Às vezes

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Às vezes, quando estou prestes a cair no sono
Lembro das coisas de que fazia parte
Lembro dos cheiros diferentes e dos ciclos de amizade
Prendo-me em um tempo que não pertence a mim
E acabo por esquecer o que pode ainda vir

Às vezes, mas nem sempre, procuro dentro de mim uma auto medicação
Encontro um pouco de refúgio
Mas muito mais dúvidas
E fico ali me lendo, pensando se sou Machado ou dito popular

Às vezes, se paro de seguir
Percebo que a esteira ainda corre debaixo de mim
Percebo que é naquela hora, quando posso começar tudo de novo
Falando menos, abrindo menos portas e destrancando mais janelas

Às vezes, sou oportunista e não sei aproveitar as esperas
Como a folha que rasga antes de amarelar
As verdades que ficam guardadas também contribuem
E as mãos, dão os medos, menos o rosto

Às vezes, quase nunca, tenho hipóteses ao zero
Sem filosofias, ou, piadas, criatividade, o que for
Mas às vezes, sem entender por que, não tenho elo, não tenho dor
E volto a ser o princípio
Volto a ser a sacola ao vento, vulnerável mas inalcançável, frágil e duradoura

Às vezes tenho medo, mas tenho fé constantemente
Fé em mim e nas coisas todas
E em tudo que pode dar certo e também errado
Mas sei que se não me importar significa não me deixar abater
Tenho quase certeza de que não quero me importar

Às vezes, é mais simples do que parece
Às vezes, é puramente complicado
Mas... Às vezes é só às vezes

Crônicas Poemas E Um Pouco De PazOnde histórias criam vida. Descubra agora