Capítulo 18: Você precisa tentar.

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  –S-sim?-----Ele respondeu gaguejando.

–Sua esposa, Astória Malfoy, sofreu um grave acidente de carro.

–Onde ela está internada?

–Sr. Malfoy...

–ONDE ELA ESTÁ INTERNADA?-----Ele gritou.

–Sr. Malfoy, por favor, se controle, o acidente foi muito grave e sua esposa infelizmente não resistiu, e...


Draco não estava mais ouvindo. Jogou o telefone com tudo no chão, quebrando-o em mil pedaços e saiu correndo escada acima. Aquela mansão era repleta de espelhos, ou seja, pra onde quer que ele corresse, sempre veria seu reflexo, e sempre se lembraria do monstro que era. A culpa era toda dele. Ele gostava de Astória, não a amava, mas gostava dela, mesmo que seu casamento fosse arranjado, já que ele nunca pode fazer escolha nenhuma.

Ele foi até a cozinha, abriu a geladeira ,tirou de lá várias garrafas de cerveja amanteigada e começou a beber até desmaiar.


***


Hermione estava no topo da torre Eiffel, observando as ruas cobertas de neve. O cabelo liso e curto açoitava seu rosto cheio de cicatrizes, e, sem querer, sua mente vagou para uma lembrança que ela tentava afastar a anos. No seu sexto ano em Hogwarts, ela havia beijado Draco Malfoy na torre de astronomia. Ela não entendia como aquilo tinha acontecido, mas tinha certeza de que a lembrança era real. Ela também se lembrava de Draco chorando na torre de astronomia, com a manga das vestes levantada deixando a mostra a marca negra, e Rony dizendo para ele "isso nunca aconteceu" antes de tirá-la de lá.

Mas isso não era o pior, o pior era que Hermione tinha gostado do beijo. E como se isso não bastasse, na guerra, quando o Lord das trevas chamou Draco para se juntar a ele, ela desejou com todas as suas forças que ele recusasse o chamado e lutasse por Hogwarts. Ela sabia que aquilo era loucura, mas tinha absoluta certeza de que se apaixonara por Malfoy no sexto ano.


***


Draco acordou assustado, uma voz feminina o chamava, abriu os olhos devagar e deparou com olhos verdes e profundos encarando-o. Levou um tempo para entender onde estava e o que acontecera. Quando lembrou-se do que acontecera com sua esposa, desatou a chorar. Sentiu braços finos o envolverem e afundou o rosto em cabelos loiros e macios. Quando se recompôs, encarou a mulher a sua frente, incrédulo.


–Daphne?-----Perguntou com a voz falha.

–Oi.-----Ela sussurrou.

–Astória...-----Os olhos da loira se encheram de lágrimas.

–Eu sei.------Algumas lágrimas rolaram por seu rosto.-----Eu estava vindo para cá fazer uma surpresa para vocês, então um homem me ligou falando sobre o acidente, e eu vim correndo para cá ver como você estava, e te encontrei desmaiado na cozinha.


Os dois voltaram a chorar. Daphne sabia sobre Draco e Hermione, afinal, era melhor amiga do loiro desde o terceiro ano em Hogwarts. Ela sempre o ajudou, e era madrinha de Scorpius. Morava na Bulgária com seu marido, Blaise Zabine, e os dois filhos, Vanessa e Dhiren. Ela sempre dera ótimos concelhos para Draco, mas agora, com a morte de sua irmã, só havia uma coisa que o loiro podia fazer para poder viver em paz novamente.


–Está na hora.-----Disse com a voz firme.

–O que?-----Perguntou o loiro, confuso.

–Está na hora de você procurar a Granger e reverter o feitiço que apagou a memória dela.

–Não há feitiço capaz de reverter o obliviate.

–Então crie um novo feitiço.

–O que?

–Viaje pelo mundo, faça pesquisas, experiências, converse com grandes bruxos, de um jeito!

–E Scorpius?

–Ele pode ir morar na Bulgária, comigo e Blaise, e pode estudar na Durmstrange, com a Vanessa, o Dhiren e a Alexis.

–Desde quando a Durmstrange aceita garotas?

–Faz pouco tempo, mas isso não vem ao caso. Você vai reconquistar Hermione?


Draco a olhou por um tempo, e então se levantou. Andou alguns passos e parou, ficando de costas para ela. Era sua melhor amiga, ele sabia, mas, mesmo assim, a irmã dela acabara de morrer e ela estava empurrando-o para outra mulher, ao invés de se acabar de chorar.


–Daphne, por que está fazendo isso?

–Não estou entendendo.

–Sua irmã acabou de morrer e você nem chorou.


Daphne sentiu como se estivesse levando uma facada no peito. Uma onda de raiva tomou seu corpo, ela se levantou e caminhou até Draco, ficando de frente para ele.


–O que você quer que eu faça? Entre em depressão por uma irmã que nunca se importou comigo? Que nunca me desejou nem feliz aniversário? Quer que eu chore igual uma louca por uma garota que só pensava nela mesma? Que nunca quis saber dos outros, só dela mesma? Astória não era o anjo que você pensa que era Malfoy, ela era muito, muito cruel. Tem coisas que ela fez que você nunca imaginaria que ela seria capaz de fazer.


–Ah, é mesmo?-----Perguntou o loiro, desafiando Daphne.----- O que por exemplo, Greengrass?

–Veja você mesmo, Malfoy.


Então, através da legismencia, Draco viu Astória torturando um nascido trouxa por prazer, enquanto a irmã do garoto gritava para que ela parasse com aquilo. Viu também a morena cuspindo em uma mestiça, e estuporando um dos Weasleys nos corredores de Hogwarts. Mas isso não era o pior. O pior era que Astória nunca fora obrigada a fazer nada daquilo, como era o caso do loiro, ela fazia por escolha própria.


–Eu nunca quis que vocês se casassem, Draco. Minha irmã era um monstro.-----Ela agora chorava.-----Você já tinha sofrido demais, não merecia isso. Vá atrás de Hermione, você merece ser feliz.

–Mas e se ela estiver feliz, Daphne? Eu não tenho o direito de destruir a família dela, mesmo odiando o Weasley.

–Você precisa tentar.



Draco suspirou e abaixou a cabeça, enquanto mais lágrimas rolavam por seu rosto. Será que, depois de 20 anos, ainda havia alguma esperança para ele? Ele merecia ser feliz? Ela voltaria a ser sua?

Durante anos ele tentara esquece-la, mas era inútil. Ele a amava demais para isso. Ele tinha consciência de que seria difícil, quase impossível, criar um feitiço que revertesse o obliviate. Ele poderia passar meses, anos, estudando, pesquisando, e não conseguir nada. Mas tinha que tentar.


–Vamos para Hogwarts, Daphne. Scorpius vai passar um tempo com você.

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