Epílogo

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Guardo as barras de madeira nos ganchos da parede e passo as mãos nos cabelos que estavam molhados de suor. Desde que Hodge mandou o alerta de que hoje a noite faríamos uma intervenção no Pandemônio, alguma coisa parecia me incomodar.

Eu não sabia explicar, mas parecia que alguém estava me observando e me aconselhando, tentei esquecer isso enquanto treinava mas assim que parei, essa sensação ficara mais forte.

Decidi não contar a Alec agora mas eu sei que mais cedo ou mais tarde ele vai saber, afinal nossas almas estavam costuradas com nosso vínculo Parabatai.

Saio dos meus pensamentos quando percebo que já estou no quarto, entro já pegando uma toalha e vou ao banheiro visto que faltavam duas horas para sairmos em nossa missão.

***

Termino de ajeitar meus cabelos e me olho no espelho, não que autoestima fosse o meu ponto mais forte (apesar de ser um dos mais fortes) mas para situações como essa, eu precisava estar apresentável, e intimidador, é claro. Ainda mais num lugar como o Pandemônio, o recinto era um pub frequentado tanto por criaturas do Mundo das Sombras quanto por mundanos, o que significa que não é a primeira vez que recebemos alertas de transgressão e negligência dos Acordos lá.

- Jace! Está na hora! -ouço Isabelle dizer do andar de baixo.

Passo um perfume para o caso de precisar usar métodos mais intensos para obter êxito em minha tarefa.

- Vamos para uma missão, não para o baile da Corte das Fadas! -meu carinhoso Parabatai grita cuspindo sarcasmo, o que não é de se surpreender já que foi eu que ensinei essa 8 arte para ele. Antes de sair pego o anel Wayland que minha irmã me deu antes de ir embora para outra dimensão e suspiro com as lembranças dela se despedindo-se.

Desceu os degraus rapidamente e encaro meus amigos, Alec, assim como eu estava com o uniforme, um couro resistente e impenetrável e apenas Isabelle estava mais exuberante digamos assim, afinal é ela que cuida das "distrações" e é muito boa nisso.

- Pronto, milady? -Isabelle brinca, guardando a estela.

Me aproximo de Alec e levanto a manga da jaqueta, expondo a pele clara.

- Eu nasci pronto -sorriu observando ele desenhar uma Runa de força e resistência.

- Você se exibe demais -Alec comenta rindo fraco quando expõe o ombro musculoso.

- Correção, Isabelle se exibe demais, eu apenas digo a verdade -justifico enquanto desenho uma Runa de tiro certeiro em sua pele.

- Exibindo ou não, nós precisamos ir -manda Isabelle que já está do lado de fora do Instituto.

Olha para fora e quase tive a impressão de ter visto alguém, alguém com asas.

***

Respiro o ar um tanto quanto impuro de Nova York e olho para o céu que reluzia as estrelas.

Me aproximo mais do parapeito do terraço em que estava e encaro o trânsito da cidade. Estávamos a um quarteirão do pub, mas olhando sobre a perspectiva de ir pulando de terraço em terraço, a distância era bem menor.

Encaro o céu novamente e uma nostalgia bate, me relembrando das madrugadas na mansão Wayland enquanto eu olhava para o céu na esperança de Raziel ouvir minhas preces para trazer minha irmã de volta. Todos acham que Zara morreu, que era apenas uma nephilim com uma anomalia de praticar magia angelical mas eu sabia a verdade, eu sabia que ela fora escolhida para ajudar os anjos e para isso ela teria que ir para algum lugar muito distante, provavelmente uma outra dimensão. Embora eu ainda esperasse algum tipo de mensagem dela mas nada veio, de certo modo isso foi melhor, assim eu não sentia sua falta, nem seu rosto eu me lembro mas eu guardava as palavras do papai de que ela tinha o rosto de um anjo de verdade.

Volto ao presente depois que ouço o meu nome ser sussurrado, olho para todos os cantos e não vejo ninguém. Alec e Isabelle estavam esperando no outro terraço proteja ela, protejam um ao outro. Ouço novamente e olho para o céu, tive a certeza de ter visto um ponto brilhante semelhante a uma estrela se mover gradativamente para mais longe onde se apagou, olhei para as minhas mãos e vi uma rosa negra pousada nelas.

Anjos da Morte podem presentear os parentes do falecido com uma única rosa negra que simboliza o tempo que as energias do mesmo ainda estão presentes. Quando a rosa murchar e desaparecer, significa que a alma dele está por completo no outro plano.

I'm ChaosOnde histórias criam vida. Descubra agora