As mentes solitárias estavam em qualquer lugar, menos neles mesmo, quando os primos chegaram à casa de Liam. Eles não trocaram nenhuma palavra sequer, nem olhares. Só saíram do táxi, entraram em casa, e Zayn ficou parado ao lado da porta.
Liam tirou os sapatos, olhou sua casa como se tentasse se encontrar, e depois olhou para Zayn. Respirou devagar, e notou que seu primo olhava para os próprios pés.
"Eu vou te mostrar a casa." falou baixinho e foi em direção as escadas. Zayn não deixou nada para trás, e andou calmamente, quase sem fazer baralho.
Liam estava estranhando tudo que Zayn fazia. Ele estava tão quieto, parado, tranquilo, que nem parecia ser seu primo. Mas ele só conseguia pensar que era uma armadilha. E que logo o Zayn imbecil estaria de volta para infernizar sua vida.
Enquanto Zayn só conseguia se sentir diminuir. A casa não estava tão diferente de uns anos atrás. Seus pés pisavam nos lugares exatos no chão de madeira para não fazer muito barulho. Eles entraram no quarto de Liam, e com calma, Liam explicou que ele ficaria ali. Sem muitas expressões ele se deitou no colchão de Liam e de repente todo o cansaço do vôo tomou conta de seu corpo.
Não que ele estivesse prestando atenção em Liam antes, mas em questão de segundos, ele nem escutava mais sua voz.
"Aquele é seu colchão, se quiser, deite nele." Liam disse pela segunda vez, ficando irritado. Aquele sim era Zayn, testando sua paciência. Se aproximou se segurando para não empurrar o garoto, e notou seus olhos fechados. "Zayn?"
Encarou por alguns segundos. Respirou fundo. De repente percebeu que seu pulmão não tinha ar suficiente. Por algum motivo, o ar havia ficado denso. Fechou os olhos. Tentou puxar o ar novamente. E não entendeu o arrepio na nuca. Mas ignorou-o, de qualquer forma.
Desceu as escadas pronto para começar o almoço. Não disposto, mas pronto. O corpo foi aos poucos atendendo os comandos de seu cérebro e ele conseguiu rapidamente terminar de lavar as louças e decidir o que faria de almoço. Preparou um frango e um molho branco. Tudo que estivesse mais facilmente ao seu alcance. Nem passou pela sua mente se Zayn gostaria, ou não, daquilo.
Sentou no banquinho do balcão, com o prato a sua frente, e por segundos esqueceu o que estava acontecendo. Mastigava devagar, inerte em pensamentos. Nem sequer ele sabia o que estava pensando. A mente chacoalhava lentamente enquanto alguns pensamentos flutuavam junto à ela.
Pensou em Niall. E pegou seu celular que estava em algum lugar entre seu bolso e um buraco negro. Escreveu algo rapidamente, e colocou-o de volta no bolso. Sem nem pensar que em alguns segundos, teria que retirá-lo novamente.
As coisas estavam calmas, silenciosas. Nada muito grandioso acontecendo fora ou dentro de Liam. De repente, parecia um dia normal - e tedioso -, de uma férias comum.
O celular vibrou, ele puxou o ar e conseguiu ler a mensagem sem precisar desbloquear o celular. Niall o encontraria na pracinha por volta de uma hora, a partir daquele segundo.
A famosa pracinha. Era tipo o lugar de meditação dos três amigos. Eles iam lá sempre que podiam e precisavam. Ficava no meio do caminho para todos os três. Era o centro deles. Lá eles conversavam, brincavam, riam, choravam, cantavam. Faziam de tudo, juntos.
Era um lugar meio abandonado, também. Então meio que quando queriam se isolar, corriam para lá. Tinha um ar meio mórbido, às vezes. Mas não é como se eles achassem ruim.
Niall mandou outra mensagem, perguntando de Zayn. Tal que Liam fez questão de ignorar.
Terminou de comer mais rápido do que imaginava, e também não tinha nada o que fazer dentro de casa. Então decidiu esperar Niall no lugar marcado. Jogou o prato e os talheres na pia, colocou os tênis, pegou o celular e os fones, e saiu de casa sem olhar para trás. Partindo para quatro quadras depois dali.
