enumeration; 태진

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—Não gosto de ver você triste. — Jin resmungou enquanto observava o amigo em sua frente no chão frio da sala totalmente escura.

—Eu não estou triste.

—Você tem mania de sentar no chão de algum lugar escuro e ficar contemplando o nada. Só faz isso quando tem alguma coisa te incomodando. Que foi?

—Nada, Jinnie, nada...

—Quando você está triste, toma banho frio de madrugada e deixa a água encharcar o cabelo e correr pelo corpo, como se fosse livrá-lo de qualquer sentimento ruim.

—Talvez isso seja verdade. Quero dizer, a parte de eu achar que vai embora o sentimento ruim. — Taehyung, de cabeça abaixada, suspirou profundamente. — Que mais tu sabe de mim?

—Bom, que ama comer brócolis-

—Mas isso não é novidade para ninguém. — Taehyung o interrompeu.

—Você tem mania de dar nome às coisas, na intenção de não estar tão profundamente na solidão. Tu coloca um pouquinho de manteiga no iogurte e no café, o que, sinceramente, eu acho muito estranho.

—Mas é muito gostoso.

—Não, não deixa de ser estranho. — Seokjin não pôde evitar o riso que saiu quando Taehyung lhe deu língua pela última frase. — Tu vê o pôr-do-sol todas as tardes. Vai para o terraço acompanhado de música e fica admirando o vai-e-vem pelas ruas, os pássaros voltando aos seus ninhos e o sol indo dar olá para outras pessoas.

E a boca do estômago de Taehyung formigava sempre que Jin enumerava mais uma coisa que havia notado em si. As palavras soavam com imenso carinho de sua boca e parecia música aos ouvidos. Era uma leveza enorme. A voz doce que, vez ou outra, em certas palavras, se tornava rouca. E por isso, ali, Taehyung ardia em desejo; desejo de poder tocar a boca-poesia e a pele de arte imensurável.

E então, Taehyung acordou de seu devaneio, logo prestando total atenção nas orbes negras do amigo.

—E quando vejo que tu me ama como te amo, percebo que o que quero mais que tudo, é possuir-te de amor a cada segundo que passa.

—Então, por que ainda perde tempo falando, quando estou aqui pronto para te dar o que queres?

Seokjin sorriu, tão grande e brilhante, maior que qualquer estrela perdida na escuridão do universo. E achegou-se em Taehyung. Primeiro, foi como tocar os dedos na água fria da praia. Aquele choque de temperatura que sentia quando olhava para o olhar profundo do outro. Depois, foram os suspiros se entrelaçando numa valsa pelos ares. Então, finalmente, o beijo carregado de poesia, arte e notas da mais bela orquestra, que, por sinal, tocava especialmente para eles.

Taehyung sentiu a delicadeza e a pureza de um beijo tão, mas tão complexo, que chegava a ser simples. Isso o encantava; a simplicidade camuflada de complexidade, o toque especial de Seokjin.

Dessa vez, o sentimento não o machucou. Poderia até dizer que o salvou. Foi como se, numa tempestade demonstrando a ira da natureza, Jin o trouxesse de volta aos campos calmos.

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