Capítulo III - O Garoto Da Sala

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- Então finalmente chegou a hora de colher essa pirralha? – a coisa fala olhando para mim – pensei que não iam terminar nunca, todos os outros voltaram e apenas você ficou lá, não imaginei que iria demorar tanto assim.

- Não estou com muita paciência para ficar conversando com você Anguis – a coisa que me segura fala, logo em seguida me jogando no chão da sala, acabo caindo por ima do braço e sinto uma dor enorme – irei deixar ela aqui, tenho que encontrar os outros.

- Tudo bem, vim apenas deixar aquela cria aqui também, o Prod veio pegar o dele, eu vou com você – fala indo em direção a porta com o monstro q me trouxe, enquanto o outro vai em direção a um dos garotos que tem na sala.

Ele agarra o garoto pelo braço e o arrasta saindo pela porta, o menino sequer reage enquanto é arrastado pela coisa. Assim que a porta sou fechada o outro garoto que estava encolhido no canto do quarto vem em minha direção, ele tem longos cabelos negros que cobrem os seus olhos, e com uma expressão preocupada ele se aproxima.

- Você está bem? Eles te machucaram muito? – ele pergunta se virando para o braço que eu segurava tentando não mover, doía muito, ele continua olhando para mim a espera de uma resposta, tento falar algo porem começo a tossir sem parar, eles se aproxima mais tentando descobrir uma forma de me ajudar – calma, tenta respirar com calma!

Tento puxar ar para os meus pulmões porem assim que tento sinto como se algo estivesse preso em minha garganta, ele segura em minhas costas me inclinando para frente em um tentativa de fazer com que eu cuspa o que está em minha garganta, o que dá certo, porem o que sai é sangue, muito sangue! Fico por um minuto tossindo até por tudo para fora, acabo toda suja e ainda com dificuldade para respirar. O garoto do qual não sei o nome, continua esfregando minhas costas em uma tentativa de me fazer sentir melhor, ficamos ali daquela forma por mais algum tempo até eu me sentir melhor.

- Você está bem agora? – pergunta novamente, eu aceno com a cabeça já que ainda sinto minha garganta doer bastante para conseguir falar, ele se afasta um pouco olhando para mim como se tentasse ver se realmente estava tudo bem agora. – Que bom então, eu me chamo Ralph, Ralph Damien, e você como se chama?

Tento responder porem assim que abro a boca para falar volto a tossir, ele parece se desesperar novamente tentando ajudar mas eu o para, fazendo um gesto tentando dizer que estava tudo bem, assim que paro de tossir novamente tento pensar em uma forma de lhe responder, então começo a escrever no chão com o meu dedo, por sorte a sujeira do lugar foi útil nesse momento, assim que termino ele se aproxima para ler o que eu escrevi.

- Annabelle Harper? Tudo bem então, já que estamos os dois na mesma situação aqui vamos nos dar bem, temos que pensar em uma forma de sair daqui! Eu, você e o Anthony. Por falar nisso Anthony é aquele garoto que estava aqui, quanto ele voltar eu apresento vocês e...

O garoto continua falando por um bom tempo, era incrível como ele parecia calmo, ele também falou mais sobre o tal de Anthony e sobre como ele não era de falar muito, mas era legal, pelo que parece o outro garoto estava aqui a 5 dias, e assim continua o monologo dele, já que eu ainda não conseguia responder, nós acabamos cansados após um tempo e fomos dormir no chão sujo e frio do quarto.

E assim como dormimos, acordamos e o garoto Antony ainda não havia voltado, um bom tempo passou e nada entrava pela porta, seja um monstro ou o menino.
Ralph continuava falando sem parar, minha garganta já parecia bem melhor nesse momento, mas meu corpo ainda doía bastante, principalmente na região quem fui pisada no dia anterior, Ralf resolveu olhar para ver como estava, quando levantei a blusa o suficiente para que ele olhasse minhas costas pela primeira vez em horas o garoto ficou mudo, estranhando a quietude dele de forma tão repentina lhe perguntei com a voz rouca, quase pior que a dos monstro que haviam nos trazido aqui, o que tinha acontecido e quando a resposta veio sua voz era quase mais baixa que a minha.

- Tem uma marca enorme em suas costas, além de várias feridas - ele fala desviando o olhar, já esperava algo bem feio se for pensar em como aquela coisa me bateu, só não esperava que fosse ruim ao ponto de não conseguir sequer olhar. E então ele continua – tem partes bem escuras, com manchas pretas e outras avermelhadas como se fosse sangue, tem mais alguma parte esteja doendo além de suas costas?

Ele pergunta e eu resolvo retirar o casaco que tinha por cima da blusa com cuidado, quando faço ele olha para o meu braço e sua expressão é quase pior do que quando olhou minhas costas. Meu braço estava extremamente roxo, principalmente no cotovelo, estava totalmente inchado, era o braço que eu havia caído por cima quando fui jogada no chão, apesar da dor que eu estava sentindo, realmente não esperei que estivesse daquela forma.

- Temos que dar um jeito de cuidar disso – ele fala e começa a pensar em uma forma de começar a tratar minhas feridas.

Pego meu casaco e entrego a ele – usa isso – falo com a voz ainda rouca, ele pega casaco e tenta rasga-lo em tiras.

- Temos que limpar as feridas também, só enfaixar não vai adiantar muito – fala enquanto ainda rasga o casaco em tiras.

Fico pensando no que pode acontecer se ficarmos mais tempo nesse lugar, além de tentar entender onde estamos, o outro garoto ainda não havia voltado e isso não era um sinal muito bom. Enquanto estava perdida em pensamentos a porta do quarto se abre, revelando o monstro que havia falado com o outro que me trouxe aqui, se não me engano aquela coisa o chamou de Angu, Angi, algo assim. Me afasto o máximo possível da porta com aquela coisa, olho para o Ralph e vejo ele totalmente parado com a cabeça abaixada, era perceptível que ele estava evitando de todas as formas olhar para a coisa, após dar uma olhada na sala, inclusive em mim, o monstro começa a se aproximar do Ralph e o agarra pelos cabelos forçando-o a se levantar.
O garoto se debate tentando se afastar do ser que começa a arrasta-lo, eu grito para solta-lo, mas a coisa me ignora e o arrasta para fora, fechando a porta em seguida.

Fico olhando a porta pensando no que poderia acontecer, o que eles iriam fazer? E se o Ralph não volta que nem o outro garoto? Eu iria ficar sozinha? Ele vai voltar? Claro que vai, ele tem que voltar! Não poderia ficar sozinha, trancada, em um quarto sujo e escuro. NÃO! Não poderiam fazer isso, de novo não, tinha que sair, ele tinha que voltar! Não iria conseguir fazer nada, não sozinha. Minha mente começa a pensar em tudo que aconteceu e que estava acontecendo, sinto como se o ar estivesse faltando e começo a hiperventilar, isso era como a vez que a trancaram no sótão, mas agora tinha absoluta certeza que dessa vez ninguém iria procura-la, ninguém a tiraria dali. O ar fica ainda mais escarço e é como se o mundo começasse a rodar, me arrasto até chegar mais perto da flor brilhante e essa é última coisa que faço antes da escuridão total chegar.

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