Mas ele (não) tem que ir!

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Naquele dia em especial, Kyungsoo não se encontrava no apartamento ao lado, e não foi falta de vontade de encontrar o pirralho de 14 anos, não! Minseok tinha ido lá a cada meia-hora, mas quando foi atendido pelo pai do garoto numa dessas vezes, descobriu que ele passaria o final de semana na casa de um amigo e só voltaria segunda depois da aula. Derrotado e com um cansaço fora do normal, desistiu de tentar solucionar aquele problema vestido de terno e sorriso brilhante até que pudesse falar com o principal suspeito.

Depois de algumas horas conversando com Luhan sobre essa realidade alternativa onde Minseok parecia ser feliz e realizado, o anfitrião da casa ofereceu um banho e um lanche para poderem ir dormir já que não tinha cabeça alguma para preparar um jantar decente e tampouco paciência para pedir algo da rua. Deu uma camiseta e uma bermuda ao outro, mostrando o armário do banheiro onde encontraria uma toalha para si.

Enquanto Luhan tomava banho, Minseok preparou lanches para ambos e pegou uma caixa de suco na geladeira, arrumou a mesa e, antes que conseguisse terminar de colocar tudo sobre a mesma, o outro apareceu na porta do cômodo com o cabelo úmido e uma expressão mais leve. Parecia até outra pessoa, pensou o ilustrador ao chamá-lo para se sentar e comer. Comeram em silêncio, com apenas o barulho das mandíbulas massacrando o lanche simples de queijo e peito de peru com maionese, para no fim Luhan sorrir abobado ao tomar um gole do suco.

– Você ainda gosta desse suco? – perguntou, olhando para Minseok e tendo o olhar confuso deste sobre si. – Quando saíamos do colégio, você sempre me implorava para pararmos numa lanchonete que ficava duas quadras na direção oposta a que a gente ia só para comprar uma caixinha desse suco. Você amava, parece que continua gostando.

O suco era de pêssego e Minseok só comprava dele desde que tinha se apaixonado pelo sabor ao comprá-lo a primeira vez na lanchonete cara da faculdade. Era estranho ainda ter que ouvir que existia outra versão dele naquele universo fodido, e que essa versão ainda era feliz. Por que ele não era feliz também?

Mas deixou os pensamentos de lado e suspirou, apenas dando de ombros ao que Luhan tinha falado para terminar de comer e limpar a mesa, deixando para lavar a louça quando acordasse na manhã seguinte. Ambos foram para o quarto e o mais velho deles pediu para que esperasse ali, tomaria um banho e arranjaria um cobertor e um travesseiro ao outro para poder dormir no sofá.

Seu corpo inteiro doía e só conseguiu relaxar quando sentiu a água quente escorrendo por cada pedacinho de pele sua, aquecendo-a e fazendo os músculos se tornarem menos tensos até que a tensão se esvaísse completamente, deixando o Kim mais tranquilo. Tinha cansado  de se chamar de louco, já tinha constatado que havia um pedaço em branco no desenho que fizera de madrugada, já tinha perguntado o nome de Luhan diversas vezes apenas para ter certeza, já tinha se beliscado tanto que com certeza não estava sonhando, mas estava cansado e sequer tinha visto se tinha algum trabalho para fazer.

Todavia, não queria pensar naquele momento, por isso saiu do banho, secou-se e vestiu a roupa que tinha levado consigo; voltou ao quarto e viu o outro deitado em sua cama, bufando baixo e murmurando o quão atrevido aquele cara era. Aproximou-se devagar e pensou em chamá-lo, mas percebeu que este já estava num sono gostoso com uma carinha de anjo tão bonitinha que Minseok teve dó de acordá-lo. Resolveu não se irritar, cobriu o rapaz com um cobertor e pegou um travesseiro e outro cobertor para si, rumando para a sala enquanto desligava as luzes e em seguida se ajeitava no sofá. Antes de dormir, Minseok ficou pensando nas histórias que Luhan disse ter vivido ao seu lado, imaginando como teria sido divertido se realmente tivesse um cara como ele ao seu lado para enfrentar a vida e alegrar os dias. Sem perceber, dormiu sorrindo.

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