Café Amargo

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Momo odiava cafés amargos. Odiava tomar café fora por julgar que ninguém fosse capaz de fazer um café bom o suficiente para si. Momo julgava ser a única pessoa capaz de fazer o café perfeito, nada amargo e nem doce demais. Seus amigos a chamavam de paranóica quando ela perdia tempo contando os grãos de açúcar para que seu café ficasse perfeito, ela não se importava com isso, cada pessoa tem o seu vício e o de Momo era um bom café. Quando não tomava seu precioso café ao acordar seu dia todo era arruinado.

A sexta-feira estava chuvosa pela manhã e isso fez com que Momo se atrasasse para a faculdade, e assim, não havia tomado seu precioso café pela manhã. Foi um péssimo dia e tendia a piorar, Momo podia sentir isso e no fim, não estava errada. Foi obrigada por seus amigos a sair de sua casa e ir a uma boate que estava sendo inaugurada hoje, Momo não queria ir mas não é como se ela tivesse alguma chance de dizer não aos seus amigos.

Havia se arrumado e ido para a tal boate apenas para ficar sentada em uma mesa no canto mais afastada da boate enquanto bebia uma Coca-Cola e observava seus amigos dançarem animados. Estava sóbria porque sabia que no final teria que cuidar de alguém, ela só não imaginava que seria a garota das tatuagens clichês, como ela havia carinhosamente apelidado Dahyun.

Dahyun estava no segundo ano de artes cênicas, é super comunicativa e por isso não demorou a se enturmar com todos. Momo e Dahyun não eram tão próximas mesmo se conhecendo a pouco mais de um ano. Enquanto Momo é quieta e prefere passar as noites de sábado jogada em seu sofá enquanto atualiza suas séries e aprecia seu café, Dahyun gosta de festas e muito barulho, não perdia uma festa sequer. Para além de terem personalidades diferentes, Dahyun gosta de café amargo e tem tatuagens clichês.

Tatuagens clichês. Momo as acha ridículas. Não entendia o porquê das pessoa s marcarem suas peles com coisas tão simples e sem significado. Não era contra tatuagens, até tinha as suas, mas achava ridículo quando via pessoas com tatuagens de corações, borboletas, filtro dos sonhos, símbolo do infinito e nome de pessoas – principalmente se essa pessoa for de seu parceiro amoroso.

Dahyun tinha todas essas tatuagens clichês, incluindo o nome de seu ex namorado – mesmo que essa estivesse sendo removida já que o relacionamento de quase 3 anos da mais nova havia acabado a pouco mais de 5 meses e agora ela está se quebrando em 4 para pagar as sessões de remoção, que felizmente já estão acabando – e sempre que pensava nisso Momo ria da garota. Até achava Dahyun legal, mas se tivesse entediada Dahyun seria a última pessoa em sua lista de chamada.

Agora Momo levava a mais nova para seu apartamento no subúrbio já que da última vez que a levou para casa quando a mesma estava um pouquinho melhor do que esta agora, os pais da garota quase lhe bateram ali mesmo na rua. A garota não era tão leve quanto parecia e ter que carrega-la de um lado para outro fazia o corpo sedentário de Momo doer em todos os lugares.

Deixou que o corpo da garota caísse no sofá enquanto estralava suas costas que pareciam querer mata-la. Por saber que precisaria de muitos remédios não tardou a rumar para a cozinha e buscar pelos remédio para todos os tipos de dor.

Quando voltou viu a garota se virar para o chão e colocar tudo o que havia consumido para fora, sujando seu chão e um pouco de seu sofá.

-Yah, não vomite ai, vá para o banheiro – reclamou mesmo sabendo a que mais nova sequer ouvira. Momo praguejou, estava prestes a cometer um crime de ódio não só contra a garota que vomitava em sua sala como contra todos os seus amigos que lhe fizera passar a noite de sexta-feira cuidando de uma bêbada incontrolável.

Quando Dahyun finalmente parou de vomitar, Momo lhe ajudou a ir para o banheiro e a deixou sentada em frente ao vaso pois sabia que a mesma ainda vomitaria. E enquanto isso Momo recolhia toda a boa vontade que tinha em si e limpou todo o vômito azulado da mais nova e quando terminou, apesar de limpo, ainda se podia sentir o forte cheiro de vômito e isso lhe traria uma tarde de sábado bem trabalhosa.

Quando Momo voltou ao banheiro ajudou a garota a tomar banho e a emprestou suas roupas para que ela pudesse dormir. Momo ainda ficou acordada por um bom tempo velando o sono de sua dongsaeng.

Momo estava acabada e sentia falta do gosto de seu precioso café. Assim que levantasse se certificaria de fazer uma grande quantidade de café para conseguir se manter em pé.




Ao abrir seus olhos, Momo olhou por todos os cantos do quarto parando os olhos do outro lado da cama, que se encontrava vazio. Levantou-se e caminhou em direção ao banheiro parando em frente a cozinha ao ver a garota que havia lhe dado tanto trabalho durante a madrugada, pensou em perguntar o que a mesma fazia mas não foi preciso quando o delicioso cheiro de café adentrou suas narinas lhe fazendo sorrir.

Ao se juntar a Dahyun na cozinha, Momo começou a procurar pela pó de café e o coador.

-O que está fazendo? – perguntou Dahyun terminando de preparar as panquecas.

-Quero preparar o meu café – disse.

-Mas eu já fiz – chamou atenção da mais velha.

-Aposto que não do jeito que eu gosto

-Exatamente do jeito que gosta – disse Dahyun estendendo a xícara vermelha para a mais velha – vamos prove – disse empolgada. Sabia que havia feito exatamente como a mais velha gosta pois já a observara fazer seu café várias e várias vezes.

-Está bom – disse Momo surpresa. Nem mesmo sua mãe fazia seu café do jeito certo.

-Eu sabia – disse Dahyun animada e fazendo uma dancinha estranha arrancando risos de Momo.

-Yah, não se anime tanto, você quem vai preparar meu café de agora em diante – disse brincando.

-Claro unnie

E não só durante o café da manhã como durante toda a tarde elas conversaram sobre diversos assuntos. Dahyun havia ficado para ajudar Momo a arrumar sua casa já que havia dado tanto trabalho para a mais velha.

Limparam a casa com muito esforço – muito mais da parte de Dahyun diga-se de passagem – enquanto ouviam uma playlist que haviam criado de última hora quando Momo insistia em querer ouvir BigBang e outros boygroups e Dahyun queria ouvir Mamamoo e outras girlsgroups, portanto juntaram todas as músicas que gostavam em uma playlist só. Momo e Dahyun aprenderam muito uma com a outra, seja uma coreografia de algum grupo ou até mesmo como fazer um bom kimbap.

E mesmo quando Dahyun foi para sua casa as duas continuaram conversando pelo kakao talk – aplicativo que Momo sequer se lembrava de ter em seu celular.

Elas estavam dispostas a conhecer melhor uma a outra, mesmo que Momo odiasse café amargo e esse fosse o preferido de Dahyun.

Tatuagens Clichês e Café AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora