Capítulo 3

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  Acordei com o barulho do despertador,não fazia ideia de como havia chegado lá e o maldito vomito ainda estava no meu chão.Olhei pela janela e me surpreendi com o tanto de gente na praia,meu celular estava sem bateria e segui até a cozinha,tomei meu café da manhã como de costume quando derre pente a campainha toca.
— O que ainda esta fazendo aqui? Era pra você estar no deck a mais de meia hora! Ana me puxou pela orelha e me levou até a praia enquanto reclamava sem parar. Ja havia alguns amigos la e tinha poucos minutos pra me preparar,eu era o titular e representaria a cidade nas nacionais. 
Algumas das pessoas que estavam lá começaram a rir apontado pra mim,fui até um dos meus amigos e questionei-o sobre o motivo, ele então me mostrou seu celular,haviam vazado fotos minhas da noite anterior e até meme eu tinha virado.Fiquei irado por ninguem ter me contado,quando Ana entrou no deck gritando com todos como sempre fazia.
—Quando ia me contar? Perguntei.
— Do que esta falando? Para de loucura ja esta quase na hora de você entrar.
Mostrei o celular pra ela que ficou sem reaçao:
—Eu...hum...
— O senhor precisa ir agora,interrompeu-nos um homenzinho com oculos e um shorts laranja.Aparentava estar um tanto nervoso. 
— Isso não vai ficar assim,tenho um torneio para ganhar.Disse a ela enquanto caminhava enfurecido até o mar.
 As pessoas gritavam meu nome e eu só conseguia pensar em como concertar aquilo,com minha prancha fiz o que sabia fazer de melhor,a água encharcava meu corpo e a adrenalina tomava conta de mim,podia ouvir os fãs enlouquecidos gritando meu nome da praia.Comecei diminuindo a velocidade aumentando a pressão do pé,o posicionando na parte de trás da prancha.Coloquei uma das mãos na onda e todos vão a loucura com a perfeição do meu tubo.Ainda perdido em pensamentos nem os delírios das gatinhas na areia me animava, me preparei pra executar a manobra 360,ia mostrar a todos que não era só um garoto que tinha tido sorte e agora torrava seu dinheiro com festas e curtição,eu era O MELHOR e provaria pra todo mundo.No meio do movimento meus músculos começaram a repuxar e em um momento de distração minha carreira se afundou junto comigo.
 Acordei no hospital com o barulho das enfermeiras conversando,minha visão ainda bem embaçada revelou o que eu temia,uma perna quebrada.Passei um bom tempo ouvindo sons,acordando e dormindo novamente,até que ouvi uma voz familiar falando diretamente comigo.
— Ana? me forcei a falar.
Ela pediu para que eu me acalmasse e explicou o que havia acontecido.
— Mas e as nacionais? Perguntei, preocupado temendo sua resposta.
— Vamos promover um concurso para escolher o novo titular,vai ser bom e...a promotoria achou mais justo.
— Não! Eu estou bem! tentei levantar enquanto ela me mandava ficar parado.
— Ja esta decidido,indagou friamente.
— Saia daqui,respondi.
— Como quiser,retrucou e atravessou a porta.
 Depois que o médio me deu alta passei as próximas semanas negando comida das domesticas,evitando ler noticias e levantar da cama.Minha vida estava estagnada e resumiu-se em olhar o mar pela grande janela esperando um minuto de coragem pra ir até la.
 Respirei fundo e peguei a muleta ao lado da cama,a cada passo doía,mas a cada passo eu estava mais perto.Quando meus pés tocaram a areia ficou ainda mais difícil de caminhar,saber que não poderia entrar na água me machucava ainda mais.
— Mas até que em fim uma boa vista! Gritei para uma gata que estava "tentando" subir na prancha.Ela deu de ombros e entrou no mar,acabou caindo em uma das manobras e eu não consegui segurar o riso.
— Ei princesa,vai uma ajudinha ai?
— Não parece que voce esta em condições de ajudar muito,respondeu caçoando de mim e voltou a entrar no mar.
Me calei e sentei na areia para observar aquele momento icônico enquanto ela surfava,ou pelo menos tentava.
— Você é péssima,disse enquanto ela saia da água.
 Ela fingiu que não ouviu e continuou a andar.
— Eu podia te ensinar,não sabe quem sou? Fiz uma cara de malicioso.
— Sei o bastante pra não gostar de voce,retrucou.
— Ei! Eu conheço voce! É aquela garota da Friends,amiga da...como era mesmo o nome? tentava recordar quando ela interrompeu.
— Amanda.
— Isso,Amanda! Repeti.
— Pois é,ela chorou uns 4 dias depois que parou de atender as ligações dela.
 Envergonhado tentei amenizar a situação:
— Eu não estava em condições.
— E por acaso voce atende o celular com os pés? 
— Ha ha,que engraçado,disse ironicamente.Ela ja ia embora quando perguntei:
— Posso almenos saber seu nome?
— Thalia,ela disse ja dando as costas.
— Começamos o treinamento amanhã,mesmo lugar e horário,não se atrase.




Sobre as OndasWhere stories live. Discover now