Frente a frente com o pecador

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(N/A1: esperem eu avisar)




Coloco o último item essencial para a péssima decisão que estava tomando: uma pedra de luz enfeitiçada.

Suspiro fundo ao olhar a mochila que havia preparado, admito que fiquei na dúvida se tudo o que eu precisava iria caber nela, como se eu tivesse esquecido de como se faz uma mochila de fuga.

Ao pensar no passado, um deja vú toma conta de mim, da primeira vez que fugi e agora que eu finalmente achei o que estava procurando, irei novamente fugir.

Raziel provavelmente deve ter se arrependido de me escolher como a Guardiã. Noah e Ragnor devem estar decepcionados.

Ando até a pequena janela do dormitório, já estava escurecendo e todos os residentes estavam andando de um lado para o outro, fazendo as proteções e as táticas de guerrilha, o Irmãos estavam quietos observando tudo embora eu tivesse certeza de que eles estavam fazendo as orientações necessárias.

Um sentimento tomou conta de mim, algo diferente, que nem sabia que existia, um sentimento de vazio, como se estivesse perdendo algo que me preenchia, foi tão avassalador que eu precisei me sentar e tentar respirar novamente. Perda. Mas o que eu estava perdendo?

Lágrimas estavam se formando nos meus olhos, talvez fosse a saudade que estivesse começando a bater ou eu era tão covarde que meu corpo também sentia pena ou o meu corpo  havia estranhado qualquer sentimento humano agora que estou me adaptando a minha nova identidade.

Batidas na porta interrompem os meus pensamentos e como estava distraída demais pra responder, a pessoa entra.

— Estava chorando?

Desvio meu olhar do chão e olho para Sebastian logo a minha frente.

— Ei! Eu te conheço pelo menos um pouco, não fica assim - se abaixa ficando de joelhos, me fazendo olhar pra baixo — Eu mais do que ninguém sei como é estar com a oportunidade na palma das mãos e não poder agarrá-la.

— Sabe? -passa a costa das mãos perto dos olhos para limpar as lágrimas restantes.

— Senti a mesma coisa quando fiquei frente a frente com o chanceler e não pude fazer nada a não ser fugir -vejo seus punhos fecharem, impedindo a circulação de sangue em sua mão.
Pego as suas mãos fortemente fechadas e junto as duas próximo da minha boca dando um beijo em cada uma.

— Então acho que vamos passar por isso juntos -sorrio fraco
Sebastian relaxa o rosto e sorri assentindo.

Nos levantamos e pego a mochila encostada na parede até que não estava pesada como imaginei.
Antes de sairmos, um som de explosão soa lá fora, nos viramos assustados para a janela e o brilho das chamas de fogo iluminavam a noite. Corro para a beira da janela e vejo o caos que Valentim queria acontecer.

Demônios, caçadores de sombras do Valentim e anjos disfarçados lutando, cortando uns aos outros, decapitando uns aos outros, se defendendo.

A principal era pra terem somente um inimigo, os demônios que espalhavam podridão pelo cemitério e pelo mundo. Mas Valentim, aquele homem desprezível que julga estar fazendo o certo assim como o Anjo Raziel fez o certo ao dar seu sangue a Jonathan Caçador de Sombras, reverteu tudo.

Tudo o que deveríamos estar fazendo é proteger o mundo contra o mal. Valentim diz estar fazendo o mesmo entretanto ele está mais preocupado em matar todos que estiverem na sua frente pra poder ter poder sobre os caçadores de sombras e sobre o Mundo das Sombras.

Não podia permitir aquilo, não como Guardiã, não como nephilim. Era seu dever desde que nasceu impedir que um mero nephilim arrogante queira tomar as rédeas do mundo.

I'm ChaosOnde histórias criam vida. Descubra agora