Passos lentos e curtos, uma hora era muito para se passar. Iria demorar uma eternidade para que seu amigo chegasse ali. Ele até pensou em fazer um caminho diferente, fazendo com que o número de ruas dobrassem. Mas sentia que seria meio inútil, então continuou com os passos retos, até chegar em uma das árvores. O lugar estava exatamente o mesmo. A gigante árvore ao centro, várias de suas folhas espalhadas por volta dela, suas raízes longas à mostra, e vários bancos de casais fazendo um círculo pela praça. Uns balanços distantes, com algumas árvores espalhadas pelo resto do lugar. A grama já estava bem grande em vários lugares, devido a falta de cuidado com o lugar. Mas tudo dava um ar mais escondido, que atraía os amigos-mosqueteiros-misteriosos.
Ao mesmo momento em que Liam se sentava por entre as árvores e gramas longas, Zayn abria os olhos há exatos quatro quarteirões dali. Espreguiçava, estalava as costas e respirava fundo.
Sentiu suas pálpebras pesadas e olhos arderem. Viu que dormiu por uma hora e meia, no máximo. Seu corpo ainda estava cansado. Mas, mesmo assim, decidiu sair do quarto que tinha cheiro de flores misturado com perfume masculino.
Desceu as escadas lentamente, com uma mão no corrimão e a outra coçando os olhos. O chão de madeiras fazia alguns ruídos, que normalmente o incomodaria, mas era bom para Liam saber que ele estava acordado. Um barulho alto soou e ele olhou direto para os pés, achando ter pisado errado, quando num riso errôneo notou que era apenas seu estômago.
Os degraus acabaram e ele foi direto para cozinha. Talvez, só talvez, ele tenha errado os cômodos e entrado na dispensa. Mas logo encontrou a cozinha. E, bom, dispensa também tinha comida, não era bem um erro.
Achou um prato coberto encima do fogão, e logo presumiu que era dele. Sem pensar muito, o pegou e, como uma fera faminta, atacou o prato. Depois que terminou, chegou a conclusão que realmente não deveria ter ninguém em casa. Pensou em lavar os pratos, mas seu corpo cansado preferiu tomar um ar, do que isso. Ele lavaria depois, se ninguém lavasse por ele.
A mente vagava dentro de assuntos fúteis, enquanto ele traçava caminhos infantis. Lembrava de fazer aquele caminho toda tarde, quando tinha 7 anos. Para poder se manter afastado de seus pais e de Liam. Ele sempre levava canetas, papeis e, quando estava muito inspirado, alguns de seus livros. Geralmente eram coisas infantis, Zayn nunca fora muito fã de letras minúsculas espalhadas por uma folha. Histórias muitas vezes bobas e complexas. Ele gostava mesmo era dos livros ilustrados que sua mãe sempre lhe dava de presente. E ele passava a tarde tentando recriar os desenhos em suas folhas. E foi daí, que ele aprendeu a desenhar. Praticando.
Os passos iam diminuindo conforme ele conseguia ver as folhas esvoaçantes de longe. Estava prestes a pensar que aquilo estava mudado quando, na verdade, pensou que as pessoas que frequentavam, sim, havia mudado muito.
Reconheceu o corpo de Liam de longe, balançando levemente. De um lado para o outro. A pele sob o vento, sendo soprado. Ele meio que dançava sentado ao meio de todas as folhas espalhadas pela praça. Por um segundo os deuses puderam ver um sorriso no rosto de Zayn. Mas fora apenas pura ilusão. Era mais fácil ele rir daquela cena boba, do que sorrir.
De qualquer forma, Liam já estava esperando ali há mais de uma hora, que era o combinado. Checou o celular, pela milésima vez, e Niall não tinha mandado nenhuma mensagem sequer.
Trocou a música, no exato momento em que Zayn se aproximava do corpo chacoalhante espalhado por entre as raízes da árvore central.
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Pensei em tirar esse acontecimento, mas é o primeiro contato real dos meus filhos, então, lá vai. ♥
Obrigada a todos que estão mandando mensagens lindinhas, vocês são uns amores! Espero que gostem, sz
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If Loving You Is Wrong. (Ziam fanfic)
FanficSe apaixonar por um primo? Parece errado, sujo e proibido... Mas não, é no minimo, desafiador. E se eu dissesse que estou apaixonado por um primo? Me achariam louco, e talvez eu esteja; mesmo que soe extremamente clichê, eu posso afirmar que estou...