O homem sem janelas é um homem cheio de janelas. Ele passa suas tardes escrevendo, num quarto sem janelas, num minúsculo apartamento no Brooklyn, lá em Nova York.
Agora, suponhamos que se tranque para sempre. Que não fale com mais ninguém, que não volte a caminhar pelas concretas paisagens de concreto. Que fique apenas escrevendo num quartinho vedado. E apenas para si, sem publicar nenhuma outra linha até o fim da vida. E antes do fim da vida, suponhamos que rasgue todas as páginas ou as queime. Ainda assim, e os seus livros já publicados? Os seus livros não permanecerão aberturas na parede?
O homem sem janelas é um homem atravessado por uma janela. Inevitavelmente.