Mas eu não quero casar!

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Não era um sonho. Inacreditavelmente, não era um sonho.

Demorou algumas horas para que Minseok começasse a acreditar que aquele cara de terno sentando em sua cama com uma xícara de chá quente nas mãos não era sua imaginação, mas sim a pura realidade. Luhan estava ali, em carne e osso, ao vivo e em cores. Era bizarro pensar que o homem era real, chegava a ser cômico como Minseok olhava para o outro por cima do ombro enquanto terminava correndo o desenho que deveria ter sido entregue duas horas atrás. Tentava acreditar no que seus olhos viam, mas sua mente gritava por um psiquiatra como alguém grita por socorro num incêndio. Só poderia estar ficando louco.

Quando terminou o "geleca" e enviou o documento por e-mail para a empresa com um pedido de desculpas bem formal, explicando que acabou tendo um imprevisto com o computador e que por isso tinha atrasado, finalmente respirou fundo e girou a cadeira de rodinhas na direção do rapaz. Sabia que não receberia uma bronca por causa do atraso já que desculpas bem planejadas era um dos fortes de Minseok, mesmo que não fosse um dos mais úteis. Por isso se preocupou em entender a situação em que estava e em como deveria solucionar ela. Se é que tinha alguma solução para aquilo.

Luhan ainda não tinha falado nada, apenas comentou como estava um dia frio e que a chuva parecia estar prestes a atravessar as janelas de vidro. O chá foi dado por Minseok, obviamente, quando ofereceu algo ao outro e ele disse que uma bebida quente cairia bem; um pouco abusado, pensou o Kim enquanto preparava a bebida.

Naquele instante, com os olhos fixos na figura formalmente arrumada, Minseok queria muito saber como ele tinha saído de um desenho e ido parar logo ali, em seu quarto. Ainda era uma situação bizarra demais para usar seus pensamentos mais lógicos em busca de uma solução, afinal, que lógica tinha um cara sair de um desenho? Estava tão pensativo que não reparou nos olhos que lhe encaravam.

– Estou te atrapalhando?

Minseok piscou um pouco atônito, pigarreando e ajeitando a coluna na cadeira, enfim percebendo que ainda não tinha falado nada ao tal Luhan. Soltou um leve suspiro e umedeceu os lábios.

– Bom, Luhan, eu não sei como posso te ajudar, na realidade, eu não sei nem como apareceu aqui, nem o motivo de ter aparecido aqui e eu sei que você...

Sua fala foi interrompida pela risada alta do outro, fazendo-o arquear a sobrancelha confuso e se perguntar o que aquele cara estava pensando para conseguir rir de um assunto sério como aquele. Eles não se conheciam, não sabiam nada um do outro e estavam ali, cara a cara, sem saber como chegaram a tal ponto. Não tinha graça.

– Do que está rindo? – perguntou levemente irritado, vendo o outro parar de rir, mas não tirar o sorriso bobo do rosto, como se a situação realmente fosse engraçada.

– De você – disse simplista.

– Mas...

– Você disse que não tenho um motivo para estar aqui, querido, mas eu tenho.

Ok, o que Luhan acabava de falar tinha menos sentido do que a situação em si. Será que tinha algo a ver com o sonho que tivera com ele? Infelizmente não se recordava do sonho, apenas se lembrava dele por ter sido um rosto de impacto na situação ilusória, mas em quê, realmente não sabia.

O rapaz se levantou, colocando a xícara na escrivaninha e puxando Minseok pela mão, fazendo-o se levantar também; Luhan olhou nos olhos bem desenhados do ilustrador e levou a destra ao rosto bonito, alisando a derme macia e dando um sorriso fechado quando os dedos alcançaram o queixo. Não havia reações vindas do outro, talvez por estar assustado com a forma que o cara de seu sonho se comportava, por isso se limitava a sentir o carinho enquanto sua mente não conseguia trabalhar direito.

Você Tem Que Casar Comigo!Onde histórias criam vida. Descubra agora