Capítulo I - Onde os Pesadelos Habitam

90 8 3
                                    

15/08/2011

Olá, meu nome é Annabelle Harper, tenho 11 anos, e estou escrevendo este diário porque minha psicóloga mandou.

Sim, eu vou a psicóloga. Pois supostamente eu vejo coisas que ninguém mais vê, elas ficam nos cantos escuros do meu quarto, em baixo da cama, no guarda roupa, atrás da porta e quando todo quarto está escuro em cima da cama, me olhando.

Ela mandou eu escrever aqui tudo o que acontecer comigo, o que não é pouca coisa! Desde meus cinco anos que algumas coisas me perseguem, principalmente no meu quarto, elas ficam nas sombras me observando e esperando o momento certo para vir me assustar.

A muito tempo não vou para escola, todos fazem bullying comigo, me chamam de estranha, louca, mentirosa... Queria que essas coisas visitassem eles, assim não me chamariam de mentirosa novamente.

17/08/2001

Hoje eu fiquei sabendo que uma das crianças da escola teve um surto, ela apareceu toda machucada falando que monstros tinham atacado ela, era uma das que me chamavam de mentirosa.

Faz dois dias que eles não aparecem para me provocar, ainda bem.

21/08/2001

Todo meu corpo dói, dessa vez eles não vieram só me assustar, eles me machucaram. Minha mãe está muito assustada, meu pai fala que isso foi coisa minha apenas para chamar atenção, mas minha mãe fala que eu não tenho como fazer isto. Estou coberta de hematomas, cortes por todo corpo, quebraram um dos meus dedos. Eles não falam, ou pelo menos nunca falaram antes, mas agora eu escutei um deles dizendo algo:

- Para que você não se esqueça...

Quase não dava para entender o que ele falava, parece que eles não costumam falar com frequência, eu tenho medo que eles me machuquem novamente.

05/09/2011

Faz um tempo que não escrevo... Eu estava no hospital, com o pulso quebrado. Ainda está enfaixado, mas já recebi alta.

Me jogaram da escada.

14/09/2011

Eles mandaram parar de escrever...


~3 ANOS DEPOIS~


­­‑ Bell você tem certeza que tá aqui?

- Claro que eu tenho James! Você que não está procurando direito!

- Então vem achar nessa bagunça.

- OK!

Continuo procurando o livro com meu irmão no meio das caixas de mudança, depois de muitos anos meus pais finalmente resolvem sair daquele fim de mundo com aquelas pessoas horríveis.

Para eles tudo que não entendiam era estranho e coisa de louco, fora que não suportava mais aquela escola! Na verdade, não gostava de nada naquela cidade.

- Achei! Viu, eu disse que estava aqui. - falei enquanto balançava o livro para meu irmão, somos gêmeos, porém ele nunca passou pelo mesmo que eu, o que acho bom, uma pessoa louca é o suficiente na família. Inclusive parei de falar aos outros o que eu vejo, mas quem é próximo de mim percebe que eu ainda vejo coisas, apenas não falo mais. Frequentemente apareço com um hematoma ou outro, mas faço o possível para esconder.

Ele pega o livro e agradece já saindo, mas para quando vê algo na caixa e vai pegar, era um caderno com capa dura e um bicho fofinho na capa, tinha meu nome e um lembrete escrito 'não leia'.

Ao ver isso sinto um arrepio correndo minha espinha, olho em volta do quarto e paro no canto mais escuro do quarto, atrás da porta e sei que tem algo me observando de lá, eu sinto. Aquilo era o meu antigo diário, aquele sentimento... Há quanto tempo eu não sentia isso, esse arrepio na espinha que faz tremer todos os ossos do meu corpo.

- Me dê isso! Nunca mais quero ver isso na minha frente novamente! - Falo ao tomar o diário das mãos dele.

- Mana isso aqui não é...

- Não é nada! Você já não achou seu livro? Agora já pode ir embora.

Ele acena com a cabeça e sai do quarto me deixando sozinha e aquela maldita sensação de desconforto continua, então eu escuto uma risada atrás de mim, grave, sombria e perversa.

- An-nab-b-belleee...

Eu me recuso a virar, não olho para trás, mas sinto uma respiração fria bem próximo ao meu pescoço, e ouço uma risada, é a última coisa que escuto antes de minha visão embaçar e tudo ficar escuro. 

PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora