Capítulo IV

37 25 20
                                    

20/09/2017 Guaratinga, Bahia.

Era uma quarta-feira, sete horas e trinta minutos, o pátio do colégio estava quieto, só havia barulho saindo das salas e um teclado de computador barulhento na diretoria, fora isso estava tudo calmo, uma das salas era aonde Ângelo estudava e como toda quarta-feira ele sempre adorou a aula de filosofia assim como Brenda e outros alunos. O professor era um homem baixo, bonito, cabelo liso com um penteado para trás, usava uma camisa branca e calça, era um dos desejos de algumas garotas daquela sala. Ele se virou para sala e disse.

- Hoje classe, vamos falar sobre Interpretação de sonhos. - Ele começou a andar pela sala enquanto dava sua aula. - Alguém sabe me dizer por que sonhamos? Por que são importantes? Ou por que essa habilidade psicológica evolui com a gente?

Então uma novata na escola que tinha entrado um mês depois de começar as aulas disse:

- Porque os sonhos nos ajudam a processar restos de medos e ansiedade, como se fosse um depósito de lixo mental.

A garota se chamava Mariana, cor de pele branca, cabelos negros e levemente cacheados, usava óculos e um batom vermelho. Ângelo se virou e viu que no fundo da sala estava ela, era a primeira vez que a notava realmente, mal sabia que existia, já que ele foca em jogos e filmes de terror. O professor virou para Mariana e disse.

- Correto, Mariana. Os sonhos são íntimos, então vamos torna-los pessoais. Pense em algo horrível que já passaram, uma morte, perda de algo, vocês sofrem pesadelos por causa de um ou outros acontecimentos desse tipo? É assustador, mas necessário. Eles são formados pelo o que nos aflige.

- Igual a Hora do pesadelo. - Disse Ângelo.

- Sério, cara? - Respondeu Brenda. - Um filme sobre um psicopata com dedos de faca que mata pessoas nos sonhos? Isso seria necessário?

- Ué, Nancy só pode enfrentar o Freddy e descobrir toda a verdade através de pesadelos.

- Resumindo, é assustador, mas necessário. - Disse Mariana.

O professor parou em frente toda a sala e continuou:

- Mas será que precisamos dos filmes de terror como precisamos dos sonhos?

- Funcionam da mesma forma. - Respondeu Ângelo. - Talvez por isso o tema de sonhos seja tão recorrente.

- Oh meu Deus, lá vai ele. - Disse Brenda.

- Filmes como A Morte dos Sonhos ou Sonhos Terríveis... os filmes de terror exteriorizam os medos subconscientes. Sabe, as pessoas vão ao cinema, o filme acaba e elas vão para a casa se sentindo melhor.

- Ou então elas acabaram de sair de um pesadelo e vão viver outro, suas vidas... - Disse outro aluno novo. Se chamava Adam, ele foi transferido para o colégio quando sua mãe morreu, e agora vive com seu pai. Adam entrou no colégio depois de Mariana, ele era moreno, alto e forte, havia uma cicatriz embaixo de seu olho direito, cabelos negros, olhos castanhos, era um garoto com uma personalidade sombria.

- É esse tipo que diálogo que quero nas futuras aulas. - Disse a professora.

Brenda se aproximou da cadeira de Ângelo que estava na frente dela, o cutucou e disse.

- Esse garoto me dá medo.

- O Adam? Que nada, ele parece legal.

O professor pegou seus materiais, já estava no final da aula e antes de sair, disse.

- Quero que façam um filtro dos sonhos, e colocarão embaixo do travesseiro, e vocês vão apresentar um trabalho sobre eles, de onde surgiram e o que significa. - Ele olhou para toda a sua turma e continuou. - Sem falta. Tchau. - Então saiu da sala.

Eram nove horas e quarenta minutos, era o intervalo, Ângelo estava andando entre a multidão de alunos, e então esbarrou e Adam e fez derrubar o caderno de desenhos do garoto, ele abaixa para pegar o caderno e uma folha que estava solta caiu, o desenho era antigo e parecia que foi feito por uma criança, provavelmente foi feito pelo próprio Adam em sua infância. O desenho havia montanhas, e um garoto estava no topo da montanha do meio, o sol era pintado com um amarelo limão, seus braços estavam erguidos em forma de "V" e haviam mortos estendidos em poças de cor marrom embaixo dele. Ângelo pegou o caderno junto com o desenho bizarro e devolveu a Adam.

- Está muito concentrado no final. - Disse Adam.

- Como?

- O seu ponto de vista dos filmes de terror na aula de filosofia, está muito clichê. Você lê Bedlam, Nailbiter?

- Quadrinhos... - Disse Ângelo.

- De terror. O Madder red de Bedlam. Não dá para saber se é um herói ou um doido maníaco por sangue. Ou ambos. Sabe... Todas as histórias têm uma reviravolta que acaba em suspense. A situação dramática continua gerando sangue. E há sempre novos problemas, uma atrás da outra. Parece que essa cidade está passando pela mesma coisa.

- Eu... eu concordo. - Disse Ângelo com um certo medo. - É uma perspectiva mais ampla. Nunca pensei nisso.

- Se cuida, parceiro. - Então ele saiu.

Ângelo viu Lucas e Lígia juntos no meio do pátio, ele foi na direção de seus amigos, mas sentiu algo vibrando em seu bolso, era seu celular, ele pegar seu aparelho e percebe que Brenda que estava um pouca a sua frente também pega o seu, não só ela mas alguns alunos em sua volta, parecia que eles receberam uma mensagem de uma mesma pessoa, Ângelo confuso desbloqueia seu celular e vê que havia uma nova mensagem, era de Érica, ele abre a mensagem e eram três fotos, havia três corpos em cada foto, uma era de Kelly, outra era de Érica e por último de Náthonã, eram fotos de seus amigos mortos e do lado de cada morto, havia o assassino, usando sua máscara e com a faca em sua mão. Ângelo olha ao redor e todos, incluindo seus amigos, estavam apavorados, alguns vomitaram, outros começaram a orar, outros choravam, e entre todo o barulho de pessoas, Ângelo escuta uma sirene. Era os policiais.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 27, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Câmera, Sangue e Ação! Onde histórias criam vida. Descubra agora