhem em minha direção,abraço meu próprio corpo e sorrio fraco olhando para minha mãe.
- Olá mamãe.
- Querido ela vive me chamando de mãe mas eu não a conheço,quero ela fora da minha casa.
Ela se levanta e sai em direção a sala,meu pai levanta e passa a mão no rosto vindo até mim.
- Filha.
- Ela não se lembra de mim.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e logo em seguida um choro compulsivo tomou conta de mim.Sinto os braços de meu pai me rodearem em um abraço apertado como se ele quisesse tirar toda aquela dor que eu estava sentindo,minha vontade era sair dalí correndo e me jogar em um canto escuro para chorar sem que ninguém pudesse ver.
- Eu vou levar ela para a casa de Campo,acho que lá vai ser melhor pra ela.Quer ir?
- Não.
Ele beija minha testa e sobe as escadas,será que seria assim minha realidade?Ficar em casa sozinha enquanto a memória da minha mãe se apagava gradativamente.
Me sento no sofá e depois de um tempo escuto os passos dos meus pais ao descerem as escadas,a porta da sala se abre e minha mãe sai sem ao menos olhar pra trás.Meu pai apenas me olha uma última vez e sorri fechando a porta.Uma chuva forte começa a cair,olho para o relógio vendo que era mais de 18:00 horas e percebo que fiquei muito tempo ali tentando assimilar as coisas que aconteceram nos últimos dias.Olho para o piano e me levanto indo em sua direção,me sento e fecho os olhos reprimindo a vontade de chorar.Dedilhando algumas notas uma música nova surge como um passe de mágica.
- Você ainda esta ai?
Pode se lembrar de mim?
Vamos lá,se esforce um pouco.
Tente se lembrar do meu rosto.A campainha toca me fazendo assustar,me levanto rápido e percebo que a casa já estava ficando escura.Ando até a porta e a abro olhando ele ali totalmente molhado,seu sorriso de lado me fez abraça-lo e chorar oque eu estava querendo chorar a tempos.
- Calma Ali...Meu Deus oque houve?
- Ela não se lembra mais de mim Louis.
Ele entra e fecha a porta,depois volta a me abraçar tão forte que eu não queria que aquilo acabasse tão cedo.Por um bom tempo continuamos assim,so o barulho do meu choro era ouvido e aos poucos ele foi cessando.
- Quer uma toalha? Você está todo molhado.
Falei depois de me recompor,ele apenas sorriu como sempre fazia ao me olhar quando eu falava algo bobo.
- Eu mesmo busco e você troque de roupa porque eu te molhei toda.
Era assim,sempre foi assim e sempre vai ser.Tínhamos uma conexão que nunca ia acabar mesmo depois de um término ridículo como o nosso,era incrível a forma que ele tinha de me manter calma e era por isso que ele sempre foi meu melhor amigo.

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Love Hurts
ChickLit" Você é como uma droga,viciante e descontroladamente avassalador.Com a mania de destruir tudo a sua volta até que não sobre mais nada. Hey Mike,você é muito novo para sofrer tudo isso que a vida lhe impôs mas já é mais experiente que qualquer um m...