Baseado em um acontecimento real
Mateus estava muito curioso para saber mais sobre a garota com quem ele estava ficando, mas como sempre ele não tinha coragem de saber mais detalhes da vida e numa tarde de segunda-feira mandou mensagem para seu amigo Gustavo.
Mateus: Oi amigo! Ta em casa?
Gustavo: Sim amigo.
Mateus: Preciso da sua ajuda agora!
Gustavo: O que houve amigo?
Mateus: Sabe aquela garota que te falei, preciso saber onde ela mora.
Gustavo: Por que amigo?
Mateus: Só pra saber, andei meio desconfiado de umas coisas. Vai comigo? Eu te pego ai perto da sua casa em uma hora.Gustavo colocou o celular na cabeceira da cama e pensou por alguns instantes se era uma boa ideia, porque Mateus era muito inclinado a se meter em encrencas, mas dessa vez Gustavo quis ajudar o amigo.
Ele tomou banho, se arrumou e ficou na beira da estrada esperando Mateus chegar.
Já tinha se passado meia hora, e nada do Mateus aparecer. Gustavo olhava o celular toda hora para ver se tinha alguma mensagem.
Mateus: Já saí de casa, chego aí em poucos minutos.
E logo ele respondeu.
Gustavo: Ta ok.
Depois de uns dez minutos, Mateus finalmente chegou, porém Gustavo não estava muito animado para mais uma aventura do seu amigo.
- Que foi amigo? - perguntou Mateus - Vai ser rápido!
Gustavo olhou pra ele e entendeu que o amigo precisava dessa ajuda, mas só dessa vez.
Mateus foi dirigindo em direção ao bairro de Jéssica, era um bairro que ele nunca tinha ido pois era um pouco distante do centro da cidade, o único ponto de referência era uma pequena loja de antiguidades onde a irmã dela trabalhava.
Depois de quarenta minutos eles chegaram na loja, e ainda dentro do carro Mateus perguntou se o amigo faria um favor a ele, algo que Gustavo nunca tinha feito, que era esperar a loja fechar e seguir a irmã de Jéssica até a sua casa.
Os dois esperaram a loja fechar e assim que a irmã de Jéssica saiu, Gustavo saiu meio sem graça do carro e foi bem lentamente a seguindo naquele bairro estranho e que ele nunca tinha ido. Enquanto isso Mateus ficou no carro.
Depois de ter andando por uns dez minutos, Gustavo ficou encostado em um muro enquanto Jéssica abria o portão grande de madeira de uma casa branca de dois andares.
Gustavo não tinha percebido ainda, mas um morador local já estava observando ele desde quando ele começou a seguir a irmã de Jessica, até que o cara foi em direção a ele.
- Ta procurando algo aqui mano? - perguntou o cara de uma maneira rude.
Gustavo ficou nervoso na hora e começou a tremer, nem sabia direito o que falar nesse momento, não vinha nada na cabeça dele e então falou no impulso.
- Ah, eu estou procurando a Taís, mas acho que me enganei, deve ser outro bairro - disse Gustavo para tentar sair dessa tensão.
O cara não acreditou muito bem.
- Estava seguindo aquela garota por que? O que você quer aqui hein? - a voz do cara foi se alterando e Gustavo não sabia mais o que fazer.
- Me mostra essa Taís que você está procurando, porque a única Taís que eu conheço é uma de doze anos - disse o cara.
- Eu não tenho foto, não a conheço, só queria pegar uma encomenda de um amigo - disse Gustavo na esperança do cara o deixar em paz.
- Mentiroso!! Você ta caçando alguém sim, é essa menina né... você mete o pé daqui... vai apanhar... o que quer com uma garotinha hein... vaza agora!!!
Gustavo apertou os passos, e recebeu uma mensagem de Mateus dizendo que era para encontrá-lo no mercadinho um pouco depois de onde o carro estava.
Chegando lá, Gustavo estava em frente ao mercadinho, mas não via Mateus, até que o cara estava logo em frente perto de um orelhão, a rua estava mais ou menos movimentada e já devia ser umas oito da noite.
