O início do fim

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Esta não é uma balada romântica dos anos oitenta. Muito menos um filme no estilo de Hollywood. Olhando se no espelho, ela pode perceber o quanto estava tudo recente. Revirado, amontoado dentro de si.
Impressionante como as coisas não são como sonhamos!?
Ela pensava. Ao se admirar. Era uma mistura de vitória e fracasso. De liberdade e solidão.
Uma estrada vazia, que somente ela haveria de trilhar... E precisava fazer. Precisava fincar seus passos, ainda que vacilantes, na poeira daquela terra, onde dia após dia vacilaria menos. Até tomar proporções gigantescas, com passos marcados, como um maratonista que consegue ver a linha de chegada.
AnaLe, do alto de seus trinta anos, depois de um casamento de 13 anos, tentava se lembrar quando???
Quando foi o início do fim?
Ela estava exausta de tentar, exausta de conversas... Até orações... O que vinha lhe a mente era apenas as noites solitárias, quando o marido, a qual agora ela apenas nomeava como criatura, a abandonava, para sair sabe se para onde.
Ela nao conseguia chorar, havia se tornado terra seca? Não tinha mais nenhum sentimento? Claro que sim, mas o vazio de tudo a deixara assim, sem lágrimas.
O início do fim, devia se as inúmeras decepções, como aquela vez, em que AnaLe foi ao cabeleireiro, e se sentiu maravilhosa, apesar de estar acima do peso, e tudo o que esperava era um elogio, um abraço talvez.
Ou aquele almoço de domingo a qual ela havia escolhido o melhor cardápio e preparara com requintes de " master chef" um mundo de alimentos e este permaneceu intocado sob a mesa.
Pois bem, colocou seus longos cabelos loiros do lado e enfatizou para si mesma. Amor é como planta se faltar água, morre. E com essa frase, ela decretou a causa Mortis do seu fadado matrimônio. E na lápide em sua memória escreveu: Não mais...
Para ela, não mais... Sofrer. Chorar. Falar as paredes. Se culpar. Querer sumir. Se desvalorizar.
Ela ainda teria q enfrentar o fantasma da sua derrota pessoal. Teria que aprender a lidar oficialmente com sua cama vazia, teria que enfrentar a sociedade, o preconceito e por vezes sepultar uma a uma as lembranças negativas...
Porque se o fim tem um início... Agora ela queria um recomeço.

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