O cara de aparência marrenta, com bermuda cinza e camiseta azul chamou Gustavo e ele logo foi.
- Quero ver suas conversas!! Me mostra agora!!! - ordenou o cara.
As mãos de Gustavo estavam tremendo enquanto mostrava as conversas para o cara que ainda não tinha parado com a cisma.
- Vaza daqui!!! Vou meter bala em você e no seu amigo, eu vi quando chegaram e depois te vi seguindo a garotinha.. acha que vai me dar volta... - o cara começou a se alterar e deu um murro na cabeça de Gustavo.
As pessoas da rua apenas olharam a cena, e logo o cara começou a gritar.
- Deixa ela em paz! Vocês querem pegar ela né!!! Vaza daqui!!!
Gustavo se levantou e foi em direção à entrada do mercadinho quando viu Mateus lá dentro.
- Vamos embora daqui agora!!! Tem um cara que cismou que eu tô querendo pegar a Taís, porque ele me viu a seguindo e eu me enrolei no nervosismo, acabei falando que tava à procura de Taís só que eu não sabia que ela poderia ser Taís também - Gustavo estaca falando rapidamente de tão nervoso que estava.
Os dois saíram do mercado e logo o cara apareceu, dessa vez ele socou o rosto de Mateus que caiu no chão na maior pressão.
Gustavo se apavorou com a cena, até que o cara partiu pra cima dela o socando na orelha e no rosto, mesmo tentando se defender com os braços a ira do cara era incontrolável.
Enquanto um outro cara tentava acalmar seu colega, Gustavo levantou Mateus e eles seguiram correndo bem rápido até o carro que estava perto dali.
Mateus não entendeu bem a situação, e só depois que Gustavo explicou pra ele que deu para ele entender melhor a ira do cara.
- Gustavo, não se faz isso que você fez, como você me fala que ta procurando uma tal de Taís assim do nada? - indagou Mateus jogando a culpa da situação pra ele.
- Eu fiquei nervoso, o cara já estava desconfiado de mim, foi a maneira que eu achei de sair de uma situação duvidosa - explicou Gustavo.
- Não se faz isso, estamos num bairro estranho, somos desconhecidos aqui, olha a confusão que você colocou a gente.
Gustavo ficou triste com a bronca do amigo, e começou a se culpar, e ainda estava tremendo, com o olho roxo e a cabeça dolorida.
Mateus já tinha dirigido pra bem longe do bairro e preferiu deixar Gustavo no terminal de ônibus.
- Agora não vou poder voltar lá por sua causa, obrigado pela ajuda - disse isso na cara de Gustavo e fechou a porta.
Gustavo estava mancando, e chorando, se sentindo muito mal, ele só queria ajudar o amigo e agora estava levando a culpa de tudo.
O que ele iria falar quando chegasse em casa?
Todos iriam notar o seu rosto.
Já dentro do ônibus ele olhou o celular e viu a mensagem de Mateus.
Mateus: Nunca mais peço ajuda pra você... você me queimou naquele bairro... valeu mesmo!
Gustavo: Você nem sequer percebeu que eu não hesitei em te ajudar, você ta jogando a culpa toda pra mim sem nem mesmo ter considerado a ideia de eu ter ficado lá quando o cara te bateu.
Mateus: Ah mas...
Gustavo: Mas nada! Amigos não correm quando seus amigos precisam de ajuda.Gustavo desligouo celular, e as lágrimas saíram facilmente.
Quando chegou em casa, foi até a sala onde estavam seus pais e sua irmã mais velha.
Ele ajoelhou e encostou a cabeça no colo da mãe e disse:
- Não fala nada! Apenas me conforte.
"Favores são apenas favores, amigos não são apenas amigos, são irmãos que aprendemos a amar e proteger seja o que for, haja o que houver".

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Pequenos Detalhes
Short StoryDiferentes contos sobre a vida falando sobre amor, trabalho, lazer, família, amizade e desventuras!!!